𝐬𝐨𝐮𝐥𝐦𝐚𝐭𝐞𝐬 ♥ 𝐜𝐡𝐚𝐧𝐦𝐢𝐧

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☽【ᗰᵢ𝚗】☾

O que eu estou fazendo aqui?

Já não bastava estar no outro dormitório, eu estava rodeado de pessoas fazendo todos os tipos de máscara facial.

– E se os instrutores passarem aqui? – a garota com uma máscara verde perguntou.

– Tô ferrado – não aguentei e suspirei profundamente. A frustração era tão grande que fechei os olhos e abaixei a cabeça.

Levantei a cabeça antes que a máscara caísse do meu rosto.

Ai gente. Até que é refrescante. Mas não muda o fato de que eu não deveria estar aqui.

– Hyun, conta pra ele – Chris falou aleatoriamente enquanto os outras estavam mais distraídos, mas Jisung ouvia atentamente.

– Ele vai rir.

– Fala logo – Ji o encorajou. Será que eu era o único desavisado por ali?

– Ok. Eu quero ser idol – não, eu não estava nada desavisado.

Não ria. Não ria. Não ria. Acho que a esse ponto eles já perceberam a minha tentativa e falha de não rir.

– Não é pelo fato de você querer ser idol. É pelo fato que você não se tocou que isso era óbvio – eu parecia uma gralha rindo baixo.

– Como assim, óbvio? – ficou incrédulo.

– Cara, você tá sempre bem vestido, não fala de nada além de kpop, se importa com sua aparência – comecei a rir mais – Mais óbvio que isso só o fato dos cães serem felinos – ri. Parei pensei.

– Pensa de novo – Christopher me encarava com um sorriso aparentemente lindo nos lábios.

– Perdi a piada, já era – fiz manha.

– Own que biquinho fofo – Bang zombou – Só falta a chupeta pro neném nanar.

– Só falta vontade pra sorrir mais – brinquei. Mas o clima ficou pesado – Desculpe.

Ele não sabia bem o que fazer, ou como reagir. E digo o mesmo, me senti mal pela brincadeira, mas não foi mentira.

– Posso falar com você rapidinho?

-Não falei nada, apenas levantei depois dele e o segui.

Fomos a menos de dois metros dali até a mini sacada onde era o espaço para, principalmente, guardar alguns pertences a mais e por as roupas no varal.

Ele fechou a pequena portinha que dava acesso para dentro do quarto.

– Olha, eu sei que às vezes sou um pouco chato e negativo demais... – começou – Mas eu passei por bastante coisa recentemente, e não foi bem o que eu queria, e - – cortei sua fala.

– Tudo bem.

Ele pareceu refletir por alguns segundos, me encarando de uma forma... estranha.

– Sério?

– Sim.... Todo mundo tem momentos ruins.

Hyunjin abre a porta bruscamente e desesperado.

– Os inspetores estão aqui, corre! – abanou as mãos em desespero.

– Correr pra onde seu doido? Já viu a altura daqui moleque?! – me alterei falando baixo, é claro.

– Terceiro andar apenas. Já me aconteceu coisa pior. Vamos.

E lá vamos nós.

Aí não... Por que eu tinha que ter medo de altura?

— Ah! Não vai dar, eu vou morrer — tentei pensar em outra forma de sair dali, mas eu já estava com meu corpo pro lado de fora da grade.

— Vai logo criança! — Chris me empurrou minha cara, e a morte passou diante dos meus olhos em milésimos de segundos.

Demorei tanto para abrir os olhos depois de sentir meu corpo contra o chão que comecei a ficar ofegante.

Só falta eu encontrar minha bisavó daqui uns minutinhos.

— Eu morri? — comecei a chorar.

— Eu que morri... — notei Hyun servindo de amortecedor humano.

— Obrigado, você me salvou! — levantei antes que ele quem morresse.

— Idiota! Vai logo! — Christopher ria lá de cima.

Corremos até o outro lado do colégio, o que não é pouco. Por sorte, ninguém suspeitou de dois caras correndo desesperadamente. Nada de mais.

Foi uma aventura e tanto. Mas valeu a pena...

Mas como tudo que é bom dura pouco, a noite se passou em um piscar de olhos, e quando me dei conta, já estava atrasado.

— Por que Pernalonga não me acordou? — balbuciei, falando sozinho.

Notei que o mesmo encontrava-se espatifado no pouco espaço de chão que tinha. Como ele conseguiu dormir ali?

Esse garoto me surpreende.

— Acorda bela adormecida. 'Tamo atrasado — o mesmo deu um pulo, e como se eu tivesse clicado em algum botão, ele foi simplesmente se arrumando sem nem sequer abrir os olhos.

Ele tem algum problema, só pode.

Ao chegarmos na sala a professora estava prestes a entrar quando a ultrapassamos e entramos.

— Por pouco — exclamou a professora de matemática, com aquela cara carrancuda e debochada.

Mesmo que a aula já estivesse em andamento, faltava pouco pra minha cabeça cair na mesa e eu dormir ali mesmo. Mas tinha algo estranho. Eu não estava com sono.

— Acorda! — alguém exclamou baixinho perto de mim.

— O que? — virei para trás — Desde quando você senta aqui?

— Troquei com o cara que sentava aqui.

— Você não é bom com nomes, né!?

— Bem lembrado, cara do café – zoou.

Do nada notei um silencio perturbador naquela sala. Me virei para frente. A bruxa acabou de aparecer bem ali, me encarando com aqueles olhos gordos e a mandíbula tensa, combinando direitinho com o coque mal feito preso no topo da cabeça.

— Algo a compartilhar, Sr. Lee?

— Nada não — minha cabeça começou a girar, ao mesmo passo que as coisas aumentam e diminuem de tamanho...

— Então, o que estavam conversando que não pode ser compartilhado?

— Ele estava apenas... — parei de falar, sem conseguir continuar — Eu...

E então, quando tudo se apagou, a última coisa que senti foi meu corpo sendo agarrado antes que caísse, e uma voz desesperada chamando por mim...  

★ ƈԋαɳ ★