Capítulo 20.

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—Acho melhor você se afastar, não quero você perto dos meus filhos.

—Acha que eu machucaria eles? É sério?! -Grito.

—Eu não quero você perto dos meus filhos. Assunto encerrado.

—Qual a porra do seu problema?! Por que agindo assim?

—Porque tenho meus motivos. -Diz firme.

—E quais são seus motivos? ME FALA CARALHO, ME FALA QUAIS SÃO AS PORRAS DOS SEUS MOTIVOS.

A garota olha para o chão por alguns segundos, parecia pensativa. Seu olhar era baixo e triste, parecia esconder um vazio sem fim.

Faça o que planejou fazer. Vá embora. -Fala sem olhar para mim.

(...)

Lágrimas caiam daqueles pedaços de algodão doce recém saídos de um pesadelo sombrio. Tão sombrio quanto minha alma.

(...)

Que insistia em te amar...

—Amiga, eu... -A garota vem em minha direção, tentando tocar em meu ombro como uma forma de consolo.

—NÃO ENCOSTA EM MIM PORRA!

—Hey Aly, por que você assim?

—VOCÊ TÁ ME OBRIGANDO A LER ESSA MERDA, VOCÊ É UM ENCOSTO! EU TÔ CANSADA DE VOCÊ, SAI DAQUI CARALHO!

(...)

...Tão sombrio quanto minha alma... A neblina tomava conta das ruas escuras, cercadas por árvores que favoreciam o frio. E eu estava descalça, totalmente encharcada. Mas mesmo assim continuava seguindo pelas ruas vazias, até que chegasse no meu destino.


Na realidade eu não sabia onde Jude estava. Na minha cidade possuem somente dois hospitais, e eu deduzi que ela estaria em um deles. Eu estava indo para o mais próximo do colégio, sabendo muito bem que ela provavelmente estaria em outra cidade. E se caso ela realmente não estivesse lá, não haveria mais nada que pudesse ser feito.

Após alguns minutos que pareciam intermináveis, eu chego ao local. Todas as luzes acessas, mas sem nenhum movimento do lado de fora. Entro no local com os dentes batendo uns nos outros por conta do frio intenso que estava sentindo. Uma corrente de ar gelada me atravessa, não favorecendo muito minha situação.

Pingando e com as roupas pesadas, observo o local em busca de algo. E meus olhos se encontram com os dela. Alyssa. que estava sentada em uma das cadeiras da recepção. A garota me olha com uma expressão de choque, mas ao mesmo tempo preocupação. Ela vem correndo até mim, me observando por breves segundos.

—BILLIE! O que aconteceu?! -A garota fala alterada.

—Oh, Alyssa! -Digo aliviada quando me dou conta de que a garota estava ali.

—Porra, cadê a Jude? -digo tentando entrar no local de vez, porque até agora eu estava na em pé, de costas para a porta da recepção. Mas a garota me impede.

—Hey Billie, calma lá. O que está fazendo aqui às três e vinte e cinco da manhã, totalmente molhada e com cara de perseguida pela polícia?

—É que como o Healy não me deixou sair, eu esperei um pouco e decidi fugir. Só que tá tendo uma tempestade lá fora, você sabe. Por isso estou molhada. E não estou sendo perseguida pela polícia, ainda, só estou aflita.

—Puts... Billie, você é maluca mesmo. Vai ficar doente, é melhor trocar de roupa.

—Eu não trouxe nada, Alyssa.

—Eu trouxe, posso te emprestar.

—Alyssa, não precisa... -Falo constrangida.

—Claro que precisa, você não vai entrar aqui assim. Me espere aqui alguns segundos, vou pegar minha mochila. -A garota fala e a vejo caminhar até sua cadeira de espera e pegar sua mochila, cor preto fosco.

—Toma. -Entrega a mochila na minha mão assim que volta. —Pode escolher o que vai usar, tem desodorante também. Tome um banho, o banheiro fica por ali. -Aponta para o local.

(...)

—Você tá me zoando né, Alyssa? Top e shortinho?! -Fali indignada.

—Não fique frustrada, você está linda. -Diz risonha.

—Que porra de estilo é esse?

—Billie?! Para de ser chata, eu sai nas pressas. Sem contar que você está num hospital, não em um desfile de moda em Paris.

—Urg... -Reviro os olhos. —Isso tá ridículo.

—Não, não está. Até que valorizou bastante seus seios.

—Podemos parar logo de enrolação? Quero saber o que aconteceu...

—Ok, senta aí. -Aponta para a cadeira.

—Eae? -Indago.

—Judith sofreu um acidente. Um carro desgovernado bateu nela. Ela está em estado grave, Billie.

—Oh meu Deus!... -Digo atordoada.

—Os pais dela foram atrás dos médicos pra ver se têm alguma notícia. Provavelmente ela vai ser encaminhada para outro hospital amanhã.

—Acharam quem fez isso? -Pergunto.

—Não, a pessoa que estava no carro não prestou socorro, fugiu.

—Arrombado do cacete! -Bato na minha própria coxa. —E agora?

—Agora é só esperar e rezar para que ela fique bem logo. -A garota finaliza e tiro do meu bolso o telefone que Talita havia me entregado. Mando uma mensagem para ela contanto tudo, mas peço que deixe em sigilo.

788 Palavras.

Quarto K-12 - Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora