E é por isso que estamos aqui, para que isso não aconteça mais.
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Lauren PVO.
Camila saiu a alguns minutos e logo outra enfermeira, uma loira entra no quarto.
- Você é Lauren Cabello-Jauregui? - Ela me olha de cima a baixo e por alguma razão eu não me senti à vontade com o olhar que ela me deu.
- Sim, sou eu.
- O Dr. Daniel está a sua espera.
Sigo aquela mulher por entre os corredores até parar na sala do Dr. Daniel Torrez, um homem moreno, alto, sentado com seus óculos de descanso sorrir ao me ver.
- Lauren, que bom que está aqui, seja muito bem-vinda. - Sorrio de sua generosidade. - Não é fácil admitir por conta própria que é hora de parar, estou feliz e orgulhoso de você. - É a primeira coisa que ele me diz quando me sento. Me remexo um pouco. - Quer falar um pouco sobre como tudo isso começou? - Um nó se forma em minha garganta, eu não era de me abrir para ninguém, era difícil conversas assim. Eu sabia que isso iria acontecer, mas agora me parece tão mais difícil.
- Eu perdi meu filho do meio. - Digo desconfortável. Ele apenas assente para que eu continue, como era difícil de sair às palavras, admiti-las em voz alta. - Foi quando tudo começou. - Pauso para respirar. - Eu perdi tudo, ou achava que tinha perdido, porque falta uma parte de mim. - Meus olhos se enchem de lágrimas e eu começo a chorar. - Desculpe.
- Lauren, aqui é um lugar seguro para você justamente falar de seus problemas. – Vejo sinceridade em suas palavras.
- É que perde-lo foi a coisa mais difícil que eu tive que passar até hoje, eu ainda chego em casa na esperança de vê-lo e tudo que vem na minha cabeça é a forma como ele morreu, e eu não consigo aceitar, eu não consigo aceitar que meu filho não está mais aqui comigo, foi tirado de mim. – O choro era incontrolável.
- Lauren, é muito cedo para dizermos alguma coisa, mas a depressão pós luto é muito comum, e as vezes as pessoas escolhem caminhos que não são seguros para lidar com isso. Faz quanto tempo que você anda usando? – Ele anota algo em seu caderno.
- Quase dois Meses. – Me sinto envergonhada de dizer em voz alta.
- Isso é bom, e eu digo que é bom para você, porque você procurou ajuda logo no início, imagina o trabalho que dá para quem é viciado a anos? Você é enfermeira, você sabe. - Eu assento com a cabeça. - Vamos iniciar com o Topiramato para a abstinência, e fluoxetina para ansiedade e seus sintomas depressivos, risperidona para suas alterações de humor e uma banda de diazepan só para você relaxar, ok?
- Ok. – Seria um tratamento e tanto, mas eu estava disposta.
- Quero te ver amanhã de novo. – Ele apenas sorri ao me retirar dali.
Camila PVO.
– Eu só não quero machucar mais ninguém, o que eu fiz não tem perdão, eu matei uma pessoa. - O choro já era evidente. - Todos estão me julgando porque eu estou livre, mas a verdade era que eu não queria está livre, eu não queria nem estar viva, pelo que fiz, eu não tinha o direito, eu tenho que pagar pelo crime que cometi.
- Camila, você está sofrendo uma pressão da sociedade muito grande, mas quem mais pressiona você, é você mesma, e é disso que a borderline gosta, de te sabotar, de te ver lá embaixo. Você fez algo, mas você não é o seu erro. Você precisa se perdoar para então seguir em frente. – Aquele homem era muito sábio nas palavras, penso um pouco nelas.
- Eu perdi um filho doutor, como eu posso seguir em frente depois disso? - Ele se ajeita na cadeira para escutar. - Primeiro eu vi o meu pai morrer sem poder fazer nada, e depois eu vi meu filho morrer, eu me sinto impotente, sinto que não posso proteger as pessoas que amo, sinto que sou um perigo para elas, como eu posso seguir em frente diante disso?
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Até o Para Sempre- Especial: Nunca Vou Te Deixar
Fiksi PenggemarA história relata as dificuldades de um casamento entre Camila e Lauren, elas prometeram que seria de agora em diante até o para sempre, mas quanto custaria esse sempre? Vem acompanhar esse especial do nosso primeiro livro, Até o para sempre: Nunca...