Sabia que nada era para sempre, mesmo os bons momentos possuíam data de validade, por isso, aproveitar cada segundo ao lado de boas pessoas e fazendo o que gosta, era seu lema.Tinha tatuado em sua memória os abraços de Neytiri que transmitiam amor e proteção. Do zelo de Jake e sua experiência em ter o mais próximo do que se pode considerar um pai. Rolar na grama junto a Kiri e brincar com os animais. Explorar lugares novos acompanhada por Lo'ak, mesmo sabendo que iriam brigar do início ao fim. Da risada infantil de Tuk quando a enchia de cocegas. Mas, principalmente do que lhe fazia arrepiar dos pés até o último fio da cabeça: o contato contra a pele quente de Neteyam.
Quando teria tudo isso novamente? Se questionou ao terminar de abraçar cada membro da família Sully, até chegar no filho mais velho de Jake. Estava de frente a ele tendo suas mãos seguradas pelo rapaz.
- Você tem certeza que não quer vir? Podemos te esperar caso deseje. - Seus olhos estavam vidrados nos dela.
- Se eu não ficar, traio o desejo do meu pai. E se eu não for, traio o meu coração. O meu coração é muito importante para mim, mas... - Ela respondeu ao por a mão do rapaz sobre seu peito para que ele sentisse seus batimentos cada vez mais forte.
- Mas o que? - Seus olhos se estreitaram.
- Leve-o com você e traga ele de volta. Eu não vivo sem o meu coração. - Tocou o peito do jovem com os olhos marejados - Volte. - Falou suplicando em um cochicho.
- Eu voltarei, Nan'cy. Não vamos demorar tanto quanto imagina. - Ele desviou o olhar um pouco envergonhado - Não quero passar seu aniversário de dezoito anos longe.
Para os Omaticayas, ao completar dezoito anos deve-se procurar por um companheiro. Essa é uma tradição que existe desde o princípio, como Tsu'tey (pai de Nan'cy) e Neytiri foram prometidos um ao outro quando ela chegou a maioridade.
-Eu...Eu não estou falando de relacionamento, Nan'cy, não estou falando que devemos casar, na-na-não é isso. Só quero te parabenizar no dia, sabe. - Ele abaixou as orelhas e olhou para qualquer lugar que não fosse para o rosto feminino mais lindo que já havia visto em toda a vida.
Neteyam sentiu a mão da morena passar uma de suas diversas tranças para trás da orelha, escorregando a mão até descansar em seu queixo, onde alisou até se aproximar, deixando ali um beijo. Ela esperava poder beija-lo algum dia da forma como sempre quis, nos lábios, mas enquanto esse momento não chegava, sonharia.
Ela se afastou dando alguns passos para trás até virar as costas cortando contato visual, sentindo os olhos arderem. Nan'cy não olharia para trás agora que já estava um pouco mais distante, pois sabia que seus olhos ainda estariam fixos nela. Serrou os punhos cabisbaixa e se pôs próxima dos Sullys, que se despediam de centenas de pessoas.
- Você deve estar triste. - Falou o Avatar que se aproximou, era Norm.
- Vou sobreviver. - Respondeu observando a família que lhe acolheu desde criança abraçando aquela multidão de pessoas, pois eram queridos demais.
- Sei que não se iguala, mas vou estar sempre pronto para ouvir suas reclamações na ausência dos Sullys. - Ficou por alguns segundos pensando no que poderia estar passando pela cabeça da adolescente ao seu lado, que permaneceu em silêncio. Sabia que meninas de dezessete anos no planeta Terra eram completamente diferentes das alienígenas de Pandora, mas no quesito familiar e amoroso, sofriam igualmente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu escudeiro na'vi: Eu vejo você!
Science FictionEm um coração dilacerado pela morte de seu pai Tsu'tey e ausência da mãe, Nan'cy luta pela sua pópria felicidade. Sua eterna sorte é ter a família Sully por perto, e principalmente, Neteyam, seu melhor amigo e amor platônico. Nan'cy se vê na difíci...