caralho, por que a vida é uma merda?
jogada no chão da sala, passei a olhar um ponto fixo no teto, imersa no enorme vazio em minha mente. essas crises desgraçadas vem em momentos que eu menos espero, nem mesmo tenho ideia de quando vou tê-las. isso vem acontecendo direto, é muito estranho. me sinto estranha. perco a noção do tempo. de tudo. o que me salva, é a minha pequena bibi. serelepe, ela pula direto em meu estômago, despertando-me daquele vazio imensurável que eu me afundava. lambidas no meu rosto me fizeram gargalhar, e eu levei as mãos para acariciar a pele curta da minha vira-lata.
— você é minha super-heroína. – falei com a voz fina para minha preciosidade, que estava eufórica, louca para brincar.
me levantei, pegando a pelúcia que havia deixado na prateleira, entregando para ela, que não demorou a começar sua diversão. sorri boba olhando a cena, eu nunca me canso de vê-la assim. dirigindo-me à cozinha, encontrei com meu pai terminando a janta. estranhei pelo fato de ainda estar cedo, e geralmente quando ele faz isso, é porque vai sair.
— onde? – perguntei repentinamente, assustando o homem.
— onde o que? – sua feição confusa logo compreendeu o que eu dizia ao ver a minha. – vou beber com o pessoal do trabalho. – sorri, me apoiando no balcão.
— isso significa que vou ficar com a bibi acordada a madrugada inteira. – comemorei com uma dancinha, e meu pai gargalhou.
— nada de ficar sozinha, senhorita. – olhei para ele, confusa.
— como assim sozinha, eu tenho a minha neném comigo. – cruzei os braços, fazendo bico.
— que fica com medo até do vento. – me observou com uma das sobrancelhas arqueada. – o filho do shouei vai ficar aqui. – congelei.
— filho do... senhor shouei... – arregalei os olhos. – O BAROU? – gritei perplexa, o homem caiu na gargalhada.
isso é impossível! não pode ser verdade. meu pai quer que eu cometa um homicídio, só pode. não aguento ficar dois minutos com esse menino que eu já sinto meu sangue ferver de raiva. o motivo disso? ah... o barou é um completo idiota que se acha melhor que todo mundo! infelizmente, nossos pais são amigos próximos de longa data, então eu o conheço desde criança. até uma certa idade, nos dávamos bem, super bem. entretanto, ao decorrer do nosso crescimento, barou foi-se tornando diferente, isso após descobrir o grande talento no futebol. essa merda mexeu com a cabeça dele, e o shouei fica se achando o rei da porra toda. CHATO! desperdício, ele era tão legal.
— nem ferrando, pai. – bufei. – sabe que eu odeio ele!
— na verdade, sei que no fundo, ainda gosta dele. – foi simples, e sua fala me deixou envergonhada. – você só precisa dar uma chance, ele não pode nem chegar perto que você se afasta.
sim, errado ele não está. eu sou do tipo de que não costuma dar outra chance para as pessoas conversar comigo, se vacilar uma vez, morreu de vez pra mim. entretanto, infelizmente tenho coração mole com pedidos de desculpas, por isso, ignoro o máximo possível. o negócio é que no dia em que fui assistir um jogo seu, barou perdeu. ao tentar dar consolo para o menino, ele me tratou extremamente mau. depois daquele dia, nunca mais quis papo. como meu pai disse, é verdade que o shouei tentou se aproximar várias vezes, mas eu nunca lhe dei oportunidade de conversarmos.
— e se ele me matar...? – perguntei receosa.
— claro que não, sua boba. – deu um peteleco na minha testa e resmunguei. – os shouei só tem cara de bravo e explodem muito rápido, mas são boas pessoas. – afagou meu cabelo, pendurando o guardanapo no gancho. – certeza que quando eu chegar, você vai falar "ah papai, você estava certo mesmo". – imitou minha voz e caí na risada.
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imagines blue lock
أدب نسائيposto os imagines no verdinho também : @poisxn estarei aceitando ideias ^^ (imagine) (+18)