O Palácio

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O palácio ficava bem longe da Arena, eu teria que correr até lá se quisesse chegar a tempo. Quando faltava meia hora para escurecer, eu parei em frente à entrada. Dois guardas estavam do lado de fora e assim que me aproximei, eles mandaram eu ficar onde estava.

- Nome? - perguntou um deles.

- Dalia Evans. Vim para o trabalho na cozinha. - disse, minha voz levemente nervosa, como qualquer criada estaria diante da guarda.

Ele disse para eu acompanhar um outro guarda que estava no portão. Quando cheguei lá, atravessamos o portão, andamos um tempo. Eu não sabia onde estávamos indo, mas não deixei meu nervosismo aparecer. Chegou um momento que o cara parou em frente um túnel de pedra e disse para eu descer as escadas que estariam me esperando lá. Eu sabia que havia outras entradas para dentro do palácio, só não sabia porque estávamos usando essa. Fiquei preparada para qualquer tipo de armadilha enquanto descia as escadas.

Assim que cheguei no final, havia duas mulheres e um guarda.

- Estávamos te esperando. - disse o guarda.

- Desculpe se me atrasei. - disse de cabeça baixa.

Ele não respondeu, apenas fez algumas perguntas a mim e pareceu achar minhas respostas satisfeitas, pois pediu para que seguíssemos andando pelo corredor. Viramos vários corredores que fiz questão de não ignorar. Eu olhei em volta e avaliei as meninas. Todas pareciam ter a minha idade. Uma tinha a pele tão clara que parecia papel, outra tinha a pele escura e cabelo preto enrolado em um coque. Elas não sorriram para mim quando nossos olhares se encontraram, apenas me ignoraram.

Saímos em uma cozinha. Havia duas senhoras, uma no fogão de lenha e outra batendo em uma massa.

- Essas são as novas ajudantes. Estão sob o comando de vocês. - disse o guarda e simplesmente saiu. Parecia que queria se livrar de nós o mais rápido possível.

Eu quase ri. Talvez o Azriel tivesse razão. Era tão fácil assim? Se eu soubesse teria feito isso antes.

- Qual o nome de vocês? - perguntou uma das senhoras. Ela usava uma touca e um vestido simples.

- Mariel Bastão. - disse a menina branca como papel.

- Eu sou Laile Gutiérez. - disse a outra.

- Sou Dalia Evans. - respondi.

- Foram vendidas ou se ofereceram? - perguntou.

Ninguém disse nada por um momento, até que a Mariel disse que foi vendida.

- Meu pai teve que me vender para conseguir dinheiro o suficiente para colheita. - ela explicou isso com um tom tão quebrado que fiquei triste por ela.

- Eu fui vendida pelo meu irmão. - disse Laile, ela não explicou o motivo e ninguém pergunto.

Quando vi que estavam todas me olhando, respondi:

- Não fui vendida, me ofereci. - disse simplesmente.

A velha me olhou de cima a baixo. Como se eu tivesse dito a coisa mais estupida que ela já ouviu.

- Então você acabou de fazer a maior burrada da sua vida. Vocês três tem um rosto bonito demais para essa Corte. - disse mal humorada.

Nenhuma de nós falou nada.

- Deixa disso, Cornélia. - disse a velha, era a primeira vez que ela falava. - Sou a Madalena, sejam bem vindas a Casa. Vou apresentar onde vocês vão ficar e depois já vou passar as tarefas. - ela fez um sinal para seguirmos.

Corte de Sombras e Segredos - AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora