10°Capitulo-As mortes da minha irmã e de meu irmão

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Depois de se começar um novo ano com muita tristeza, para toda a familia, era preciso continuar em frente, mas era quase impossivel, pois aquele momento marcou-nos a todos muito profundamente, mas estava na hora de continuar com a vida, eu ainda tinha o caso do meu sobrinho em mãos e não podia vacilar, porque naquele momento muito iria precisar de mim.
O meu irmão Jorge entretanto foi para um grupo, que pertencia ao hospital Julio De Matos, para se tratar do vicio do alcoolismo, durante cinco semanas com a ajuda de todos, conseguiu sair mais confiante nele próprio, que ia conseguir largar esse maldito vicio, mas que estava a ser dificil para ele, todos nós sabiamos.
Depois de sair do hospital, continuou o tratamento em casa, com uns medicamentos que era eu que lhe dava diáriamente, foi dificil mas ele estava a fazer tudo por tudo para tratar o problema do alcoolismo, que jà o acompanhava desde os quinze anos de idade, desde a nossa vinda de Angola para Portugal.
No dia 10 de Março de 2012, pelas vinte e uma horas recebo uma chamada do telemovél da minha irmã, ela telefonava-me todos os dias para saber se estava tudo bem, mas desta vez não era a voz dela, era uma colega a pedir se a filha, a Sandra podia ir ao aeroporto, pois a mãe dela estava-se a sentir mal, quando de repente só começo a ouvir uns gritos de afliçaão e de medo, pedi á sandra e o marido para se dirigirem ao local de trabalho da mãe, eles quando lá chegaram e me telefonaram só me sabiam dizer que a minha irmã ia seguir para o hospital de Santa Maria, pois teve uma paragem cardiaca, mas conseguiram fazer-lhe a reanimação, e ia de imediato para o hospital para fazer exames, entre eles um TAC á cabeça, momentos depois ela telefona-me e disse-me para arranjar alguém para ir comigo ao hospital, pois a minha irmã estava ligada á máquina, e os médicos disseram que a minha irmã jà não levava muito até fechar os olhos para todo o sempre, nem queria acreditar, parecia a continuação do pesadelo, pois ainda á cinco meses atrás tinha falecido o filho, e eu tinha a certeza que sem aquela companheira de sempre, que foi a minha irmã, eu não ia aguentar viver, porque ela para mim no momento era a minha segunda mãe!
Dirigi-me ao hospital onde jà se encontrava também a outra minha irmã e seu marido, cheguei ás urgências, nem podia acreditar a minha querida irmã ligada á máquina, mas estava consciente, estava com os olhos abertos e sabia que ela estava a entender tudo o que nós falavamos, pois ela ainda tinha reacções, momentos depois mandam-nos sair para a limpar, mas a verdade é que só despedimos com um beijo, a minha irmã jà se encontrava em coma e logo a seguir faleceu, naquele momento senti o mundo a desabar por cima de mim pois sabia que a vida nunca ia ser a mesma para nós!
Sepultamos a minha irmã e entretanto mudamos de casa, em Maio,alugamos uma casa onde pudessemos estar todos juntos, três meses depois mudamo-nos para a actual casa, e continuei a tomar conta do meu sobrinho Flávio, e infelizmente o meu irmão Jorge, o pai do Flávio também estava muito doente, foi-lhe detectado um cancro no figado, apesar dos tratamentos acaba por ser internado no hospital Beatriz Angelo, em Loures,e m Janeiro de 2013, passei o internamento dele, quase todos os momentos com ele, quando lhe deram alta médica, o médico falou connosco, comigo e com o meu sobrinho Rui, a dizer que ele não ia aguentar muito tempo, no máximo dois meses, mas que ia chegar a uma altura, em que ele próprio ia querer ir para o hospital, as dores iriam ser muitas.
Decidi que o meu irmão ia ficar aqui em casa comigo, pois apesar das nossas desavenças familiares, sempre fomos muito ligados, e assim foi, nos quatro primeiros dias ele estava-se a sentir bem, no dia a seguir começou com a conversa que queria que eu de tudo fizesse para conseguir ficar com a guarda do meu sobrinho, é claro que eu ia tentar mas tinha as minhas duvidas, porque além de ser Séropositivo eu também estava incapacitado para trabalhar, e o menino ainda tinha a mãe também, que tinha que ter a ultima palavra!
Depois de se ter encostado, levanta-se muito assustado, e eu ainda lhe perguntei o que se passava, ao que ele me responseu:
Não sei, senti-me como se estivesse a partir, mas era uma sensação de muita paz!
Ele tinha estado a vomitar sangue á tarde desse dia, perguntamos se queria ir para o hospital, e disse-nos que não, mas acabou por ser inevitável, perto da vinte e três horas, entra na casa de banho, reparei que tinha estado a vomitar, fui até á sua cama e de seguida só telefonei ao meu sobrinho Rui para irmos com o tio para o hospital.
Quando cheguei a casa no dia a seguir, depois dos meus sobrinhos terem ido para a escola comecei a limpar onde o meu irmão vomitou, parecia que estava numa zona de crime, ele vomitou tanto sangue, na cama, no chão e até as paredes estavam com o sangue dele, no chão é que eu vi que o meu irmão jà não voltava mais, o meu irmão, algo lhe rebentou dentro, pois a limpar só estava a apanhar algo viscoso, sinceramente não sei o que seria mas penso que era parte do figado que jà estava a desfazer-se por certo, o meu irmão não saiu mais de lá, faleceu no dia 12 de Março de 2013, precisamente um ano e um dia, após á morte da nossa irmã Raquel!
Agora só sabia que estava pela primeira vez mesmo apavorado, o que poderia fazer em relação ao meu sobrinho? Como contar a uma criança de dez anos que o seu pai tinha morrido.
Foram três anos, que se eu pudesse apagar da minha memória, podem ter a certeza que o fazia, mas não posso, temos que continuar a viver com as minhas incertezas e os meus medos, mas isso até nem seria díficil, pois jà me tinha habituado a viver dessa forma, a única certeza que tinha era que eu tinha prometido ao meu irmão algo que não sabia se ia conseguir cumprir!!!
Depois da sua morte, a mulher continuou a vir aqui a casa, e o meu sobrinho todos os fins de semana ia ter com a mãe, á casa dela, e assim foi proposto pela protecção de menores eu fazer um Apadrinhamento Civíl quanto ao meu sobrinho, mas para isso tinha ou que a mãe concordar, ou o tribunal depois do processo dar entrada decidir, estava com receio, pois ele tinha mãe e ela tinha os seus direitos, mas o processo deu entrada no tribunal, e eu fiquei á espera da sentença, ansiosamente mas tive que esperar, uma coisa é certa nunca na minha vida eu fiz algo para separar os pais do meu sobrinho, fiz de tudo para que ele pudesse sentir,que era amado por mim,mas que os pais dele tinham um amor muito grande por ele,mas a verdade é que o Flávio apesar de gostar muito de mim,ele com os pais era um verdadeiro amor,mas eu sabia que a minha cunhada também como eu tinha problemas de saúde,e ela também sabia disso,por essa razão ela também nunca se mostrava contra mim em relação ao filho,felizmente para todos nós!!!

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