Prólogo

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Ela observou o próprio reflexo no espelho, tentando entender como foi que acabou chegando naquela situação e como conseguia estragar de bom em sua vida. Por que era assim? 

"Porque foi dessa forma que te criaram para ser", as vozes de seu passado fazem questão de lembrá-la e Natasha se odiava por ainda deixá-las terem tanto poder sobre a forma como ela vivia a própria vida. 

Foi a primeira vez que ele não voltou para ela, foi a primeira vez que permitiu que Natasha o afastasse e por isso o sentimento de vazio era tao grande. A culpa deles se encontrarem tao perdidos agora era dela. 

Ele tinha tentado, todas às vezes ficara ao lado dela, cada segundo em que precisou Steve Rogers estava pronto para defendê-la. Mesmo quando não eram tao próximos ainda salvou sua vida e ele aprendeu a amá-la, amava tanto que não importava quantas vezes tentou o afastar, seu Capitão América sempre voltava para seus braços. 

Até agora. Parece que finalmente tinha pisado na bola definitivamente e finalmente conseguiu o que queria. 

Provavelmente aquele afastamento seria para o melhor, agora ele podia arrumar alguém que realmente fosse digno de se declarar a namorada do queridinho da América. Mas por que tinha que doer tanto imaginar um futuro assim?

Pegou a arma em cima da cama e atirou diversas vezes contra o espelho. Gostaria de descontar toda a raiva que sentia em si própria, mas não podia no momento, outras pessoas ainda contavam com ela e não podia decepcioná-las da mesma forma como havia feito com o amor da sua vida. 

 — Por favor, diga que está viva e que não vou ser obrigado a contar para os outros que você se matou — a voz de Tony Stark a faz revirar os olhos.

— Estou viva, Tony — respondeu e antes que ele possa fazer outra pergunta continua — E quero ficar sozinha. 

— Todo mundo já está pronto para a missão, estamos esperando você —  Stark diz, mas lhe dá os cinco minutos que ela precisava para se acalmar e tomar coragem para o que estavam prestes a fazer. 

Depois de jogar para longe a arma, sentou-se no chão e escondeu o rosto entre as mãos. Sem acreditar em quê tinha se metido. Sempre se achou tao corajosa e em todos esses anos enrolando-o nunca nem tinha admitido em voz alta que o amava. Cada vez que se sentia próxima o suficiente de conversar com Steve sobre isso, dava um jeito de fugir. Arrumava alguma missão suicida e demorada, desta forma ocupava uma parte gigantesca de seu tempo, podendo ignorar seus sentimentos, ou então morreria e ficaria tudo bem para todos. 

Tinha certeza que Steve ficaria triste, mas acreditava que conseguiria seguir em frente em algum momento. Achava que os colegas o ajudariam nisso, mostrando que no fim das contas, não era ela a pessoa certa. 

A verdade é que Natasha também não conseguia viver na sombra de Peggy Carter. Saber que aquela havia sido a primeira mulher que Rogers amou tornava sua mente uma bagunça ainda maior. Quando se conheceram ele ainda estava tao preso a agente Carter, carregando aquela bússola para todos os lados, que Romanoff só conseguia pensar em que momento seguir em frente lhe pareceu uma opção. 

Melhor ainda, não importava quantas vezes Steve dissesse, as inseguranças da ruiva jamais permitiriam que acreditasse plenamente que era ela quem ele queria ao seu lado. Independente dos problemas, do passado conturbado, de todo o vermelho em sua lista pingando como o sangue das vitimas que fez ao longo dos anos. 

Margareth Carter era exatamente o tipo de mulher que Natasha conseguia imaginar ao lado de Steve e às vezes aquelas vozes da sua cabeça diziam que ela só estava ali para tapar o buraco que ficou, que se viagem no tempo existisse seu namorado não pensaria duas vezes antes de trocá-la por alguém que fora muito melhor. 

Romanoff pegou o telefone ao seu lado e discou o número que já havia memorizado, esperando que Rogers atendesse, mas mais uma vez caiu na caixa postal. Fazia horas que tentava falar com ele e em nenhuma momento seu desejo foi atendido.

Foi quando Natasha começou a perceber o tamanho do dano que havia causado. Como mais uma vez havia machucado alguém que amava e tentava novamente encontrar razoes para tudo isso. Sabia que era por esperar que ele nunca a abandonasse, que continuaria aturando aquele relacionamento em que os dois discutiam os problemas de forma calorosa, para simplesmente esquece-los em seguida. Nunca se resolviam de verdade. 

Porque ela sabia que, apesar de tudo, eles se amavam para caramba. 

 

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