Eu não sabia por onde começar a procurar os documentos que o Azriel queria. Mas quando fui encaminhada para limpar o lado do Beron do Palácio, então comecei pelo lado dele.
Eu limpei rapidamente dois quartos e entrei em um dos escritórios. Era até engraçado como os Vanserra nunca trancavam os escritórios, a arrogância deles ainda iam mata-los.
Comecei a procurar pelas gavetas, mas não encontrei nada demais, apenas documentos de comércios sobre algumas joias com a Corte Estival. No final, sai de lá frustrada e fui limpar outro quarto.
O dia passou e eu consegui entrar em mais três escritórios, um estava vazio e os outros dois não havia nada de útil.
No Palácio provavelmente havia centenas de escritórios, eu não poderia ficar passando de um em um, precisava escolher os que eu achasse mais importante.
Eu estava indo para o quarto quando encontrei com o Eris.
- Ia te procurar. - falou ele.
Eu franzi a testa.
- Me procurar? - perguntei.
- Vem comigo. - ele fez sinal para eu segui-lo. Eu não me mexi. - Vai ser rápido. - continuou ele.
Eu ia negar, mas se ele queria me mostrar algo, talvez fosse importante.
- Para onde está me levando? - perguntei enquanto andávamos pelos corredores escuros.
- Você vai ver quando chegarmos.
Eu reconheci o caminho que estávamos fazendo.
- Você está me levando para o seu quarto? - perguntei incerta.
Ele riu.
- Bem que você gostaria, né?
Fiz uma careta, mas não fomos para o quarto, fomos para o lago.
- Por que me trouxe aqui novamente? - perguntei.
- Vi você entrando no escritório do Beron.
- Eu estava limpando. - disse.
Ele suspirou. De alguma forma ele parecia saber que eu estava mentindo e parecia triste por isso.
- Qual é o seu poder? - perguntou ele.
Eu olhei confusa pela mudança de assunto.
- Não tenho nenhum.
Ele ficou em silencio por um tempo.
- Vou terminar de te contar aquela história. - disse ele.
Nós nos sentamos na beira do lago e ele começou:
- "Depois que a esposa morreu, ele não ligou para morte dela, estava muito ocupado com a própria ganancia. Ele era um rei, poderia fazer e ter o que quisesse. Mesmo tendo tudo, ele queria mais, só não sabia o que exatamente. Ele não estava satisfeito, sentia que precisava de alguma coisa.
Os filhos estavam de luto, colocavam a culpa no pai. O mais novo estava transtornado, pois no último suspiro a mãe chamou pelo marido e ele não estava lá por ela. Um dia, passeando pelo castelo ele encontrou o objeto mágico. Ele ficou paralisado olhando para o objeto, conseguia sentir o poder mesmo sem toca-lo. Já tinha ouvido diversas histórias que a mãe contara inúmeras vezes. Ele não sabia se ia funcionar, mas decidiu fazer um pedido. Ainda de luto e com raiva do pai, desejou que fosse o homem mais poderoso do mundo e em um passe de mágica, ele se tornou.
O filho se tornou mais poderoso que o pai, mas o pai ainda era muito poderoso. O filho, ainda com raiva do pai, tentou destruí-lo. Os dois começaram a guerrear. Os humildes sofrem quando os poderosos combatem entre si. Uma guerra enorme aflorou todo o reino. Crianças ficaram sem pais, pais ficaram sem filhos, pessoas morreram. Fome, dor e luto assolava o reino. O filho, ainda novo e bondoso, cansado de ver tamanha tragédia levantou uma bandeira de paz.
O filho sugeriu dividir o reino em dois, mas para o pai só poderia existir um reino e um rei. O povo nunca pensou nele, por que ele pensaria no povo? Então o pai declarou que a guerra continuava."
- E então? - perguntei.
- Outro dia. Você devia sair agora.
Eu sabia o que ele estava fazendo. Cada vez que ele deixava a história pela metade, tinha um motivo para me trazer aqui de novo, mas eu queria voltar. Então peguei a deixa, levantei e fui embora.
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Corte de Sombras e Segredos - Azriel
Hayran KurguEu corria deles, cada vez me esgueirando mais para dentro da floresta, minhas pernas gritavam por descanso, mas continuei correndo. Quando percebi que não vinha nenhum som atrás de mim, eu parei e olhei. Quase ri ao perceber que eles ainda não me al...