O ano letivo terminou e levou com ele Yeji do seu dia a dia, se tornou presente apenas nas mensagens e ligações diárias, mas não estava ali fisicamente. Era torturante a ter e não ter ao mesmo tempo, queria poder segurar sua mão todos os dias como fazia durante as aulas e nos intervalos. Não diria isso em voz alta nem sob tortura. Não confessaria para Yeji o quanto sentia sua falta pois enquanto a saudades permanecesse negligenciada no peito não teria que lidar com ela.
Yeji por outro lado se sentia sufocada pela ausência de Ryujin, queria a garota por perto o tempo todo se possível, e não escondia isso. Reclamava de saudades todos os dias em todas as mensagens, a ligava apenas para ouvir a voz da menor, temia que estivesse sobrecarregando Ryujin com sua amizade, mas nunca foi do tipo de negar afeto. Sentia falta de sua amiga e queria que ela soubesse.
A saudade apertava no peito de forma insuportável, no entanto, foi necessário a intervenção de Jisu para amenizar o sentimento. A garota mesmo sem saber, as salvou quando sugeriu um encontro do grupo de amigas, uma noite das garotas.
E lá estavam, num quarto cheio de garotas, cruzando olhares em meio a fofocas e nomes de garotos cochichados. Queriam se tocar, as mãos coçaram em desejo de se encontrar. Era tão óbvio, acontecia bem ali, na frente de todos. Sempre que Yeji ria de alguma coisa dita pelas garotas instintivamente procurava Ryujin na sala, queria garantir que ela também ria. Era óbvio para quem observasse. Ryujin esbarrava o braço em Yeji e mentia para si mesma que era sem querer. Se alguém olhasse de perto, com calma, notaria. Ryujin respirava fundo o perfume doce. Era óbvio que estava acontecendo. Yeji incluía o nome de Ryujin em todas as conversas. Mas ninguém nunca olhou.
E as férias passaram assim, entre encontros grupais e pequenas esbarradas de braço, que aconteciam com mais e mais frequência e duravam mais e mais. Beirava o patético, quanto mais tempo passavam juntas, mais tímidas pareciam ficar.
Só estiveram sozinhas novamente alguns dias antes da volta as aulas, era para ser mais uma noite das garotas, dessa vez na casa de Ryujin, mas o universo conspirou contra. Yuna foi proibida pela mãe de comparecer, castigo por não arrumar seu quarto. Chaeryeong avisou mais cedo que não iria pois não se sentia bem, e por consequência Lia achou melhor cancelar os planos uma vez que metade do grupo não estaria presente. Yeji não disse nada, o que Ryujin entendeu como uma confirmação de que ela não viria.
Não teve tempo de ficar triste, sua campainha tocou e lá estava Yeji, parada em frente a sua porta com o sorriso mais lindo do mundo, não pode evitar de se questionar se Yeji sorria assim para todos. Internamente desejou que aquele sorriso fosse só dela.
"Eu sei que a noite foi tecnicamente cancelada, mas ainda queria vir, espero que não esteja atrapalhando."
"Você nunca atrapalha Yeji."
Nunca esteve no quarto de Ryujin antes, era intrigante. Havia posters de bandas na parade, algumas ela conhecia, outras não. Havia algumas pelúcias. Achou adorável. Foi pega de surpresa com a organização. Ryujin não era a pessoa mais organizada do mundo.
"Seu quarto é diferente do que eu imaginei."
"Como você imaginava?"
"Mais bagunçado, confesso."
Riram
"Eu arrumei tudo antes dos planos serem cancelados."
Yeji sorriu com a imagem mental de uma Ryujin empenhada em limpar o quarto apenas para receber suas amigas.
"Você é tão atenciosa, Ryuddaeng."
Estranhou o apelido, teria achado brega vindo de outra pessoa, mas era Yeji.
"São seus olhos, Yeddeong"
Era brega.
Yeji adorou.
Ryujin sugeriu um filme.
Deitaram lado a lado para assistir.
Não assistiram nada.
A companhia de Yeji era fácil, conversavam e riam por horas sem notar o tempo passar, o filme escolhido para a noite ficou de fundo sonoro para os mais diversos assuntos que encontravam. Se perdiam na mente uma da outra, curiosas e fascinadas, não se cansavam, sempre queriam mais. Yeji gostava tanto de ouvir a voz de Ryujin, era hipnotizante.
Desistiram do filme. Já era tarde.
Resolveram que era hora de dormir.
Mas cometeram o erro de esquecer que eram magnéticas, se olharam a meia luz do abajur.
Se atraíram uma para outra.
Se aproximaram tão naturalmente.
Tão perto.
Quase lá.
Lá aonde? Não sabiam.
Ryujin queria chegar mais perto, mas o que faria mais perto do que isso? Já sentia a respiração de Yeji misturada a sua, era enlouquecedor. As pontas dos pés se tocavam. Os joelhos se tocavam. Ryujin queimava, seu coração parecia pronto para escapar pela boca. Yeji a olhava de um jeito tão diferente, nunca tinha recebido esse olhar antes, era profundo, denso, perturbador. Tirava Ryujin do seu centro e a colocava orbitando Yeji. Faria qualquer coisa que aqueles olhos pedissem, mas não aprenderá a lê-los ainda. E nem Yeji a pedir.
Necessitavam de algo que não sabiam nominar, ou que não queriam. Yeji foi a primeira a perceber, se assustou, temeu por um segundo, procurou em Ryujin algum sinal, um comando, qualquer coisa que ajudasse a esclarecer que era seguro, que poderia sim confiar que cairia e seria segurada por Ryujin, mas não encontrou nada. Fechou os olhos, se arrependeu de ter ido, o medo tomou conta.
"Boa noite Ryujin."
Apagou a luz.
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Sad beautiful tragic love story
Fiksi PenggemarMinha vida começou no momento em que coloquei meus olhos em você, foi a primeira vez em que senti uma batida de coração percorrer por todo o corpo.