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☽【ᗰᵢ𝚗】☾

— Onde eu estou? — pergunta Minho, finalmente abrindo os olhos.

Ele parecia atordoado e confuso, mas é compreensível, ele desmaiou no meio da aula e bateu a cabeça no chão.

— Que bom que você acordou, já estava ficando preocupado. Não faça mais isso de novo por favor — Jisung chorava e batia levemente nos braços do Lee.

Eu estava sentado na cadeira vermelha da enfermaria com os braços cruzados e as pernas também. Desde o acontecido eu não sai do lado dele, eu não conseguia sair, algo me prendia dentro dessa sala, mas eu não sei exatamente o que é.

— A gente está em um hospital? — ele pergunta lentamente, ainda tentando raciocinar o que estava acontecendo.

— Estamos na enfermaria — respondo friamente.

Ele finalmente me olha. Minha cara de raiva é perceptível, ele deve ter notado isso.

— E por quê eu ouvi sirenes? — mesmo tendo desmaiado, sua audição pode ter demorado a desligar como o resto do corpo.

— Foi o Hyunjin — digo.

— Em minha defesa, eu estava nervoso! — ele estava sentado no chão com as pernas de "índios", como as pessoas costumam falar quando a gente é menor.

A enfermeira entra dentro da sala com um caderninho em sua mão. Ela se aproxima do Lee e começa a medir sua temperatura, pulsação e batimento cardíaco.

Ela faz algumas perguntas para ele, como: quantas horas você dorme por dia?, ou, você se alimenta direito?

Todas as palavras que ele fala eu anoto mentalmente em minha cabeça, em uma tentativa de tentar descobrir o que havia de errado com ele. Quando percebo o que eu estou fazendo, paro na hora, eu odeio ter essa mania. Como um filho de médico, eu acabo aprendendo e decorando várias coisas sem sequer desejar.

— Bom... — a enfermeira começa — você está muito estressado e muito preocupado ao mesmo tempo.

Eu sabia. Minhas anotações mentais do que ele falava não estavam equivocadas.

— Você tem que descansar. Não se preocupe tanto. Eu vou te liberar do resto das aulas de hoje, mas a partir de amanhã, você tenta controlar isso. Quando você chegar na fase adulta, isso vai se tornar um grande incômodo.

Ele concorda, mas mantém seu olhar para baixo. A enfermeira sai da sala e um silêncio estranho fica ali dentro.

**

Nós quatros estamos sentados na grama do lado sul do colégio. Alguns pertences nossos estão no meio da roda que formamos com nossos corpos.

Desde que saímos da enfermaria, Minho não falou uma única palavra. Podia ouvir daqui o barulho das engrenagens dentro do cérebro dele trabalhando e formando pensamentos.

Jisung e Hyunjin conversavam animadamente, mas eu não conseguia prestar atenção neles, eu só ficava olhando para ele, o garoto do café.

— Vocês estão ansiosos para a gente usar a piscina amanhã? — Jisung pergunta.

Na educação física, existe um dia na semana em que a gente vai nadar. Estou sim ansiosa, deve ser algo legal de se fazer.

— Muito. Vou poder mostrar ao mundo minhas habilidades de sereia — Hyun fala, arrancando a risada de todos da roda, até do Lee. Sorrio involuntariamente ao ver suas risadas.

— Vocês já sabem o resultado do teste de vocês? — pergunta Min, se dirigindo a nós por palavras pela primeira vez.

— Ainda não — falo — Vai sair hoje, só não sabemos quando.

***

Eu estava sozinho na biblioteca, anotando algumas partes importantes das matérias que tivemos hoje. O lugar estava relativamente vazio, olho o relógio e o ponteiro marcava oito da noite. Está ficando tarde.

Enquanto o resultado para o grupo principal de dança não sai, eu decido ocupar a minha mente, e nada melhor do que fazer isso em um lugar silencioso, com uma boa música no fone.

Alguém se senta na minha frente e eu levanto a cabeça para ver quem é. Era ele. Lee Minho estava na minha frente. Ele sorriu e pediu para que eu tirasse o fone, o obedeci e parei de escrever, prestando atenção no garoto a minha frente.

— O que você está fazendo aqui a essa hora? — ele diz.

— Fazendo resumos... e você?

— Bom, eu estava te procurando.

Meu coração acelera. Por que ele estaria me procurando? Milhões de pensamentos invadem a minha cabeça naquele momento.

— E o que você precisa? — minha voz acaba saindo falhada. Eu não entendo o porquê de eu estar assim na frente dele. É apenas um garoto. Só isso.

— Por incrível que pareça, eu confio em você para te contar isso — minhas mãos começam a suar frio. O que está acontecendo comigo?

— Eu vi sua cara de bravo hoje mais cedo, você queria me matar eu acho — ele ri fraco — E só foi aumentando essa vontade quando a enfermeira falou que era estresse. Pode parecer algo bobo e super idiota, mas, eu me preocupo muito com as coisas. Ainda mais com as notas que eu tiro.

— Você não quer perder a bolsa de estudos? — falo.

— Exatamente isso – sinto que ele me esconde mais algumas coisas, mas por algum motivo não quer me contar.

— Está tudo bem se preocupar com essas coisas, mas não em grande quantidade, sabe? - ele concorda.

O garoto em minha frente cruza os braços, os apoia na mesa e deita sua cabeça sobre eles, me observando. Ele olhava meu rosto, mas algo em meu pescoço chamou sua atenção.

— Que colar bonito. Quem te deu?

Meu coração aperta.

— Minha vó. Era dela na real. Ela me deu minutos antes de morrer...

— Sinto muito — ele fala — É uma concha bonita.

— É sim...

***

Nove da noite. É o horário em que eu me encontrava. Eu e o Lee ficamos conversando na biblioteca, quando uma menina do grupo de dança veio me avisar que os doze nomes tinham sido escolhidos.

Minho me acompanha até o corredor da sala de dança. Quando chegamos lá, já é possível encontrar vários alunos amontoados na frente de um painel. Hyunjin já está ali, ele acena para mim quando me vê.

Com muito esforço, consigo chegar até o papel onde estava os nomes. As pessoas me olhavam com um olhar estranho, eu não entendia o porquê.

Começo a ler os nomes de cima para baixo:

Número doze, não é meu nome.

Número onze, também não.

Número dez, não conheço essa pessoa.

Número nove, sabia que ela iria conseguir.

Número oito, fiquei surpreso em ver o nome dele.

Número sete, meu coração bate mais rápido.

Número seis, penso em desistir.

Número cinco, o que eu fiz de errado na dança?

Número quatro, talvez eu tenha que ser médico mesmo.

Número três, Hyunjin passou! Fico feliz por ele, mas angustiado por mim.

Número dois, a garota que tirou sarro de mim na primeira aula.

Número um... vejo meu nome ali, começo a tremer e a sorrir cada vez mais. Eu passei. Eu passei. Eu consegui. 

★ ƈԋαɳ ★

𝐬𝐨𝐮𝐥𝐦𝐚𝐭𝐞𝐬 ♥ 𝐜𝐡𝐚𝐧𝐦𝐢𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora