Ryujin não entendia muitas coisas.
Não entendia por que Yeji se afastou dela, não entendia por que a ausência dela machucava tanto.
Não entendia por que odiava a maldita jaqueta colegial.
Não entendia por que passou a odiar Yeonjun a partir daquele dia.
Nunca tinha falado com o garoto antes, era completamente indiferente em sua vida. Mas agora o odiava. E muito.
Odiava que ele agora era uma presença contante, era obrigada a ver seu cabelo perfeito todos os dias, odiava que fosse tão bonito, odiava a forma como ele comia, como falava, como ria.
Odiava como ele andava pelos corredores como se o mundo pertencesse a ele. E pertencia. Era agora o namorado de Yeji.
Odiava que as mãos dela não pareciam maiores quando entrelaçadas as dele, pareciam minúsculas, Yeji por inteira parecia minúscula ao lado dele. Sabia que era uma questão de perspectiva, Yeji tinha o mesmo tamanho que sempre teve, mas dentro daquela jaqueta, dentro do abraço dele, parecia tão pequena.
Isso doía muito em Ryujin, doía saber que Yeonjun poderia proteger Yeji de tudo apenas colocando o braço entorno dela. Doía saber que Yeji gostava disso, sorria para o garoto de uma maneira tão única, para ele reservava olhares doces, palavras amanteigadas. Ryujin os odiava.
Era tola o suficiente para achar que seu ódio se devia apenas a falta dos olhares de Yeji para ela, pensava que se ainda tivesse a amiga próxima de si, se pudesse segurar sua mão ao menos por alguns minutos, se ainda pudesse orbitar em torno dela, então poderia suportar Yeonjun.
Mas não sobrou nada de Yeji para si.
Os odiava.
Passou a evitar os intervalos com as amigas, dizia estar ocupada com os estudos, inventava pesquisas na biblioteca. Se achava patética por fugir delas, por fugir dela. Mas não sabia lidar com ausência de Yeji, decidiu ceder a si mesma a gentileza de mais uma vez ignorar os fatos.
Foi numa dessas fugas que Ryujin aprendeu uma lição importante de vida; não há como fugir de assuntos mal resolvidos, entre uma tangente e outra a realidade te alcança.
E dessa vez seria modéstia dizer que apenas a alcançou, foi um soco direto na boca do estômago.
Yeji e Yeonjun invadiram seu refúgio, em meio aos livros empoeirados da biblioteca, estouraram a bolha. Simples assim. Sem nenhum aviso prévio.
Estavam ali. E se beijavam.
Foi um baque, dos fortes.
Tão forte que o mundo voltou a girar e saiu do mudo, depois de tantos dias em silêncio era perturbador estar assim tão sensível.
Estava tão dolorosamente consciente de tudo.
De repente entendeu.
Entendeu tudo sobre tudo.
Entendeu que enquanto Yeji pertencesse a Yeonjun sempre o odiaria.
Entendeu que não queria ter apenas um pouquinho da amiga. Queria tudo.
Ali naquela biblioteca Yeji deu a Ryujin o primeiro batimento cardíaco da sua vida, o primeiro que importou, entregou a ela um sopro divino de vida. Ali também ensinou a ela que viver é, inevitavelmente, morrer.
Definitivamente algo dentro de si morreu ali.
Quis chorar.
Marejou.
Yeji percebeu sua presença.
Quis chorar mais ainda.
Choro de mulher e de recém nascido e de criança, queria chorar por tudo o que já viveu e pelo o que não viveu, por tudo o que viveria.
Deu as costas para a realidade uma última vez e correu o mais rápido que pode para fora daquela biblioteca.
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Sad beautiful tragic love story
FanfictionMinha vida começou no momento em que coloquei meus olhos em você, foi a primeira vez em que senti uma batida de coração percorrer por todo o corpo.