Capítulo 4-Wednesday

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Joey P.O.V.
Á quanto tempo eu não saia de casa ou recebia visitas?
Era difícil dizer. Dês de que me demitiram do Slipknot, quando ainda estava meio triste por Murderdolls ter dado um tempo, fiquei realmente triste, e puto com todos eles. De fundador só sobrara Shawn. E Shawn também parecia não ligar para mim. Fazia algum tempo também já que eu não via ou falava com Wednesday 13. Sentia saudades das conversas cheias de palavrões, das coisas sem nexo que ele dizia, e de tocar para a banda dele. Corey também me fazia falta. Mas ele era casado com Stephanie, e podia não ser com ela, mas tinha dois filhos, Angie e Eric. Eu me lembrava do seu corpo, do seu rosto, da sua voz rouca sussurrando que me amava, das noites que passávamos juntos, do seu cheiro, de tudo. "Você disse que nunca iríamos nos separar, Corey!" pensei comigo mesmo. Que espécie de bosta Corey tinha na cabeça, me dar uma bota da sua vida e do Slipknot? Ele não devia ter me visto assim ainda. Eu estava magro feito um anoréxico, fraco por falta de nutrientes, sujo por não ter forças para subir até o segundo andar, aonde estava o chuveiro, pálido como papel, minha pele estava frágil também por falta de algo que á nutrisse. Meu cabelo eu ainda tinha a vaidade de deixa-lo sempre até aonde estava, pela minha cintura, e essa era a única coisa que eu mantinha.
Eu ficava o dia todo no sofá olhando para o nada ou para a televisão, que geralmente me deixava depressivo e eu voltava á olhar para o nada, á desligando. Pedia fast-food e jogava a embalagem no lixo com comida dentro ainda quando pensava que sentia fome, e eu acabava vomitando assim que engolia. Eu ainda tinha uma blusa de Corey, que eu usava quase todo dia, e ficava sem blusa se ela fosse para lavar. Era idiota, eu sei, mas era um jeito de me lembrar dele. Eu tinha uma caixa cheia de cartas que eu nunca havia enviado, apenas para ele, com Jim, Chris e Sid, por carta, nos comunicávamos uma vez por mês, eles falavam sobre o comportamento dos novos baterista e baixista, diziam que não iam com a cara deles e falavam sobre Corey, provavelmente sem se lembrar que eu e Corey já ficamos juntos. Já praticamente namoramos, mas então ele jogou tudo fora.
Eu chorava todos os dias e todas as noites até desidratar por tudo o que havia acontecido. Quando me lembrava de Paul ainda vivo, era aí mesmo que eu começava á soluçar de tanto chorar. Eu estava novamente o que fazia na minha não-vida: olhando para o teto pensando no Slipknot, Scar The Martyr que eu também havia abandonado, no Murderdolls, e em Corey. Eu parecia uma adolescente que perdera um amor e queria se cortar por isso. Apesar de eu querer me cortar, não queria parecer uma adolescente, e foi naquela manhã de garoa que acordei determinado á mudar alguma coisa. Mas aconteceu o mesmo. Coloquei a blusa de Corey, desci as escadas, tomei água na cozinha e me joguei no sofá, mas assim que me joguei no sofá, ouvi a campainha tocar, mas ignorei, uma, duas, três, até que começou á apertar várias vezes sem parar e quem quer que estivesse atrás da porta, á esmurrou.
Eu não queria receber visitas depois de um ano sem nem sequer ver ninguém além da pessoa que entregava o fast-food.
-Quem é?-gritei, sem forças
-JOEY, SEU VIADO DE MEIO METRO, ABRE JÁ ESSA PORTA, SEU FILHO DE UMA PUTA, OU EU VOU ARROMBAR!-Ouvi uma voz rouca que reconheci imediatamente, pulei do sofá e abri a porta
-Wednesday!-falei, o abraçando antes que se desse conta
-Precisava demorar tanto pra abrir, nanico?-perguntou ele, seu típico sorriso sarcástico e trollão, mas eu ainda estava com o sorriso no rosto quando deixei espaço para ele entrar e se sentar no sofá.
-Desculpe.-falei-Quer comer ou beber alguma coisa?
-Não, obrigada.-disse ele, se sentando no meu sofá, tirando a guitarra e a mochila das costas-Joey, o que aconteceu com você?-perguntou ele, enquanto eu trancava a porta.
-Eu...-respirei fundo e me sentei á frente dele-Já deve saber que um ano atrás me demitiram do Slipknot...
-Claro que sei.-disse ele-Mas eu estava em turnê esse ano todo, e só agora que eu pude vir. Vim justo para ver se você estava bem.
-Eu estou bem.-falei, sorrindo
-Mentiroso!-disse Wednesday-Me dá essa blusa.
-O que?-perguntei, abraçando á mim mesmo
-Essa blusa não é sua, é do Corey Taylor.-ele se levantou-Tira essa blusa agora.
-Por que?-perguntei, fazendo biquinho
-Faz quanto tempo que você não lava essa blusa, ela deve estar fedendo.-disse ele
-Mas como você sabe?-perguntei-Como sabe que é do Corey, e como sabe se o Corey tem alguma coisa haver nessa história, aliás, como sabe que eu não lavo essa blusa á dois meses?
-Eu te conheço.-respondeu ele, então me pegou pelas mãos e fez eu me desabraçar, tirando a blusa de mim e á segurando pela ponta dos dedos longe dele-Eu vou lavar isso e dar um jeito nessa bagunça que você chama de casa.-ele me atravessou um sorriso-Vai lá em cima, toma um banho, lava esse cabelo de carvão aí e vê se relaxa, quero você aqui em baixo em exatamente uma hora e meia limpo e cheiroso, bem arrumado e com um sorriso no rosto, se não eu vou te torturar.
Ele começou á me empurrar em direção ás escadas.
-O que te deu para me dar ordens agora, Treze?-perguntei
-Eu estou vendo que você está mal.-disse ele-E apesar de eu cantar Dark Punk, eu me importo com o meu melhor amigo. Agora vai lá pra cima e lava esse cabelo!-disse ele
Então reparei que ele era Wednesday 13, o que eu conheci, meu melhor amigo, não era mais country, seu cabelo era longo e sedoso, ele tinha piercings e estava de jaqueta de couro e calça jeans larga cheia de spikes e correntes, usando coturnos e munhequeiras.
-Tá olhando o que, Joey?-perguntou ele, estalando os dedos na frente do meu rosto-Anda logo-ele bateu palmas e apontou para cima-Vai pro banho. Seu tempo está correndo!
Corri para cima sem a menos animação, então me lembrei que estava sem camisa, e só quando cheguei lá, reparei que estava sem blusa, e corei, com sorte sem ele ver, por que todo o meu sangue pareceu subir para o rosto.
Entrei no meu quarto e tranquei a porta, ele tinha razão. Eu precisava melhorar. Aproveitei a disposição que estava comigo de manhã e fui em direção ao banheiro já tirando as calças, cheguei no banheiro tirando a cueca enquanto fechava a porta, entrei debaixo do chuveiro, e depois de tanto tempo, tive a ótima sensação de sentir meus cabelos molhados.
Usei muito shampoo, deixei meu couro cabeludo sensível, de tanto que esfreguei, depois lavei o corpo enquanto deixava o condicionador agir e logo em seguida o enxaguei, então finalmente estava limpo[Aleluia, irmãos!], já havia se passado vinte e cinco minutos que eu entrara no banho, sobrando uma hora com a minha pequena demora no andar de baixo, então peguei rapidamente uma roupa limpa, calça jeans preta, com correntes também, jaqueta jeans preta, munhequeiras pretas, meu amado coturno, uma blusa preta do Iron Maiden e me vesti com o que havia pegado, claro que me secando antes. Passaram mais vinte minutos, escovei e sequei meu cabelo com o meu antigo secador, enquanto observava o disco de platina do Slipknot pendurado na minha parede, saí de meus devaneios, passei lápis de olho, uma coisa antes indispensável, peguei minha carteira, sabendo que sairíamos, e meu celular, que eu mantinha ali só de precaução, mas havia mudado o número, não havia como ninguém que era antigo conhecido me localizar.
Eu fizera tudo em exatas uma hora e vinte minutos, assim que saí do quarto, Treze, como eu o chamava, passou correndo por mim e entrou no meu quarto, ajuntou toda a roupa suja e a sujeira e passou novamente por mim como um raio, assim que desci as escadas, meu queixo caiu, minha casa parecia a de uma pessoa normal. Limpa.
-Treze, você é um anjo!-falei, ficando na ponta dos pés e virando para abraça-lo
-Ok, ok.-disse ele, retribuindo o abraço-Agora, você precisa comer.-ele colocou a mão na minha barriga-Vamos á algum restaurante, leve sua guitarra, depois vou te fazer uma surpresa.
-Minha guitarra?-perguntei
-Sim.-respondeu ele, pegando a dele, que deixara ao lado do sofá
-Acho que a minha está sem cordas.-falei-Á torturei demais, tocando direto por quatro meses sem trocar as cordas.
-Joey, sua anta!-disse ele-A vida útil de uma corda de guitarra é três meses, caralho!
Dei de ombros, tentando fazer uma cara fofinha, mas magro do jeito que estava, não deveria ter ficado fofo.
-Vai lá buscar, porra, depois de comer, vamos comprar cordas novas!-disse ele
Desci até o meu porão, onde eu tinha esperança de achar minha guitarra favorita, uma preta com branco que me acompanharam em vários shows. Coloquei-a, sem cordas, em um estojo, e á pendurei nas costas, colocando algumas palhetas na bolsa na bolsa da frente, então subi para a sala novamente, aonde meu amigo me esperava, cantarolando Let's Fuck enquanto lia uma revista de cabeça para baixo, o que achei meio suspeito. Ele jogou a revista por cima do ombro, então indicou que iríamos, abri a porta, deixei ele passar e saímos caminhando, cantando I Love To Say Fuck sem nos importarmos com as pessoas nos olhando, então rindo, entramos em uma lanchonete, ele pagou nuggets para nós, um balde bem cheio de nuggets, e fomos comendo no caminho da loja de música, á quatro quadras dali, eu já me sentia melhor quando jogamos o balde fora e lavamos a mão no bebedor de um parque, e saímos cantando I Love to Say Fuck novamente que nem dois retardados, um grupo de garotas veio até nós, demos autógrafos e tiramos fotos, então elas nos deixaram ir e caminhamos até a loja, desta vez, chegamos lá e fomos parados por muita gente da loja, demos uma porção de autógrafos, até para o atendente, que era fã de Murderdolls, compramos as seis cordas para a minha guitarra e vazamos. Então só fomos parados por mais duas pessoas e chegamos ao estúdio, que era a surpresa, e subimos de elevador até a cobertura, para o estúdio reservado para nós, mas chegamos lá e tinham três pessoas lá entro conversando, uma garota nova na bateria, brincando com os pratos, de repente mostrou o dedo do meio para os outros dois que estavam ali, um garoto e uma garota, o cara com um baixo e a garota com uma guitarra.
A garota na bateria não passaria de vinte anos, olhos azuis vibrantes, tinha o cabelo raspado do lado, azul, usava piercing na boca e uma argola no lado do nariz, juntamente com uma outra maior no meio do nariz, usava luvas sem dedos pretas com listras azuis, calça xadrez azul e preta também, mas não era jeans, era outro tecido, com coturnos pretos, uma jaqueta jeans pendurada na cintura, uma bandana junto á jaqueta, uma blusa regata com a carinha do Nirvana em azul, e uma touca na cabeça, mesmo assim deixando aparente o cabelo raspado do lado.
A garota na guitarra tinha o cabelo loiro escuro com as pontas vermelho vivo, usava lentes para deixar os olhos vermelhos, uma jaqueta de couro cheia de Spikes, assim como a calça jeans preta, tinha cerca de vinte e cinco anos, usava uma blusa do Satyrica com um boné surrado virado para trás do Motorhead[É assim que se escreve?], all star personalizado, escrito um monte de coisas, e munhequeiras pretas, com um anel em cada mão, na mão direita de caveira e na esquerda um que parecia um alargador com uma corrente em volta.
O garoto também tinha uns vinte e cinco anos também, tinha olhos negros com besouros e cabelo loiro claro, uma franja lhe caia sobre a cara, ele usava uma bandana preta, outra estava amarrada em sua calça jeans azul, e usava um moleton do ACDC preto, e all star normais.
-Ei, Wendy, manda eles se foderem.-disse a garota do cabelo azul-Tão me enchendo o saco.
-Calma, Katie, agora deixa eu apresentar á vocês, esse aqui é o meu amigo, Joey Jordison.-falou Wednesday, me deixando passar para dentro do estúdio.
O queixo da garota de cabelo azul, que provavelmente se chamava Katie, caiu, quase encostando no seu peito, assim como os queixos dos outros ali na sala.
-Wendy!-gritou Katie-Por que você trouxe O MEU ÍDOLO pra cá?
Sorri com o que ela disse, Wednesday riu.
-Bem, eu convidei vocês para entrar no Murderdolls, e Murderdolls não é Murderdolls sem o Joey.-disse ele-Foi ele que compôs a maioria das músicas.
-Não exagera.-falei, tirando a guitarra das costas-Afinal, o que é isso?
-Bem, eu estava planejando voltar á tocar com o Murderdolls, mas nenhum dos antigos, nem dos antigos antigos concordou em voltar, então eu chamei eles.-ele olhou para Katie-Essa ali é a Katie Grohl, a filha do Dave Grohl.
-Oee.-disse ela
-Esses ali são Nathalya, ou Nath, ela é uma guitarrista lendária do Brasil, recentemente se mudou para cá, e aquele ali é o Kristian. É melhor chamar ele de Krist.
Os dois acenaram, e retribui aos três com um aceno de cabeça, enquanto tirava as cordas e a guitarra, e coloquei as cordas na guitarra enquanto conversávamos, improvisamos algumas músicas, Katie era realmente rápida nos pedais e nos braços, Nathalya tinha um ótimo ouvido para os próprios erros, e Krist era bom no baixo e na zueira, um grande mente suja. Eles realmente me impressionaram, depois Katie pegou um autógrafo meu em suas baquetas, pedimos uma pizza que Wednesday pagou e depois eu e ele voltamos para a minha casa e os três que lá estavam pegaram um táxi e foram todos para suas casas.
Eu me sentia muito melhor com Wednesday por perto, já quase havia me esquecido de Corey e do Slipknot, mas eles sempre voltavam á mente. E eu ainda estávamos muito putos quando chegamos em casa e tranquei a porta, tirei a guitarra das costas e me joguei em um sofá, Wednesday se jogou no outro.
-Ei, Joey!-chamou ele-Será que eu posso passar uns dias aqui?
-Ahn? Claro que sim, Treze, mais por que?-perguntei
-É que eu briguei com a Roxanne.-disse ele-A casa é minha, mas a primeira pessoa em quem pensei foi você.
-Eu sei que é chato perguntar.-falei-Mas por que vocês brigaram?
-Ciúmes.-disse ele-Ela tava com ciúmes de mim.
-Ah...-falei, meio sem jeito
-E você?-perguntou ele-Alguma notícia da Amanda?
-Não quero nem saber dela.-respondi-Vagabunda, idiota.
-Nossa, pra que isso?-perguntou Wednesday, se sentando
-Ela estava me traindo.-falei-Meu chifre quase entortou minha cabeça.
Ele riu.
-Ok.-riu mais-Sabe que eu não te trairia.-Falou ele, com a voz mais gay possível
-Claro que não, amorzinho.-retruquei, também com uma voz gay.
Rimos a noite toda, falando umas zoeiras e colocando tudo o que tinha pra falar para fora, bebemos uma ou duas cervejas cada um, e continuamos zoando, um pouco bêbados, até resolvermos subir e dormir, ele no quarto de hóspedes e eu no meu, dormi pesadamente, sem me importar em tirar a calça e a blusa e dormi com aquela roupa mesmo, pensando em como ele conseguira me alegrar apenas com sua presença.

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