13°Capitulo-Injustiças da Vida

9 2 0
                                    

Em Junho de 2014 fui á escola para ver as notas do meu sobrinho, não foram grandes notas, mas foi o suficiente para ele ter transitado de ano, passou para o sexto ano, ficámos contentes, mas esperávamos um pouco mais, mas como ele tinha passado por muito, inclusive a morte do seu pai, teve uma desculpa, porque nós sabiamos que isso tinha mexido muito com os seus sentimentos, queria ir para o Norte com a mãe, eu deixei-o ir, porque sabia que esses momentos com a sua mãe tinham que ser bons e especiais, porque jà me tinham informado, que a minha cunhada poderia não resistir por muito tempo, e o tempo que pudessem passar juntos tinha que ser marcantes para ele, para não se esquecer nunca dos bons momentos que passaram juntos, que só de boas recordações ele se lembrasse no seu futuro, do tempo passado na sua companhia.
Em Julho desse ano, eles foram para Águeda, e eu fui novamente para o Alentejo, onde vou sempre que posso, porque ai consigo recarregar energias, é onde realmente eu me sinto bem, bem comigo e com o mundo, sinto como se o mundo parasse naquele espaço de tempo passado sozinho sem ouvir nada nem ninguém, por vezes eu preciso desse tempo de pausa para refletir, em tudo o que jà passou, e no que irei fazer a seguir.
As minhas férias são sempre com muitos sobrinhos á minha volta, são os daqui de Lisboa e os que vivem em Sines, mas eu gosto que seja assim, é muito divertido e com muita confusão, não que eles sejam chatos, mas todos juntos são muito irrequietos, fazem coisas todos, que no nosso tempo, não nos atreveriamos a fazer, mas a verdade é que os tempos mudaram, e com ele aprendemos que tudo jà não é da mesma forma.
Um novo ano começa na escola, não há nada de novo, na turma do miudo muitos são os colegas que fizeram o quinto ano com ele, mas tinha colegas novos, e muitos deles jà bem crescidos, muitos eram repetentes, esperava que o meu sobrinho não se deixasse influênciar, mas é dificil, pois ele tem amigos que também não têm pai, por um lado achei que eles se iriam ajudar mutuamente, isso aconteceu mas estou preocupado porque fui chamado á escola pois o comportamento dele e dos colegas nem sempre foi dos melhores, as minhas primeiras preocupações, só esperava que ficassem por ai depois de falar com ele.
Durante os dias de escola ele ficava sempre comigo, mas quando chegava o fim de semana ia sempre para casa da mãe.
Sexta feira dia 13 Outubro, foi dia de ir, pediu-me para levar o meu computador, antes de partir telefonámos á mãe, para ver se ela estava, ela estava a passear o cão, e disse que estava á sua espera, pedi-lhe que me ligasse quando ele estivesse perto dela, e assim aconteceu, minutos depois confirmou-me que ele jà se encontrava com ela, fiquei descansado, e disse-lhe que na manhã seguinte eu iria até a sua casa, ela estava bem, pelo memos é o que me estava a parecer ao telefone, continuei a fazer os meus trabalhos aqui em casa, fiz o jantar, depois de comermos fui para a cama, perto das vinte e duas horas, estava a falar com o meu irmão, quando o meu telefone toca, apesar de não conhecer o número atendo, e dizem-me o seguinte:
-Estou a falar com o sr. Sérgio, o tio do Flávio?
-Sim, quem está a falar?
-Eu sou do INEM...
-Passa-se alguma coisa com o meu sobrinho?
-O seu sobrinho está bem, mas você tem que vir aqui a casa da mãe do Flávio, pois ele ainda não sabe, pensa que a mãe teve um ataque, mas a verdade é que a senhora acabou de falecer, e precisamos que venha aqui, porque só está aqui o Flávio e o companheiro da mãe.
-É claro que vou imediatamente, dentro de dois ou três minutos estarei ai!
Chamei a Sandra e o seu marido e fomos logo de seguida ao encontro deles, ai jà se encontrava a policia e a ambulancia do INEM, o meu sobrinho estava perto de uma das técnicas do INEM, chorava muito e só me sabia dizer que a mãe estava bem, e de seguida na cozinha começou a ter um ataque igual ao que teve em França.
Dirigimo-nos para os médicos, e eles informaram que tinham pedido um apoio psicológico para a criança, trouxemos o meu sobrinho para casa para ficar perto dos primos, e esperámos a policia e a psicóloga aqui na minha casa, pois eu também tinha que provar que a criança estava entregue a mim pelo tribunal, depois de ter conversado com a Doutora, ele veio até nós a chorar e só dizia:
-Eu sabia tio, que a minha mãe jà tinha morrido, mas o porquê tio?
-Amigo, o tio não te sabe dizer o porquê, mas a vida é assim, hoje estamos muito bem e a seguir não sabemos o que nos pode acontecer.
-Tio por favor, pede a transferência para eu mudar de escola, aqui só me aconteceu desgraças.
-O tio sabe que agora está tudo muito confuso na tua cabeça, vamos esperar um pouco para estares mais calmo, depois se quiseres, sim, o tio muda-se contigo para outro sitio, onde te sintas melhor.
-E agora o que é que vamos fazer?
-Nao te preocupes com nada, nós jà comunicamos á familia da tua mãe, o tio amanhã vai avisar á escola o sucedido, para depois começar com o Quim a tratar do funeral, mas neste momento só temos que rezar, e esperar, porque a tua avó, a tua irmã, as tuas tias e restante familia, eles começam a chegar amanhã.
-Posso ir para casa da prima Vânia e do primo Rui?
-O tio vai falar com eles mas de certo eles vêm-te buscar logo pela manhã.
O meu puto só queria estar longe daqui nesse momento, com os primos mas longe, acredito que para ele, esteja a ser um fardo muito pesado para ele carregar, mas a verdade é que tem tido muito apoio de todos nós, estamos sempre a fazer algo de novo com ele, passeia muito com os primos, que acreditem que gostam muito dele, desde á Sandra ao marido, o Miguel e a Micaela, e do outro lado a Vânia e o Rui, podem ter a certeza que se não fosse a ajuda deles todos, eu teria-me sentido perdido com mais esta situação, só pergunto o porquê, das crianças ainda tão pequenas levarem com desgostos assim, que os marcam para toda a vida!
Tratamos do funeral, a familia ia começando a chegar, o meu sobrinho estava longe dali, para ele era complicado, e só disse que só queria ir para a igreja mesmo quando fosse o funeral, entendemos e aceitámos, temos que ver que num espaço de dezoito meses, ele tinha perdido as duas pessoas que ele mais amou na vida, o seu pai e a sua mãe!
Durante o funeral falamos como queriamos que fosse o relacionamento, entre o meu sobrinho e a familia da mãe, é claro que o meu menino vai estar sempre perto da familia, mesmo que estejam longe, acabamos sempre por arranjar soluções para a distância, e ficou decidido que as férias dele iriam ser repartidas entre nós e o Norte, pois ele também tem a irmã que não quer perder o contacto, o que eu acho muito bom!
Neste momento ele está a ser seguido por uma psicóloga, que me garante que a morte dos pais não vai influênciar na sua personalidade, porque ela está a ver que ele tem um acompanhamento muito bom entre todos nós, muito aberto, a única questão é mesmo ele ser muito dono de si mesmo, pode ser que ele apesar de tudo possa vir a ser um grande homem, assim o espero e desejo!

Recomeçar Dia após DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora