Objeto mágico

30 1 0
                                    


Duas semanas haviam se passado e eu não tinha saído do palácio desde aquele dia, então não sabia o que estava acontecendo do lado de fora.

Tudo parecia diferente depois daquele massacre. O palácio parecia vazio, mas eu sabia que estavam todos ali. Ninguém falava sobre o ocorrido, mas todos estavam mais contidos de alguma forma.

O Grão Senhor não se manifestou, mas ninguém tentou nada contra ele ou o palácio. Todos pareciam estar vivendo o próprio luto e ainda raciocinando o que aconteceu.

O que o Beron fez apenas nos lembrou que na Outonal o Grão Senhor era escolhido pelo tamanho do poder e que se o Beron estava no comando, devíamos ter medo dele.

Eu não tive notícias do Azriel, mas eu já esperava por isso, visto que era eu que sempre procurava por ele. Nem mesmo sabia se ele estava na Corte Outonal depois de tudo.

Eu estava passando por um corredor da ala oeste quando ouvi dois feéricos conversando. Eu rapidamente me escondi atrás de uma enorme pilastra na esquina do corredor.

- Você não está no comando. Eu não sigo suas ordens. – disse o feérico.

- Já perdemos aquelas crianças da Invernal. Eu posso não estar no comando ainda, mas tenho mais poder do que você. O que meu pai acharia se eu dissesse que você roubou uma das feéricas que devia ter vindo para cá? - disse o outro.

Eu conhecia aquela voz. Era Akin, irmão de Eris, o que pegou Mariel.

- Eu não fiz isso. - disse o outro.

- Será que não fez? - ameaçou ele. - Eu me lembro de ter contado todos os papeis. E pelo o que me lembro, faltava um na mesa do meu irmão. - disse Akin. O outro feérico não negou.

- Não posso ir contra a ordem de um Grão Senhor e nem mesmo do seu irmão. Eu nem mesmo sei se os documentos estão lá...

Akin bateu a cabeça do feérico na parede.

- Você vai entrar naquele escritório, encontrar aqueles documentos e trazer até mim. Todos os documentos de compra e venda de feéricos devem estar lá. - Akin soltou o feérico e se afastou. - Dê o seu jeito. Você tem quatro dias.

Eu nem mesmo respirava enquanto o irmão do Eris ia embora, felizmente para o lado contrário que eu estava. Minha cabeça girava enquanto eu tentava raciocinar.

"Todos os documentos de compra e venda de feéricos devem estar lá."


Quando chegou à noite, fui para a ala que eu sabia que ficava o quarto do Eris. Eu não fazia ideia qual era o escritório dele que ficava esse tipo de documento, mas todos os quartos também tinham escritórios, então arrisquei.

Quando bati na porta do quarto e ninguém respondeu, estava vazio. Passei por ele e fui direto para o escritório, que por incrível que pareça, estava aberto.

O escritório estava completamente organizado, então comecei a procurar pelas gavetas. Mas não encontrei nada, nenhum documento.

Meu olhar parou na lixeira. Havia um papel amassado. Peguei. Estava em um idioma que eu não conhecia, um idioma antigo. Não conseguia entender nada.

Guardei o papel na minha roupa. E comecei a vasculhar as prateleiras. Um dos livros que estava na ponta caiu no chão.

Eu parei olhando para porta, com medo de alguém ouvir, mas ninguém veio.

Peguei o livro para colocar de volta no lugar e percebi que havia um fundo falso ali. Um cofre. Tentei abri-lo, mas estava trancado. Tentei procurar por alguma coisa que eu pudesse abrir, mas não havia nada. Comecei a me desesperar. Eu cheguei tão perto, não sairia daqui ser abrir aquele cofre.

Corte de Sombras e Segredos - AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora