mikage reo

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"por que caralhos minha mãe quer tanto que eu ajude no trabalho dela?"

me fiz essa pergunta pela manhã, quando ela me chamou para eu lhe ajudar na escola em que trabalha. eu, infelizmente desempregada, aceitei. afinal, minha mãezinha disse que me daria dinheiro pela ajuda. e qualquer coisa que envolva dinheiro, estou indo. entretanto, eu estaria ocupada hoje, e quando ela percebeu que eu ia falar que não daria, a mulher entrou em desespero. geralmente, quando recuso, ela aceita normalmente. hoje foi diferente. e quando eu descobri, pensei...

minha mãe é uma grande safada!

faltando algumas horas para irmos embora, aconteceu-se a cena seguinte:

— s/n, faz um favor pra mamãe. – segurou minhas mãos. – pega as toalhas nos vestiários e coloca para lavar. – seu rosto ficou vermelho, do nada, e eu fiquei confusa. – eu vou sair em um encontro, com o professor daqui.

bom, eu não a julgo, faz anos que a mulher está encalhada, desejando o homem dos sonhos, porque o cara, que eu me recuso a chamar de pai, foi uma grande decepção amorosa. e por fim, com a descoberta do plano dessa safada, eu enfim tive a certeza de que minha safadeza, veio totalmente dela.

ao vê-la saindo com o professor, gargalhei da situação. só espero que ela tenha um bom encontro. caso o homem for um 'bundão, eu boto ele à sete palmos do chão.

suspirei, terminando de colocar as toalhas do vestiário feminino nas máquinas de lavar, logo, me dirigindo ao masculino. já tive o desprazer de fazer esse tipo de trabalho antes, não sei como minha mãe aguenta pegar todas essas toalhas fedidas. me da gastura. o fato de ter que pegar algo que foi passado no corpo de outras pessoas, é assustador.

a escola é enorme, e muito bonita. infelizmente, para pessoas riquinhas e mesquinhas. as pessoas mais legais que conheci aqui, foram apenas os alunos que conseguiram bolsa. os outros, sustentados pelos pais, já chegaram a zombar de mim. sorte deles que eu prezo muito pelo trabalho da minha mãe, porque sobrevivemos com isso. caso contrário, teria 'metido um soco no nariz de cada um. eu só preciso de um trabalho legal, pra poder ajudar em casa, e dar uma vida melhor pra melhor mulher desse mundo.

fiquei vermelha de raiva enquanto jogava as toalhas no cesto, isso apenas de lembrar dos lugares que me recusaram, pelo simples motivo de eu ter puxado os traços brasileiros da minha mãe. é injusto! se não fosse por isso, estaríamos numa situação bem melhor. bufei, chutando uma toalha no chão. agora, me irritei com o povo dessa escola, qual o problema deles de jogar isso no chão?

— pra que essa raiva toda? – me assustei com a voz masculina atrás de mim.

me virei num movimento rápido, jogando uma toalha aleatória no desconhecido, e fiquei em posição de ataque em seguida.

— quem é você? o que 'tá fazendo aqui? – quando desci meu olhar, fiquei em choque. – TU 'TÁ PELADO? ESTRANHO! – gritei, tampando meus olhos.

— vai dizer que nunca viu um garoto pelado? – abri uma fresta entre meus dedos. o garoto enrolou uma toalha na cintura, tampando suas partes íntimas. ao subir meu olhar, pude ver seu rosto. ah, não.

— reo? – tirei as mãos do meu rosto, surpresa.

— s/n? – sorriu ladino, jogando os cabelos molhados para trás. – que surpresa boa. – emburrei.

hum, como posso explicar? eu não ia deixar esse fato em aberto, mas eu já estudei nessa escola durante o fundamental, quando meu avô era vivo e insistia em pagar a mensalidade, porque, dizia ele, que é a melhor do japão, e que eu iria arranjar um ótimo emprego por ter estudado aqui. o que não foi o caso. enfim, sou três anos mais velha que o mikage, quando eu tinha 14, ele tinha 11. entretanto, para alguém mais novo, mikage reo era muito popular entre as garotas do fundamental.

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