Capítulo 4.

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-Você foi muito idiota Alyssa. -Falo enquanto procurava meus produtos em minha mala.

-Como assim?

-Idiota de ter perdoado ele, ele não vai mudar.

-E o que você sabe? O que sabe sobre nosso relacionamento? Você chegou literalmente há dois dias atrás, então do que você acha que entende?

-É assim, é assim em todos os relacionamentos abusivos.

-Abusivo? Você tá louca? Nosso relacionamento não é abusivo. Cala sua boca porra, você não sabe de nada. Você nem me conhece.

-O jeito que ele falou com você no refeitório não foi normal, e o fato dele ter traído você várias vezes também não é.

-Como você sabe dessas coisas?

-Porque ele falou que não queria ELA, então provavelmente tem outra aí. E você falou que ele sempre fazia a mesma coisa, significa que não é a primeira vez.

-Só não se meta no nosso relacionamento ok? Vai viver e me deixa.

-Tá, foda-se isso.

Deito-me novamente na cama, porém dessa vez em direção a cama da garota. Observo a mesma, ela era linda. Seus cabelos são ondulados e batem nos seios, sua pele é branca e no seu rosto haviam sardas bem clarinhas. Seus lábios são perfeitamente desenhados e seus olhos são cor de café. Ela é simplesmente maravilhosa.

-Você é filha mesmo de Patrick O'connell? -A garota Indaga após longos minutos em silêncio, eu estava quase adormecendo novamente.

-Por que eu mentiria sobre isso?

-Desculpa, é verdade. É que sei lá... É estranho, eu não gosto de vocês.

-Hum. -Solto uma risada forçada.

-Olha não foi isso que eu quis dizer, tipo... Porra você não vai entender.

-Alyssa... Apenas não tente, deixa isso quieto.

-Mas o que te fez vir pra cá? Logo você.

-Por que eu deveria te contar? -Indago sentando-me na cama.

-Porque você é minha colega de quarto e gostaria de criar um bom convívio.

-Mas e você? Por que está aqui?

-Porque meu pai não tem tempo pra cuidar de mim em casa, e para que eu não me sentisse só ele me mandou pra cá.

-Cê tá aqui há quanto tempo?

-2 anos.

-E quantos anos você tem?

-16, e se meu pai não me tirar daqui eu ficarei até os 18. -Ri. -E você? Por quanto tempo vai ficar aqui?

-Espero que não mais de 6 meses. Meu irmão me colocou aqui como uma punição. Enfim, eu preciso tomar um banho, mas valeu pela conversa.

-Mas você não acabou de sair do banheiro?

(...)

-Pai eu sei que esse é seu trabalho mas poxa... Dá pra correr menos atrás dos bandidos e correr atrás da sua filha? Sei lá, pelo menos almoçar junto com ela?! Eu amo minhas amigas e gosto muito daqui só que não sou mais criança, sei muito bem me virar sozinha aí fora!

-Filha, eu entendo e tenho plena consciência que não estou presente, mas eu te amo. O problema é que eu não posso simplesmente largar tudo por aqui, vivemos em cidade pequena, tem eu de delegado aqui e eu não posso abandonar essa gente.

-Mas sua filha você pode, não é? Quer saber, só me deixa em paz.

A menina para de organizar as roupas e vai até sua escrivaninha desligar o telefone que estava no viva-voz. Logo após eu (que estava ouvindo toda conversa) saio do banheiro.

-Não é da minha conta mas... Com quem falava? Pergunto para a garota enquanto enxugava meu cabelo.

-Meu pai.

-Está nervosa?

-Talvez.

-Quer conversar?

-Por que eu me abriria com uma estranha que possivelmente é uma criminosa?

-Olha só, se for pra ficar falando essas merdas então toma no seu cu, eu não sou criminosa!

-Tá, tá! Me desculpa, você está sendo gentil, eu só estou irritada. É só que meu pai tá sendo um babaca, ele nunca tem tempo pra mim. Fazem literalmente 2 meses que não vejo a cara dele porque ele se nega a vir pra cá.

-E por que ele faz isso? -Pergunto como quem não queria nada.

-Por conta do trabalho, desde que minha mãe se foi que ele anda assim...

-Eu sinto muito. Faz quanto tempo?

-2 anos, por isso ele me colocou aqui. Sabia muito bem que me deixaria de lado.

-Ele trabalha com o quê?

-Ele é o delegado aqui da cidade, então você sabe... Ele nunca tem tempo pra nada.

Naquele momento era como se o mundo tivesse parado. Todos os flashbacks daquele dia vieram à tona.

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