-- Você só pode estar de brincadeira comigo, foi você que atendeu o celular, esqueceu?
-- Nada a ver. -- Sadie diz, abrindo a porta da sala. -- Senhora Díaz? A doutora vai atendê-la.
Sadie passa por mim, irritada.
-- Não acredito que está fazendo isso tudo só pra fazer sexo. -- Ela diz, enquanto eu a sigo. -- Você é ridícula.
-- Não é só por isso, está bem? É algo sério. Por que está tão brava?
-- Eu não estou brava, S/n. -- ela diz, sem paciência. -- Só... Atende a sua cliente.
-- Ok. Olá, senhora Díaz. Pode se sentar aqui. -- digo, e a mulher faz o que pedi. -- Pode me ajudar a colocar as luvas?
Ela suspira, e faz o que pedi.
-- Está sentindo esse cheiro de perfume? -- Pergunto, e a Sadie me olha desconfiada. -- É seu?
-- É... Talvez. -- ela diz.
-- Por que? Vai sair para namorar?
-- Não vou sair para namorar, eu vou almoçar. -- Ela diz, colocando suas luvas.
-- Almoçar? E vai almoçar com quem?
-- Com o gerente do Doutor Gervitz, sua curiosa. -- ela diz. -- Já que perguntou, o nome dele é Brian.
-- Aquele cara da barbicha esvoaçante?
-- Ele não tem uma barbicha esvoaçante, para com isso. -- Sadie diz.
-- Iai, gata, vamos sair para almoçar e dar uns pegas. -- digo, imitando a sua fala, enquanto faço uma barba esvoaçante com a mão.
-- Isso é maldade.
-- Ele vai almoçar contigo depois da passeata? -- pergunto. -- Temos que proteger os esquilos, princesa. -- Imito novamente o homem, fazendo a Sadie rir.
-- Ele toca baixo, não toca? -- Sadie ia responder, mas a cliente a interrompe, limpando a garganta. -- Pode tirar o sutiã, por favor?
-- E aliás, ele toca baixo e compõe. -- Sadie diz.
-- E as músicas dele falam de quê? Do rabo de cavalo fedido dele?
-- Deixa eu ver o que tem de errado aqui. -- Digo, tocando suavemente ao redor dos seios da mulher. -- Bem, parece que seu silicone saiu do lugar, e...
Olho para a Sadie ao meu lado, que estava ignorando o seu celular tocando.
-- Não vai atender? Pode ser as crianças, ou o barbicha.
-- Para com isso, estamos com um paciente. -- Sadie diz, anotando algo na prancheta.
-- Dá licença, preciso falar com esse cara. -- Coloco a mão em seu bolso, na tentativa de pegar o celular, mas Sadie é mais rápida que eu.
-- Para. -- Ela pega o celular, e ver que a ligação foi atendida.
-- Ops. -- Digo. Sadie revira os olhos e coloca o celular no ouvido.
-- Ah, oi, Brian. Claro que nós vamos. O sushi é legal. Te encontro no saguão às uma? Certo. Beijos. -- Ela desliga o celular, e vem até mim. -- O quê?
-- Que voz era aquela? -- pergunto.
-- Ué, a minha voz. -- ela diz, tirando as luvas.
-- "às uma da tarde, beijos." -- Afino a voz, tentando imitar a garota.
-- Eu não falo assim. -- ela diz.
-- Você está bem afim desse cara, não é? -- pergunto, e ela me olha com preguiça.
-- Vamos passar uma anestesia na senhora, ok? -- Sadie diz a paciente.
-- Vai ser só uma tarde, por que está fazendo tanto caso?
-- Olha, você quer saber mesmo o porquê? Você envolveu os meus filhos nas suas mentiras ridículas, e disfuncionais.
-- Quando eu negociei com seu filho Michael ele abriu o maior sorriso que eu já vi na vida. -- digo. -- E quando eu disse que podia ser no Macfunnigan's...
-- Está sentindo isso? -- Sadie pergunta a paciente.
-- Não.
-- E aqui? -- Sadie pergunta, novamente, e a paciente nega.
-- Ótimo. -- ela diz, fechando a pomada anestésica. -- Ele sorrio mesmo?
-- Juro por Deus, uma graça de sorriso. -- Digo, e a Sadie sorrir.
-- E eu fiz a Mia comer. -- digo, indo até ela.
-- Conseguiu? -- Sadie pergunta, surpresa.
-- Consegui. Pizza, massa grossa, três fatias. -- digo, lavando as mãos.
-- Comigo ela não come nada.
-- Eu sei que não. Não faça isso por mim, faça pelas crianças. -- Digo. -- Olha só isso aqui.
Faço a barba esvoaçante de novo.
-- Ai, para com isso.
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