Eu continuava de baixa médica, longe afinal de acabar, ás veses até me sentia a enlouquecer, tanto tempo sem trabalhar, nem sequer havia um prógnostico, quando iria recomeçar, estava cansado mesmo desta situação, sentia-me impotente e isso não era nada bom mesmo!
Continuava a fisioterapia na clinica nova, nunca me apercebi de nada, falavam comigo normalmente, tinha dois fisioterapeutas, a Cristina e o David, eram jovens jà tinham uma mentalidade mais aberta, e eu até gostava de fazer os tratamentos com eles, a unica parte que eu não gostava é que por veses havia pessoas ali que tinham receio de me encarar, não sei porquê, mas tenho a certeza do que senti e do que digo.
Iamos para a clinica três ou quatro pessoas de cada vez no taxi, era divertido, eramos alguns jovens e outros menos jovens, tinhamos sorte no motorista, era um jovem ainda, sempre bem disposto nunca eu vi aquele rapaz zangado com nenhuma situação, estava disposto em ajudar quem precisava dele para chegar á fisioterapia, era um homem espectacular sim, todos eram da mesma opnião, todos gostavam dele.
Geralmente começava os meus tratamentos da parte da manhã, e mais ao menos três meses depois começou a ir connosco também um rapaz daqui da nossa zona, mas ele via-se que tinha problemas de saúde muito graves, por vezes ele a falar comigo não percebia muito o que ele dizia ou pedia.
Eu estava deitado na maca a fazer as massagens ao braço e á mão, e ele sentado a fazer exercicios com os pesos, e de repente ele levantou-se e foi á casa de banho, reparei que estavam a limpar a cadeira onde ele estava sentado e os pesos que puxamos para baixo com as mãos, a rapariga disse que se ia passar um dia, mas eu pensei que era esquesito pois eu nunca tinha reparado em limparem, mesmo que houvesse alguém depois, entrava logo a seguir, então eu perguntei o que se tinha passado, e só me responderam que ele era uma pessoa que muitas vezes urinava na cadeira, mas eu nunca vi isso, foi quando me disseram que ele tinha Sida, eu fiquei paralizado,será que não sabiam nada de mim?Não ,isso era impossivel,porque falavam comigo á vontade sobre a minha doença.
Quando saimos eu perguntei ao rapaz se era verdade que ele se tinha urinado,e dle disse-me que não.
No dia seguinte fizeram o mesmo,tornei a perguntar o porquê?Sabe Sérgio ele tem HIV,mas ele também teve uma tuberculose e teve contacto com vírus da Hepatite,eu achei isso estranho,porque havia muita gente a ver o que estavam a fazer,mas também só reparei com aquele rapaz,mas quando fui andar na passadeira com os corrimões,vi que alguem estava á espera que eu terminasse,para poder limpar os corrimões,sentia-me pela primeira vez humilhado e descriminado,as profissionais não sabem com o vírus HIV não se transmite sociavelmente?Afinal só faziam isso com quem sabiam que tinha uma doença contagiosa,mas sinceramente, não sabem ser profissionais de saúde,se soubessem não faziam tal coisa.
Perguntei no dia seguinte se sabiam ou se pediam aos outros doentes que fizessem exames ás doenças contagiosas?Eles sabiam que eu estava danado,mas fui incapaz de fazer algo,a única coisa que lhes pedi era que não limpassem onde eu tocava,e assim conforme ia acabando os exercicios era eu que limpava onde eu tocava,afinal não era só com o rapaz, eles também o faziam comigo!
Continuei os tratamentos normalmente,mas fiquei tão desanimado com esta nova situação,que aos poucos ia deixando os tratamentos,e ia muitas mais veses para o Alentejo,a minha familia pergunta porque eu não volto a fazer fisioterapia,mas para mim acabou com essa situação,poderei voltar a fazer sim,mas tenho que ir ver se a Nina ainda está na clinica de sacavém.
O tempo foi passando,e eu perdi o direito a estar de baixa,pois jà tinham passado três anos,ou seja de repente vi-me sem nada,não sabia mesmo o que fazer,sem trabalho sem dinheiro,só pensava onde podia arranjar um trabalho,onde eu posssa ganhar o meu sustento,é dificil mas é a verdade, o que iria fazer apartir desse momento?Quem seria eu, daqui em diante?
Tantas questões sem resposta,nunca pedi nada á segurança social,mas tive que o fazer apartir daquele dia,marquei consulta com a assistente social,a qual conseguiu-me um subsidio provisório de trezentos euros,foi a minha sorte ,essa assistente social e a minha familia, que nunca me abandonou,e junto comigo fomos á procura de soluções.
As técnicas da segurança social foram muito prestáveis,mas era o que elas me diziam ,mesmo a assistente social me tinha dito o mesmo,que para mim era melhor começar a tratar da reforma,mas como era possivel,eu tinha apenas trinta e seis anos.
Meti os papeis para a reforma por invalidez,resposta que me foi dada seis meses depois,estava oficialmente reformado,foi uma decisão dificil,mas não tinha escolha,estou reformado por invalidez,mas se eu pudesse trocar,ou escolher sem duvida estava a trabalhar em algo que eu pudesse fazer com as minhas limitações,mas esse sonho não sei se vai acontecer,mas que sempre tentei e não vou parar,disso podem ter a certeza!
Não sei como vai acabar a história da minha vida,mas tudo o que vos estou a relatar é a verdade....
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Recomeçar Dia após Dia
No FicciónHistória veridica que aconteceu a partir da década de 80, onde a juventude tinha grande receio de viver com o flagêlo da verdade do HIV positivo, onde geralmente o medo tomava conta dos sentimentos das pessoas, obrigando-as sem querer a descriminar...