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☽【ᗰᵢ𝚗】☾

Abro meus olhos lentamente, encontrando pôsteres de jogadores de futebol. O aroma do quarto era... sabe aquele cheiro forte? Que entra parece que além de entrar em seu nariz, ele aproveita e dá uma intoxicação no organismo todo? Esse mesmo. Também tinha cheiro de suor. Que nojo.

Levanto da cama com todo o cuidado do mundo, esse não é meu dormitório; é de outra pessoa, começo a me desesperar pensando que eu teria sido sequestrado e outras milhões de possibilidades, quando a porta se abre e uma figura masculina se faz presente no ambiente:

— Acordasse, príncipe? — Minho perguntou vindo em minha direção com uma bandeja em suas mãos.

— Quem te deu a permissão de me chamar assim? — falo com uma voz de sono.

— Eu mesmo — ele sorri — Aqui, trouxe café para você.

Ele colocou o objeto laranja em cima da cama, não estava com muita fome, mas dar beliscar a comida faria bem para mim. Minha cabeça doía muito, mais do que o normal.

— Trouxe remédio. Você chorou a noite toda, só parou quando dormiu. Achei que iria precisar...

Lembranças da noite anterior invadem minha mente, a carta do meu pai, o envelope, Estados Unidos, medicina... tento deixar de lado tudo isso pelo menos por um tempo.

— Dormiste bem? Quer dizer, a cama não é grande o suficiente para duas pessoas. Para melhorar, roubei a cama do Hyun e coloquei do lado da minha. Se a gente tivesse dormido na mesma cama a noite toda, com certeza estaríamos com muita dor agora.

Ah. Tinha isso também.

Minhas bochechas começam a esquentar. Concordo com a cabeça e coloco um pedaço de pão na minha boca.

— Ainda não acredito que dormimos juntos — falo.

— Sim — ele fala dando de ombros, como se fosse a coisa mais natural do mundo — A gente tá só treinando pro futuro.

Jogo o travesseiro em sua direção, ele ri e arremessa para mim o mesmo, começando uma guerra de travesseiro ali mesmo.

**

Eu e Minho faltamos todas as aulas do dia de hoje, o que deixou nossos amigos um tanto preocupados, já que isso não é a nossa cara de se fazer.

Quando as aulas terminaram, nós dois fomos para o lado sul do colégio, nos sentamos na grama e começamos a encarar um ao outro. Ele parecia preocupado com algo, e eu continuava a pensar sobre as memórias que eu ando possuindo de quando eu estava na Austrália. Aquele garotinho me intriga, ainda não consegui lembrar seu rosto, mas sua voz sim.

Jisung e Hyunjin nos encontram no meio de tanto verde e se sentaram ao nosso lado.

— Vocês estão bem? Faltaram todas as aulas hoje — diz o Han — A semana das provas finais estão chegando, e é isso que vocês fazem?

— Não fala como se você não queria ter faltado também, menino dark — fala Hwang. Ele o apelidou com esse carinhoso nome, na qual o Ji insiste em dizer que odeia ele.

— A gente acordou muito tarde. Só isso — exclama o Lee.

— Claro — afirmo — Foi isso o que aconteceu.

— Foi muito mais que isso, florzinha — Jinnie diz debochando — Você me arranjou uma encrenca boa ontem de noite.

Fico confuso. Eu não cheguei a ver muito o ruivo ontem, e de noite, Minho e alguns meninos, na qual eu não conheço direito, eram os únicos naquele quarto.

— Você estava dormindo junto com o Min, certo? Até aí tudo bem, o problema é que nosso amiguinho aqui — ele aponta para o garoto — não me deixou entrar no meu próprio dormitório, já que vocês estavam usando a minha cama — ele dá ênfase nas palavras "meu próprio" e "minha".

— Sabe o que eu tive que fazer? — ele continua — Acabei dormindo na cama do Derick, ele não limpa os próprios lençóis desde que chegou aqui. Sabe onde eu levantei hoje de manhã? No chão — ele berra.

— Derick não é aquele garoto estadunidense? O que joga futebol americano? — pergunta Jisung.

— Esse mesmo. O cara deve ter uns dois metros de altura! Eu tenho medo dele, e tive que dormir na cama daquele sujeito. A melhor parte, ele odeia que toquem nas coisas dele, principalmente onde ele dorme. Como Deus é bondoso comigo, eu amanheci vivo e inteiro!

Gente. Que exagero dele. Pelo jeito que ele tinha falado, achei que seria uma coisa bem pior que isso.

— Mas o que aconteceu, Chris? — meu amigo me pergunta.

— Coisa do meu pai — falo.

— Foca em mim, eu que quase morri ontem a noite.

— Cala a boca Hwang — Minho diz — Já entendemos.

— Grosso.

— Como assim coisa do seu pai? — Jisung ignorou as duas crianças trocando socos fracos ao nosso lado.

Suspiro.

— Ele me inscreveu em um colégio nos Estados Unidos. Além de eu terminar o ensino médio, vou começar meus estudos com medicina.

— Pera. Estados Unidos? — pergunta Hyun — É muito longe, e não falta muito para terminar o ano...

— Eu sei — digo.

— Mas qual o problema disso? — Jisung fala.

— Eu quero ficar aqui! — exclamo — E eu não quero fazer medicina.

— Seu pai está te obrigando a ir estudar em outro continente, e ainda algo que você não quer? Qual o nome dele? Eu vou ligar e ir tirar satisfação por estar fazendo isso com o meu cachinhos dourados — o ruivo diz, arrancando uma risada minha.

— Não se preocupem com isso, eu mesmo resolvo.

Mas a dúvida fica em minha mente, será que eu tenho coragem o suficiente para resolver essa situação? 

★ ƈԋαɳ ★

𝐬𝐨𝐮𝐥𝐦𝐚𝐭𝐞𝐬 ♥ 𝐜𝐡𝐚𝐧𝐦𝐢𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora