okay, levar um bolo, tudo bem, mas DOIS NO MESMO DIA? é de foder.
suspirei, derrotada. mostrando o dedo do meio a cada carro e moto que passava e buzinava para mim. também, estou em uma situação deplorável, sentada na calçada, em frente ao restaurante que havia marcado encontro com um cara que conheci na internet. eu realmente não esperava que fosse acontecer, porque já tive o desprazer de ter tomado um fora hoje mais cedo, e pensei: ah, é impossível acontecer dois em um dia só. enganei-me feio.
a garrafa de vinho em minha mão já está quase acabando, para minha infelicidade. em casos como esses, é sempre bom encher a cara e me afogar nas malditas mágoas. não sei como ainda tenho coragem de marcar encontro com as pessoas, seja homem ou mulher, são inúmeras às vezes que tomei um pé na bunda. isso me leva à certeza de que vou morrer encalhada mesmo. que caralho, será que os japoneses tem preconceito com brasileiros? essas coisas só me trazem insegurança, e uma vontade de voltar para meu país natal.
abracei minhas pernas, deitando a cabeça sobre os joelhos. sem perceber, lágrimas já saíam desesperadamente dos meus olhos, borrando a maquiagem que tive o trabalho de fazer. num gole só, matei o restante de vinho, passando as costas da mão em meu rosto, à fim de secar as lágrimas. me levantei, cambaleando, sentindo uma tontura me atingir em cheio. tropeçando em meus próprios pés, quase caí, quando senti mãos me segurando para não acontecer a desgraça.
solucei, sem saber quem é a pessoa, apenas a abracei, caindo num mar de lágrimas e soluços. enfiei a cara na camisa alheia, me acabando ali, e nisso, um cheiro gostoso de perfume masculino invadiu minhas narinas, dando-me curiosidade de olhar para o desconhecido. tive vontade de rir quando vi seu rosto confuso, perdido e sem saber o que fazer. rosto esse que, por sinal, é MUITO bonito, com ênfase mesmo, sem exagero.
— me d-desculpa. – gaguejei, tonta. o garoto me olhou, e arregalou os olhos.
— s/n? – perguntou surpreso, e eu gargalhei, sem motivos nenhum.
— como você me conhece? eu sou... famosa? – tive dificuldades em falar, é uma merda ficar bêbada com apenas uma garrafa de vinho. – famosa por tomar vários pé na bunda? – chorei novamente.
— c-calma! eu vou te levar pra casa. – desesperou-se, me segurando pela cintura.
durante o caminho inteiro, fiquei falando nada com nada, o que acontecia na minha frente não importava, eu só queria confessar todos os meus erros e pecados para o garoto que não conheço, ou conheço, porque pela reação dele, ele me conhece. não sei, minha visão está turva, só consegui ver o rosto borrado, mas bonito, dele. e falando em visão, agora está piorando tanto que simplesmente apaguei.
(...)
acordei num pulo, assustada, olhando em volta e estranhando o fato de eu estar em casa...
— o que...? – cocei meus olhos, vendo no relógio que são três da manhã. – foi um sonho? – perguntei-me sozinha.
— não foi um sonho. – me assustei com a voz atrás de mim e acendi as luzes, desesperada.
— yuki? – fiquei confusa ao ver o menino sentado na poltrona ao lado da minha cama, com um livro nas mãos.
moro em um prédio humilde aqui na cidade, e yukimiya kenyu é o meu vizinho do apartamento ao lado. não nos conhecemos tão bem, apenas trocamos cumprimentos ao decorrer dos dias. eu já fui muito atirada com as pessoas, nenhuma sequer já me deixou envergonhada, com exceção desse garoto... apenas um sorriso dele, um maldito sorriso, é capaz de mexer com todos os meus sentimentos de uma só vez. nunca tive coragem de chamá-lo para sair alguma vez, ou demonstrar meus interesses. ele parece muito reservado, quieto e misterioso, isso me atiça. entretanto, não me vem nenhuma coragem. é de me surpreender, porque o que não me falta, é coragem.
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ChickLitposto os imagines no verdinho também : @poisxn estarei aceitando ideias ^^ (imagine) (+18)