Febre

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Hinata

Exatamente às 18:59, Kiba chegou em minha casa. Ele vinha num carro preto reluzente, com um motorista muito bem vestido e, subitamente, me senti um pouco envergonhada. Eu não estava nem perto de toda aquela beleza.

Meu cabelo, estava solto, como sempre. Eu trajava um vestido rosa curto, com alguns detalhes em renda preta, um laço negro emoldurando minha cintura fina. Meu salto não era muito alto, porque Sakura sabia que eu não gostava. Nem minha maquiagem era especial. Nada além de algo para pele, lápis de olho, rímel e um batom rosa claro.

-Hinata! -Kiba chamou, animado, vindo em minha direção.

E, do nada, ele me deu um selinho. E eu tenho certeza de que sua gargalhada escandalosa que veio em seguida era porque eu estava mais vermelha do que um tomate.

-Oi -respondi, lutando para não voltar para dentro de casa e manda-lo ir embora.

Ele abriu a porta do banco de trás do carro e eu entrei, um pouco relutante. Não dissemos mais nenhuma palavra, o que considerei um alívio. Mas essa sensação boa evaporou quando o barulho estrondoso invadiu meus ouvidos. Música alta.

Kiba também ouviu e sorriu de canto. Eu mal podia acreditar que ele realmente gostava da música naquela altura. Mas tudo bem, eu estava ali para me divertir e era o que faria.

O carro parou e nós descemos do veículo, dando as mãos antes de entrarmos naquela mansão que já estava cheia de gente.

Eu via pessoas andando meio desnorteadas de um lado para o outro, carregando copos na mão, e tive certeza de que havia bebida alcoólica em excesso ali. Subitamente, senti uma vontade meio estranha de provar algo, nem que fosse a bebida mais "leve" dali. E aparentemente, Kiba também não via a hora de beber algo.

Andamos até a cozinha, onde havia uma bancada com várias opções de bebidas. Kiba pediu duas doses de algo que não consegui ouvir o nome e me entregou um copo, que aceitei de bom grado. O líquido desceu queimando por minha garganta, mas eu me sentia bem.

Olhei na direção onde várias pessoas dançavam e puxei Kiba para o meio delas, me remexendo um pouco. Não podia fazer nada além disso, já que não sabia dançar aquele tipo de música.

Eu sentia as pessoas passando, sem se importar em quem estavam esbarrando e, alguns minutos depois, estava com outro copo em minhas mãos, meu corpo agindo como que por contra própria. E eu senti algo gelado contra meus lábios, mas eu tinha certeza de que não era minha terceira dose daquela bebida que eu nem mesmo sabia o nome. Eram os lábios de Kiba.

Sedentos por algo que eu não tinha nem ideia do que era, procurando resposta para perguntas que não foram feitas. E eu senti seus braços pressionando-me contra seu corpo esguio, as mãos passeando pelas minhas costas. Eu tinha certeza de que se Neji me visse agora, ele ficaria mais do que desapontado.

E então ele se afastou de mim, encarando-me com um sorriso torto. Algo me dizia que ele não estava nem um pouco satisfeito com apenas um beijo. Mas logo essa intuição desapareceu, quando ele lançou uma rápida olhadela atrás de mim e falou perto do meu ouvido:

-Continue se divertindo. Eu já volto, Hinata.

Dito isso, ele desapareceu na multidão. Não quis pegar outra coisa para beber, pois temia ficar com os sentidos mais confusos do que já sentia, então apenas voltei a dançar, a música me envolvendo num transe atordoante.

Não sei quanto tempo se passou, só sei que mais de dez músicas se sucederam, a exaustão nunca me alcançando. Mas já estava perdendo a graça. E eu queria ir para casa.

SutilmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora