You still haven't met the good part of him

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Sabe aqueles dias em que você chega ao colégio se arrastando, como se tivesse corrido uma maratona? É exatamente assim que me sinto hoje. Apesar de gostar das aulas e até do lugar, a insônia de ontem me derrubou. Passei a noite em claro porque o meu vizinho decidiu fazer o quarto dele de um show de rock. Tocou guitarra a noite inteira e para o meu azar, nossos quartos ficam de frente um para o outro. Agora, a única coisa que consigo pensar é como seria bom estar em casa, enfiada debaixo das cobertas, dormindo como uma pedra.

Os colegas conversam em sussurros, criando um zumbido que ecoa, enquanto as cadeiras rangem e mochilas são abertas. O professor Richard, sempre sério, está na frente da sala, gesticulando enquanto fala sobre disciplina, mas a voz dele parece tão distante. Estou com a cabeça apoiada nos braços, quase dormindo, e deixo que o cansaço me domine. A luz fluorescente acima cria um ambiente sonolento, refletindo em meu rosto cansado.

— Sina? — A voz do professor me arranca do torpor. Estou tão perdida que levei um susto.

— Oi, professor. — Com certeza estou parecendo um panda com essas olheiras. Um suspiro involuntário escapa ao lembrar do meu vizinho barulhento. Se eu matá-lo por fazer barulho depois das onze, ainda serei presa?

— Sina, é a segunda vez que te encontro dormindo em minha sala.

— Desculpa. — A culpa não é minha se meu vizinho acha que é o novo Jimi Hendrix. Se ele estivesse no meu lugar, com certeza me chamaria de "corajosa". Olha só, estou aqui, morrendo de sono, e ainda vim assistir à aula dele.

— Senhorita Sina, você é a melhor aluna da classe. — Ele sorri, mas sinto os olhares dos meus colegas queimando na minha nuca. — Não mude isso.

— Acho que teremos que mudar o nome da Nerd; agora ela é oficialmente Sonolenta.

A voz dele. Noah Jacob Urrea. O garoto perfeito, amado por todas, mas que para mim é só uma dor de cabeça. E, para piorar, ele é MEU VIZINHO, o mesmo que toca guitarra até as três da manhã, destruindo meu sono. Além de vê-lo na escola, ainda tenho que ouvir suas "músicas" que, vamos ser sinceros, soam mais como gritos de um gato sendo pisoteado. Nunca troquei uma palavra com ele desde que se mudou para a Alemanha, onde moro. Noah parece adorar me irritar; é como se fosse um hobby para ele. Seus apelidos maldosos e brincadeiras sem graça me deixam a ponto de explodir. Minha paciência está se esgotando, e até agora nunca quebrei o nariz dele... mas, olha, não seria uma ideia tão ruim.

— Senhor Urrea, pode ficar em silêncio, por favor? — Agradeci mentalmente ao professor. — Como eu estava dizendo, amanhã teremos um passeio com a turma. Vai ser inesquecível.

Inesquecível? Não vou.

— Valerá ponto.

Quer saber? Vou sim. Um ponto a mais no boletim é tudo o que preciso.

— Bem, estão dispensados, pessoal... amanhã conto com todos. — O professor Richard, com seu 1,55 metros de altura, anuncia com uma seriedade que só ele consegue. O aviso se espalha pela sala, e a turma começa a se agitar, as cadeiras rangendo no chão de madeira. Sinto uma pontada de ansiedade. Não tenho amigos aqui, e a ideia de um passeio sem companhia parece um pesadelo, mas enfrento tudo por um pontinho a mais.

Arrumei minhas coisas apressadamente, tentando ignorar o barulho da turma saindo. Assim que terminei de guardar meus cadernos, saí da sala, ansiosa para chegar em casa.

— Oi, Sina.

Levei um susto com a voz masculina que ecoa atrás de mim. Quando me viro, é Noah, com seus cabelos pretos bagunçados e olhos verdes que parecem brilhar. Fico em silêncio. Nunca sei o que dizer perto dele. Ele sempre diz que o gato comeu minha língua, mas a verdade é que não gosto de perder tempo com idiotas.

— Minha mãe pediu para te entregar isso. — Ele estende a mão, mostrando um envelope. — Pega. — O sorriso dele é provocador, como se estivesse se divertindo à minha custa.

O encarei por alguns segundos, a desconfiança pulsando. Com certeza é uma pegadinha; da última vez que ele fez isso, abri uma caixa e encontrei uma barata. Tentei andar rápido, mas senti minha mão ser puxada.

— Ei, Deinert, qual é? É minha oferta de paz. — Ele me olhou com um sorriso provocador.

— Não! — A palavra sai mais ríspida do que eu pretendia. Volto a me afastar, tentando ignorar a urgência de sair dali.

Noah consegue ser insuportável. Estou tão cansada dessas brincadeiras sem graça. Ele me persegue de todas as formas, como uma pulguinha irritante. Tantas garotas legais para ele, e ele fica em cima de mim. Só de pensar nele me dá ânsia de vômito. Olhei para o estacionamento da escola e vi minha mãe. Agradeço a Deus que ela está ali; pelo menos Noah não vai me perturbar enquanto espero.

— MÃE! — Abri a porta do carro e me joguei no banco.

— E aí? — ela pergunta, sem tirar os olhos da estrada.

— Tudo normal. — Fechei a porta e mamãe começou a dirigir. — Mãe, amanhã tem passeio na escola. Posso ir?

— Claro! — Ela sorri, ainda concentrada na estrada. — Confio em você, filha. Você não é como algumas pessoas que têm vento na cabeça em vez de cérebro.

— Obrigada! — Respondo, um pouco mais animada, mas a ansiedade logo retorna.

— E como está o filho da Wendy?

Mamãe se refere a Noah. Wendy e minha mãe são amigas, eu acho. Não tenho muitos amigos, então não sei como é ter um, mas Wendy, a mãe do Noah, é próxima da minha mãe.

— O de sempre. — Revirei os olhos, pensando nas mil e uma maneiras de descrever Noah. — Metido, chato, irritante, exibido... E eu ainda tenho vontade de matá-lo.

— Oh filha... você não está exagerando?

— NÃO! — Berrei um pouco, sentindo a frustração subir. O que mais me incomoda é que mamãe sempre acha que Noah é um santo, como se tivesse asas. — Mãe, Noah Urrea é a pessoa mais insuportável que eu conheço.

Um silêncio pesado tomou conta do carro; minha mãe ficou quieta, mas eu sabia que ela ia falar.

— Talvez você ainda não conheça o lado bom dele.

A frase ecoa na minha mente, mas a ideia de um lado bom em Noah me irrita ainda mais. O que ela quer dizer com isso? A imagem de Noah, com aquele sorriso arrogante, aparece instantaneamente. Sinto uma mistura de raiva e confusão. Não, ele não tem nada de bom. É só um garoto que adora me perturbar.

O carro desliza suavemente pela rua familiar, mas a incerteza em meu coração parece um peso, me fazendo questionar se, talvez, o passeio de amanhã possa ser mais do que apenas um ponto a mais no boletim. Mas não, isso é impossível. Noah estará lá, e ele vai estragar mais um momento.

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𝗔 𝗟𝗔𝗚𝗢𝗔 𝗔𝗭𝗨𝗟 - 𝑵𝒐𝒂𝒓𝒕 Onde histórias criam vida. Descubra agora