Capítulo 17- Fazer o bem

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- Eu te amo, Lauren.

- Eu te amo, meu amor.

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Camila PVO.

Os dias que se passaram na clínica não foram de todos ruins, eu e Lauren nos conectamos novamente como casal, como almas gêmeas. Desde seu episódio de convulsão ela começou reagir bem ao tratamento, estava muito orgulhosa de sua determinação e força de vontade, voltamos a ser o casal apaixonado que sempre fomos, fizemos muito sexo, em lugares inapropriados, mas nos divertimos bastante.

Receberíamos alta juntas, tudo ocorria bem, o que não estava bem era a saudade que eu sentia dos meus filhos, não era um ambiente apropriado para eles virem nos visitar por isso passamos um mês e meio sem nos ver, eu mal podia esperar para ver meus pequenos.

- Doutoras, estou muito feliz de ter sido cúmplice de vocês. – Mirtes, a enfermeira que nos ajudou bastante falava achando graça de lembrar as inúmeras vezes que nos pegou em situações constrangedoras.

- Aí Mirtes, se não fosse por você, ficaríamos uns seis meses aqui e separadas. – Lauren a abraçava de lado. – É muito bom saber que existe pessoas como você ainda por aí.

Apenas arrumo minhas coisas vendo a interação das duas.

- Oh mocinhas, vocês vão ficar aqui para sempre? Tem gente ansioso do lado de fora esperando por vocês. – Taylor nos dizia entrando no quarto.

Olho uma última vez para aquele lugar, diferente de como eu entrei, eu me sentia mais leve, claro que teria uma longa jornada de terapia em Trairi, mas eu sabia de duas coisas, uma que não abaixaria minha cabeça para meus problemas, e duas que eu não faria isso porque eu tinha filhos maravilhosos que precisavam de mim, e o que eu tivesse que enfrentar, enfrentaria de cabeça erguida por eles.

Nos despedimos dos médicos que nos atenderam e João nos acompanhou até a saída.

- Eu não espero as ver nessas situações novamente, mas sempre que precisarem, estarei à disposição. – Ele foi um grande aluno de Lauren e a admirava demais.

Correndo veio Aurora em minha direção, jogo minhas bolsas no chão e a suspendo no ar, a abraçando forte.

- Mamãe, estava morrendo de saudade. – Ela diz chorosa, acho que meu peito não aguentava e lágrimas de felicidade ao ver meus filhos saiam de meus olhos.

Artenisio abraçou Lauren que o agarrou forte e eles conversaram alguma coisa que eu não consegui ouvir.

Ele me parecia mais velho, seus cabelos estavam grandes, veio aonde eu estava e me olhou forte nos olhos.

- Não me deixem nunca mais. – Meu coração se comprime de dor por saber que ele sofreu tanto quanto nós de saudade. – Mas eu cuidei da Catarina, como prometi.

- Eu sabia que você cuidaria, você já é um rapaz. O Taylor, os barbeiros da cidade fecharam? – Eu a olho indignada.

- Hãn? Porque? – Ela realmente não entendeu.

- Da para fazer trança no cabelo de Artenisio. – Eu olho para Lauren que segura uma risada.

- Mamãe. – Ele me repreende. – É o meu novo estilo.

- Ata filho, desculpe.

- Viu, não tive culpa. – Taylor se defendia.

- Sabe o que isso está merecendo? – Lauren dizia com Aurora em seu colo enchendo-a de beijinhos.

- SHOPPING! – Dizemos todos juntos, exceto Taylor que não sabia dos nossos bordões.

Taylor dirigia para o shopping mais perto enquanto íamos cantando Hey Jude, parecíamos novamente uma família.

Lauren PVO.

Chegamos no shopping e Aurora já tinha pedido um hamburguer que era maior do que ela.

Todos comemos animados, Aurora queria muito ir no playground montado ali e Artenisio queria ir muito na sessão de jogos. Então nos dividimos, Camila ficou com Aurora e eu fui com Artenisio e Taylor, havia um console de jogo de tiro ultrarealista 3D, dava para ir de três pessoas, então nós entramos no mundo virtual.

Jogamos tanto que foi preciso Camila nos ameaçar a nos dá um tiro real para podermos sair, pois Aurora já dormia em seu colo de cansada.

No caminho de volta as crianças dormiram, Camila estava inquieta no banco de trás do carro.

- O que está havendo amor? – Pergunto calmamente olhando-a.

- É só que... Taylor? O que eu devo esperar quando voltar? – Eu entendia, algumas pessoas destilavam ódio a ela e ela estava temerosa quanto a isso.

- Seja o que for, vamos enfrentar isso juntas. – Eu tento tranquiliza-la.

- Camila, as pessoas não esqueceram o que aconteceu, mas também existem pessoas que querem muito o seu bem e querem muito te ver bem, então você precisa aprender a filtrar o que você deve ouvir e levar para si e o que você deve ouvir e deixar para lá. – Minha irmã diz sabiamente.

Ela se tranquiliza mais depois disso. Até que cai no sono.

- As coisas estão muito feias? – Pergunto a minha irmã.

- Mais ou menos, as pessoas estão cobrando sua presença e depois do que aconteceu com Camila as coisas ficaram duvidosas, mas já tem algumas coisas para serem entregues como o CAPS 24 horas, e as reformas de algumas escolas que ficaram quase nova, então isso vai ser muito bom para vocês.

Chegamos já de noite, nada melhor do que nossa casa, agradeço demais a Taylor por ter cuidado das crianças. E ela me ajuda a levar Aurora e Artenisio para os quartos já que eles dormiam.

Camila ficou um pouco mais introspectiva chegando na cidade.

Tomamos nossos banhos e nos deitamos para dormir.

- Então quer falar alguma coisa? – A aninho no meu peito para que ela se aconchegue.

- Tenho medo do julgamento das pessoas. – Ela desabafa.

- Você ainda é a mesma mulher por quem eu me apaixonei, e se eu achasse por um instante que existe algo de ruim irrecuperável em você, eu não estaria aqui, você tem um coração bom, imenso, puro, e não há quem não troque duas palavras com você e não se encante, então seja qual for o seu medo, encare ele de frente.

- Eu estou pensando em umas coisas sabe, para a Fundação e para o município em si, eu quero devolver o que me deram te presente, e mesmo que haja pessoas achando que eu sou alguém ruim, eu ainda sim quero fazer o bem.

Até o Para Sempre- Especial: Nunca Vou Te DeixarOnde histórias criam vida. Descubra agora