28 dias

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LUÍSA MONTEIRO

28 dias é o prazo que ainda tenho para conquistar meu objetivo. Nos últimos dois dias, admito ter ficado um tanto obcecada. Talvez essa não seja exatamente a palavra certa, mas não consigo negar a importância que tudo isso tem para mim. Embora seja verdade que estou ocupando a posição de presidente há pouco tempo e não tenha a obrigação de provar nada a ninguém, mas sinto uma imensa vontade de fazer isso, de verdade.

Desde o primeiro momento, a diretoria mostrou-se inconformada com a minha presença no cargo. Para eles, é como se fosse uma punição ter que acatar ordens de uma "garotinha". Infelizmente, é assim que eles me enxergam. Porém, eu não vou deixar que isso me abale. Sinto uma urgência em demonstrar minha competência e conhecimento no que faço. O olhar de desprezo nos seus rostos apenas aumenta minha determinação em mergulhar de cabeça nesse desafio.

Já se passaram exatas 36 horas desde que enviei um e-mail ao empresário do Yuri, acompanhado da carta padrão de proposta que costumamos enviar a todos os jogadores que despertam o nosso interesse. Desde então, tenho dedicado grande parte do meu dia à constante atualização da minha caixa de entrada na esperança de receber um retorno que, infelizmente, ainda não ocorreu.

Tenho imensa expectativa em relação a essa possível negociação. O Yuri é um jogador talentoso e consolidado no mercado, capaz de fortalecer significativamente nossa equipe. Ao redigir a proposta, destacamos todos os benefícios e oportunidades que nossa organização pode oferecer, além de ressaltar a dedicação e o comprometimento que temos com o sucesso de nossos atletas.

Aguardar por uma resposta tem sido um exercício de paciência e ansiedade. A cada atualização do e-mail, sinto uma mistura de esperança e preocupação. Será que o empresário do Yuri recebeu a mensagem? Será que ele está considerando seriamente a proposta? Esses questionamentos me deixa em um estado de expectativa constante, ávido por qualquer sinal de retorno.

Acho difícil não me pegar pensando sobre a negociação mesmo em momentos de descanso. É como se o e-mail e a resposta pendente estivessem sempre pairando em minha mente, lembrando-me constantemente da importância desse possível acordo para o futuro da equipe e, consequentemente, para a minha própria carreira.

Neste momento, resta-me continuar atualizando meu e-mail incessantemente, torcendo para que o empresário do Yuri dê uma resposta positiva em breve. Enquanto aguardo ansiosamente por esse desfecho, meus pensamentos são povoados por imagens das possibilidades que a vinda do Yuri poderia trazer para o time, assim como os desafios que enfrentaremos caso essa oportunidade não se concretize.

Quer saber, por que eu deveria ficar sentada esperando por um e-mail quando posso tomar a iniciativa e fazer algo muito mais produtivo? Afinal, as coisas não simplesmente acontecem magicamente, é preciso agir para alcançar os resultados desejados. Estou determinada a obter um resultado positivo e estou disposta a fazer com que isso aconteça.

-Elisa! - Eu chamei a secretária em voz alta o bastante para que pudesse ser ouvida do lado de fora da sala.

-Pois não - Disse ao entrar, enquanto arrumava suas vestimentas.

-Compre uma passagem, eu vou para a Rússia! - Digo animada.

-Rússia?! O que pretende fazer lá? - A mulher indagou, demostrando surpresa.

-Buscar o Yuri, nem que seja na base do sequestro - Digo em tom de brincadeira - Quero embarcar ainda hoje, vou ir para casa e arrumar minhas malas. Me mande os detalhes do voo - Com um gesto suave, envolvo a mulher em um breve abraço antes de deixar o escritório e entrar no meu carro.

...

Assim que atravessei a porta principal do aeroporto, fui instantaneamente atingida por um vento gelado e cortante que fez minha pele arrepiar. Minhas pernas pareciam formigar, ainda exaustas depois de passar intermináveis 32 horas dentro do avião que partiu de São Paulo e aterrissou nas primeiras horas da manhã em Saint Petersburgo.

A PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora