PVD'S NARRADORA:
O bruxo soprou com força o apito e Jasmine e Harry
correram para a entrada do labirinto. As sebes altaneiras lançavam sombras escuras sobre
a trilha e, talvez porque fossem tão altas e densas ou porque fossem encantadas, o barulho dos espectadores que as cercavam silenciou no instante em que os garotos entraram no labirinto. Jas quase se sentiu novamente embaixo da água. Puxou a varinha, murmurou "Lumus" e ouviu Harry fazer o mesmo atrás dela.Depois de andarem uns cinquenta metros, os garotos chegaram a uma bifurcação.
Entreolharam-se.
-Até mais -disse Jas e tomou a trilha da esquerda,
enquanto Harry tomou a da direita.Jas ouviu o apito de Bagman uma segunda vez. Cedric acabara de entrar no labirinto.
Jas se apressou. A trilha que escolhera parecia
completamente deserta. Ela se virou à direita e
continuou depressa, mantendo a varinha acima da
cabeça, tentando ver o mais longe possível. Mesmo
assim, não havia nada à vista.O apito de Bagman soou ao longe uma terceira vez.
Krum agora entrara no labirinto. Jas não parava de olhar para trás. Tinha a sensação familiar de que alguém a vigiava. O labirinto foi ficando mais escuro a cada minuto que se passava, porque o céu no alto ia ganhando um matiz azul-marinho. Ela chegou a uma segunda bifurcação.O apito de Bagman soou longe novamente. Agora todos os campeões estavam dentro do labirinto.
A trilha à frente também estava vazia e quando Jasmine chegou a uma curva à direita e entrou por
ela, encontrou mais uma vez o caminho livre. Jas não sabia o porquê, mas a falta de obstáculos começava a deixá-la nervosa. Com certeza já deveria ter encontrado algum a essa altura? Tinha a impressão de que o labirinto a estava induzindo a uma falsa sensação de segurança.Então, ao fazer uma curva ela viu..
Um dementador deslizava em sua direção. Três metros e meio de altura, o rosto oculto pelo capuz, as mãos podres e cobertas de feridas estendidas à frente, ele avançava às cegas, tateando em direção à garota.
Jas ouviu sua respiração vibrante; sentiu um frio pegajoso se apoderar dela, mas sabia o que precisava fazer..Chamou à mente o pensamento mais feliz que pôde, se concentrou com todas as forças no pensamento de sair do labirinto e comemorar com os amigos, ergueu a varinha e exclamou: Expecto Patronum!
Uma corça prateada irrompeu da ponta da varinha de Jasmine e avançou à galope para o dementador, que recuou e tropeçou na barra das vestes..Jas nunca vira um dementador tropeçar.
-Espere aí! -gritou ela, avançando na cola do
seu patrono prateado. -Você é um bicho-papão!
Riddikulus!Ouviu-se um grande estalo e o transformista
explodiu, deixando atrás apenas uma fumacinha. A corça prateada desapareceu de vista. Jas desejou
que ela tivesse podido ficar, seria agradável ter uma
companhia..mas continuou o seu caminho o mais
depressa e silenciosamente que pôde, apurando os
ouvidos, a varinha, mais uma vez, erguida no alto.Esquerda..direita..novamente à esquerda..em duas
ocasiões ela foi dar em trilhas sem saída.Ela hesitava, quando um grito rompeu o silêncio.
-Fleur? -berrou Jasmine.
Silêncio. Ela olhou para todos os lados. Que acontecera com a garota? Seu grito parecia ter vindo de algum lugar à frente. A garota inspirou profundamente e atravessou uma névoa encantada.
O mundo virou de cabeça para baixo. Jas ficou
pendurada no chão, os cabelos em pé, os óculos
balançando fora do nariz, ameaçando cair no céu
infinito. Ela os segurou na ponta do nariz e continuou pendurada ali, aterrorizada. Tinha a sensação de que seus pés estavam grudados na grama, que agora se transformara em teto. Abaixo, o céu pontilhado de estrelas se estendia infinitamente. Jas sentiu que se tentasse mexer um pé, despencaria da terra de vez.Pense, disse a si mesma, enquanto todo o seu sangue fluía à cabeça, pense..
Mas nenhum dos feitiços que praticara se destinava
a combater uma repentina inversão de terra e céu.
Ousaria mexer um pé? Ela ouviu o sangue latejar com força em seus ouvidos.Tinha duas opções - tentar se mexer ou disparar
faíscas vermelhas e ser socorrida e desqualificada da tarefa.Jasmine fechou os olhos para evitar contemplar o
espaço infinito abaixo dela e puxou o pé direito com toda a força que pôde do teto gramado.Imediatamente o mundo se endireitou. Jas caiu para a frente de joelhos num chão totalmente ólido. Sentiu-se por algum tempo mole de susto. Inspirou profundamente para se firmar, então tornou a se levantar e avançou correndo, lançando olhares para trás por cima do ombro, enquanto fugia da névoa dourada, que piscou para ela inocentemente ao luar.
A Taça estava em algum lugar ali perto e, pelo jeito,
Fleur não estava mais competindo. Ela chegara até
ali, não chegara? E se, de fato, conseguisse vencer?
Por um instante fugaz, e pela primeira vez desde que se fora feito campeã, ela reviu aquela imagem de si mesma, erguendo a Taça do Tribruxo diante do resto da escola..Por uns dez minutos não encontrou nada, exceto
trilhas sem saída. Duas vezes tomou a mesma trilha
errada. Finalmente encontrou um novo caminho e
começou a andar depressa por ele, a luz da varinha
oscilando, fazendo sua sombra bruxulear e se
distorcer pelos lados da sebe. Então ela virou mais
uma vez e deu de cara com um explosivim.Era enorme. Três metros de comprimento, lembrava mais um escorpião gigante do que qualquer outra coisa. Seu longo ferrão estava revirado para trás. A grossa armadura refulgia à luz da varinha, que Jas apontava para ele.
-Estupefaça!
O feitiço bateu no escudo do explosivim e ricocheteou;
Jasmine se abaixou bem a tempo, mas sentiu cheiro de cabelos queimados; chamuscara o cocuruto da cabeça.
O explosivim soltou um jorro de chamas da cauda e
voou para cima da garota.-Impedimenta! -berrou Jas. O feitiço bateu mais uma vez no escudo do explosivim e voltou; Jas cambaleou alguns passos para trás e caiu. - IMPEDIMENTA!
O explosivim estava a centímetros dele quando se imobilizou - a garota conseguira atingi-lo na barriga carnuda e sem escudo. Ofegando, Jas se impeliu para longe e correu, com todas as forças, na direção oposta -a Azaração de Impedimento não era permanente,