8°Capitulo-As pequenas alegrias e vitórias da Vida

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Quando comecei a receber a minha pensão encontrava-me em Santo André, logo a seguir vim para Lisboa porque a minha sobrinha Micaela fazia o seu aniversário, saindo do Alentejo com a minha sobrinha Amélia jà um pouco tarde, encontrei o pessoal jà no restaurante onde iamos todos jantar, depois de se jantar e de se festejar, resolvi ficar por aqui, na casa da minha irmã Raquel, apercebendo-me eu que jà não era tão dependente dos outros, resolvi tentar viver numa casa, casa essa que era mesmo ao lado da minha irmã, aluguei a casa com a minha irmã do Alentejo, era bom ver que jà conseguia fazer tudo sozinho, comida, arrumar a casa, lavar a loiça e tomar banho só, sempre gostei de estar na minha própria solidão por vezes completamente só, sempre vivi sozinho, mas agora era diferente, pois havia sempre o medo de cair ou de me dar algum ataque em casa, mas a verdade é que a minha irmã Raquel passava o tempo comigo, quando não estava a trabalhar arranjava sempre forma de estar em casa comigo.
Tive uma grande noticia, a minha irmã da Venezuela vinha a Portugal no próximo verão, fiquei radiante, pois jà não a via á mais de vinte anos, ainda por cima vinha com o seu marido e uma das suas filhas, a mais nova que vinha completar os seus dezasseis anos aqui, foi a prenda de anos dos pais para ela, estava ansioso e ainda faltavam perto de três meses mas ia passar depressa, estou certo que sim.
Tudo continuou calmamente, fui á minha consulta no Curry Cabral para ver se estava tudo bem, qual foi o meu espanto quando me informaram no guinché que tinha mudado de médica, fiquei triste porque gostava muito da antiga médica a Dra Ana Cristina nunca me irei esquecer dela, porque a verdade é que se eu ainda aqui estou muito devo agradecer a essa grande médica!
A minha nova médica agora era a Dra Tereza Martins, não a conhecia, mas logo ela me pôs a vontade, porque eu não me lembrava dela, mas pelo contrário, ela lembrava-se bem de mim, do meu internamento, pois foi uma das médicas que também esteve com o meu caso nas mãos, e sinceramente é uma excelente profissional também da consulta de infecciologia desse hospital.
Depois de muito conversarmos ela pos-me á vontade dizendo que estava tudo bem comigo, que tudo se mantinha igual, a minha carga viral continuava indetectavél e os CD4 estavam a cima dos 500, não sabem como é bom ouvir isto todas as vezes que eu vou á consulta.
O tempo foi passando, estávamos a acabar os preparativos e a casa para a minha irmã ficar com o marido e a filha, foi um momento bonito quando chegaram, foi uma festa muito grande, durante quarenta e cinco dias que passaram connosco não me esqueço de um unico, a festa de anos da Maria, dos momentos que passavamos no pátio da minha casa a beber e a recordar momentos da nosssa vida, desde a nossa vida em Angola e durante daquele ano em que eles viviam em Portugal antes de partir para Venezuela, fizemos um mês e meio de férias inesqueciveis mesmo, no momento da partida deles só me avisaram para eu me preparar porque mesmo com a minha doença e deficiencia eu iria á Venezuela, ao qual eu ri e só pensei comigo, que isso iria ser impossível, pois sempre gostei de andar de avião mas agora sentia que nunca mais o iria fazer.
Dois meses se passaram, e arranjaram maneira de me convencer a ir ter com eles, mas não queria que pagassem as passagens e nesse momento não estava em condições de ter uma despesa desse tamanho, foi quando a namorada do meu sobrinho Rui emprestou- me parte do dinheiro da viagem, pois ela tinha esse dinheiro numa agencia de viagens, para ela ir ao Brasil, e logo me mandou sacar o bilhete, e foi assim, paguei-lhe esse dinheiro quando ela foi de férias para o seu país, mas fui com certo receio de férias para a Valencia na Venezuela, é claro escusado será dizer que todo o tempo, dentro dos aeroportos, tanto aqui como em Madrid como em Caracas fui sempre acompanhado pelos auxiliares que me transportavam numa cadeira de rodas, mas mesmo assim para mim foi uma grande vitória, consegui andar nove horas de avião sem nada recear, conheci os meus sobrinhos que nunca os tinha visto, e sinceramente foram as melhores férias da minha vida, conheci um país que para mim é muito bonito, com ilhas magnificas, e uma cultura diferente da nossa, com muitas dificuldades no seu dia a dia, mas nem mesmo assim menos interessante!
Quando regressei, estava contente pois tinha voltado, mas as saudades são muitas da minha familia e dos amigos que por lá deixei, os quais ainda mantenho contacto tanto telefónico, através do Skype e do faceboock, mas estava aqui, e aqui estavam algumas pessoas que ainda iriam precisar muito de mim, como o meu irmão Jorge a sua mulher, e é claro o meu sobrinho Flávio!
Quando aterrei no aeroporto de Lisboa, estava muito frio mesmo, estava a chegar o inverno e assim mais um natal, pois jà faltava pouco tempo, perto de dois meses, estava contente com o ano que passei, mas estava ansioso por mais um natal passado em familia, desta vez com o meu irmão Zé também porque ele tinha acabado de se separar, e veio viver comigo, foi porreiro, mas a verdade eu vos digo, por vezes ele é muito chato, principalmente quando bebe, não é agressivo mas por vezes diz o que não quer e não deve, mas ele é assim, o que fazer!
O natal chegou, e como jà é habito iluminamos sempre as nossas casas, para mim o natal é mágico, é uma data que eu dou muita atenção, não por mim mas pelos meus pequeninos, eles gostam do presépio, de fazer a árvore de natal e de nos ajudar a enfeitar e a iluminar os pátios, mas tenho a certeza que somos todos assim nestas alturas, gostamos de realizar sempre os sonhos dos nossos pequenotes!!
Outro ano se está a aproximar,vou deixar este com muito gosto e prazer,porque neste ano,tenho a certeza que vivi tudo o que a vida me ofereceu da melhor forma,e proporcionando que para que no próximo ano ,que está quase a rebentar,consiga fazer sempre melhor dia após dia,e continue a sonhar que os proximos anos poderão vir a ser muito melhores se assim o quiser!!!!

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