PONTO DE VISTA DE NAN'CYCinco dias nunca haviam se passado com tamanha lentidão. Eu contava as horas para que o meu aniversário chegasse e assim passasse, pois sabia que ele não estaria ali para me parabenizar, ou melhor, me torna-la dele, como os humanos costumam pensar.
Minha mente me importunava todos os segundos, sem um intervalo de tempo para que eu tivesse a chance de colocar a cabeça no lugar. Meu psicológico era torturado pela minha imaginação fértil, que o imaginava ao meu lado quando as pessoas começassem a me felicitar pela maioridade. Mas claro, não seria assim.
Acordei naquela manhã com o mesmo pensamento que todos os dias, mas atualizado: ''faltam somente dezoito horas para o seu pesadelo, aniversário''. Pulei da rede agressivamente em um rompente, nem ao menos chequei se minha mãe estava lá, como tinha o costume. Me retirei da cabana que mais se assemelhava a uma tenda e me direcionei ao pequeno lago ao lado da humilde residência.
- Sem ninguém aqui? - Pensei em voz alta, surpresa. Todos os dias as crianças banhavam juntas, fazendo-me sentir insegura em me lavar com essa água carregada de impureza infantil. Por um lado fiquei aliviada, poderia aproveitar o prestigio de ter um lago para mim, mesmo que fosse somente por alguns minutos.
Olhei para todos os lado antes de retirar cada peça de roupa do meu corpo, largar entre as flores e adentrar o lago cristalino. Me vi parada olhando para meu próprio reflexo naquela imensidão. Eu estava obviamente torta pelo movimentar da água, mas me observava mesmo assim: nada de mais. Afundei um de meus pés primeiro, depois o outro, em seguida as panturrilhas, as coxas, o quadril, a barriga, os seios, a clavícula. A água gélida arrepiou todo o meu corpo, como se eu não estivesse acostumada com a sensação refrescante de estar nua em águas naturais. Passei as mãos pelo rosto e as subia até os cabelos, deslizando pelas tranças até repousar em minha nuca decorada pela gargantilha que ganhei de Neytiri quando criança. Agarrei a peça com a ponta dos dedos e fechei os olhos com um pequeno sorriso nos lábios trêmulos pelo frio repentino.- Voltem, por favor... - As palavras saíram de minha boca sem que eu ao menos percebesse.
Minhas orelhas se movimentaram com velocidade naquele instante, alguém estava se aproximando. Abracei o corpo para cobrir as partes que me envergonhavam e esperei que quem quer que fosse, passasse rapidamente para que eu pudesse me retirar.
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Meu escudeiro na'vi: Eu vejo você!
Bilim KurguEm um coração dilacerado pela morte de seu pai Tsu'tey e ausência da mãe, Nan'cy luta pela sua pópria felicidade. Sua eterna sorte é ter a família Sully por perto, e principalmente, Neteyam, seu melhor amigo e amor platônico. Nan'cy se vê na difíci...