Acordei um pouco atordoada por conta de ontem, minha cabeça tentava compilar os fatos da noite passada. Infelizmente o baile iria acontecer hoje à noite, não tinha a mínima vontade de encher o palácio de pessoas nas quais eu não tinha a mínima vontade de ver ou conversar, tudo foi organizado pela condessa, sabia que minha noite seria a própria degustação do inferno. "Anime-se Viollet! Você sempre gostou das festas no castelo", tentava me convencer de que tudo seria bom.
- Vossa Majestade.
- Oh sim.
Uma criada estava parada na minha frente e parecia assustada.
- O que aconteceu? Você está tremendo.
- A condessa está um pouco exaltada e requer a sua presença imediatamente.
- Estou a caminho.
Isso tinha que ser obra de minha tia, como eu pensava.
- Sim senhora.
- Ah não, não, vá se acalmar você claramente não está bem. Vá à cozinha, beba um copo de água e espere algum tempo para retornar ao trabalho.
- Sim senhora.
Vi ela se afastar então segui em direção ao salão principal, de onde estava vindo todo aquele alvoroço. Chegando, fiquei de espreita na porta, apenas observando a situação. Pude escutar de longe:
- Hoje serão apresentados três pretendentes, pois ela irá escolher um a todo custo! Não me importa mais os caprichos dela, irá se casar e bem rápido se possível. Se não...
Não me seguro e acabo interrompendo de imediato.
- Se não o que minha tia?
Ela ficou perplexa, eu a peguei no "pulo", digamos assim.
- Complete a sua frase por favor condessa, estou no aguardo da finalização de sua ameaça.
Ela continuou em silêncio, o que me deixava convencida de que estaria a amedrontando.
- Ótimo, preferiu calar-se? Opção inteligente. Por favor gostaria que nos deixassem a sós.
Os criados se retiraram, eu estava com tanto ódio, senti a raiva dominar todo o meu corpo.
- Comece a se explicar.
- Isso não era necessário, por que tanta resistência para se casar?
- Terei que explicar a situação mais uma vez?
- Não seja inconveniente Viollet.
Eu? Eu era inconveniente?
- Eu não quero me casar com um velho, que não acredita na minha capacidade, não irá me apoiar e só me deseja para a procriação.
- Minha querida...
Lá vamos nós e o sermão sobre papel das mulheres no casamento, nos meus dezenove anos de vida eu já escutei isso umas mil vezes.
- Você quer fugir das suas obrigações, eu te garanto que isso não é um monstro de sete cabeças. Afinal a maternidade é uma benção, tive o Caleb com a sua idade.
Como ela pode normalizar esse tipo de coisa?
- Não tenho a mínima capacidade psicológica para gerar um ser vivo.
- Bobagem
- Como isso pode ser bobagem? É uma vida! Ela dependeria de mim para sobreviver.
Eu não conseguia compreender como as pessoas tratam isso de uma maneira tão banal? ERA UMA CRIANÇA.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Legado da Rainha
FantasyE se existisse mais uma chance? Um jeito de voltar após sua morte? Dessa vez com artifícios suficientes para se vingar daqueles que a assassinaram? Essa é a história de Viollet Van Garden, a princesa rebelde, amada pelo povo e odiada pela corte. Apó...