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☽【ᗰᵢ𝚗】☾

Como era costume, acabei acordando às seis da manhã. Eu não queria isso. De jeito nenhum. Eu podia dormir e não estava fazendo isso. Deitei na cama e desejei dormir o bastante, e assim foi.

**

Só escutei um barulho abafado desejando não ser acordado. Percebi que se eu não levantasse o silêncio não voltaria. Assim que abri a porta quase fui derrubado. Christopher se jogou em meus braços chorando alto e tristemente.

— O que aconteceu? — perguntei preocupado logo após envolvê-lo num abraço mais acolhedor possível.

— Eu não aguento mais isso.

Tentei afastá-lo um pouco de mim, só o suficiente para fechar a porta após os dois garotos que ainda estavam no quarto saírem. Puxei-o para a cama e o instrui a se sentar. Peguei um copo de água para o mesmo.

— Não quero.

Coloquei o copo no criado mudo.

— Tudo bem — segurei sua mão e suspirei — Pode falar. O que você quiser.

Ele se aproximou, sentou no meu colo e me abraçou. Estava com medo. Medo de algo incompreensível, talvez por enquanto, apenas.

— Meu pai... — começou tentando parar de fungar e secando as lágrimas — Ele quer que eu estude nos Estados Unidos.

Finalizou. Eu gelei. A ideia de ficar longe dele sem nem ao menos ter ficado tanto com ele me pareceu incrivelmente ruim.

— Ano que vem — me abraçou mais forte — Não quero ir — agora eu chorava. Baixinho, mas chorava.

O abracei mais forte ainda. Não queria vê-lo partir.

— O que vou fazer? Ou melhor, o que vamos fazer?

Agora ele apreciava meu moletom, estando com os olhos baixos e cobertos de água cintilante. Segurei seu rosto e o acariciei. Era tão confortável estar com ele. Tão confortável ver seu rosto se distorcer de raiva quando algo saia do pretendido. Tão adorável ver sua alegria ingênua com as coisas mais bobas. Tão inevitável sorrir ao ver seus cachos flutuando enquanto dança. Mas não sei o que faria sem ele. Eu não sei o que farei sem ele.

Não pude deixar de mexer no seu cabelo sedoso. Eu me deitei na cama com ele.

Aquilo foi aconchegante. Segurei ele desejando que assim não partisse. Dormimos ali. Nada mais importava. Só importava que queríamos estar juntos, e daríamos um jeito nisso. Não importa como.

— Vai dar tudo certo — eu não conseguia segurar o choro — Eu prometo — ao dizer essas palavras apertei mais sua mão e fechei os olhos. Aquela foi minha decisão final, daria tudo certo. Eu prometi. 

★ ƈԋαɳ ★

𝐬𝐨𝐮𝐥𝐦𝐚𝐭𝐞𝐬 ♥ 𝐜𝐡𝐚𝐧𝐦𝐢𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora