Virus do amor

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Olhando para trás com a experiência que tem agora, Ryujin teria feito muitas coisas diferentes.

Teria falado com Yeji assim que a viu ao invés de perder tanto tempo assustando a garota com seu silêncio, teria segurado sua mão mais vezes, teria a beijado naquela noite, teria a segurado e confessado todo o seu amor e devoção a ela. Teria tornado Yeji sua e nunca a deixaria escapar.

Não teria perdido o tempo que apenas muitos anos depois descobriu ser finito.

Mas o passado não pode ser mudado, tudo aconteceu como precisou acontecer.

Era o ensino médio afinal, não há fase mais adequada para cometer erros do que o colegial.

O pensamento conforta seu coração de certa forma.

E havia Soyeon, que foi seu primeiro acerto depois de tantos erros cometidos.

Encontrou na garota o apoio que precisou e aos poucos se permitiu contar a ela sobre Yeji, um pedacinho da história aqui, outra ali, as vezes se surpreendia com as coisas que saiam da sua boca sem que seu cérebro tivesse tempo de travar ou processar, estava tão cansada de carregar seus demônios sozinhas que as informações apenas escorregavam para fora.

As vezes compartilhava sua adoração pela garota.

"Ela tem os olhos mais lindos que já vi, e poxa... você precisa ver o sorriso dela..."

As vezes lamentava.

"Queria falar com ela... sinto tanto sua falta."

E as vezes aparecia furiosa na sala de música, reclamando sem parar.

"Não entendo o que ela vê naquele idiota, não há nada de especial nele e ela o olha como se fosse ouro Soyeon!"

Mas sempre voltava para a adoração.

"Os olhos dela brilham para ele, os olhos tão bonitos..."

Soyeon escutava tudo pacientemente, fazendo alguns comentários pontuais, ainda estava juntando as peças do quebra-cabeça das duas, tarefa difícil já que Ryujin deixava pontas soltas nos pequenos relatos que contava, mas se esforçava para entender, em alguns momentos era inevitável não achar graça da garota.

Naquela tarde em específico a confusão da garota era tão atordoante que se tornava cômica.

Entrou como um raio na sala, andava em círculos falando sem parar, aparentemente tinha feito contato visual com a tal Yeji, um longo e torturante contato, como Ryujin frisava a todo momento.

"Ela estava com a maldita jaqueta, acho que não tira nem pra lavar, e ele tava lá também e argh eles são tão idiotas!"

Soyeon afinava a guitarra enquanto a amiga pisava duro no chão, andando de um canto ao outro sem parar.

"Ela ficou me olhando, o que ela acha que é, medusa? E me olhando enquanto estava abraçada com ele, que ousadia!"

Sentiu a tontura bater e precisou parar, sentou no chão de frente para a nova amiga.

"Eu odeio ela."

"Odeia nada."

Ryujin soltou um suspiro pesado, deitou-se.

"Não odeio."

Soyeon deixou a guitarra de lado.

"Sabe Ryu, não sei se posso te aconselhar sobre isso e nem sei se é isso o que quer, mas gostaria que me ouvisse agora."

Ryujin levantou a cabeça para encarar a garota.

"Já disse que aprecio sua companhia e por mim não há problema algum que passe o tempo que quiser aqui, mas me parte o coração te ver se torturando desse jeito com as coisas que cria na sua cabecinha."

"Não sei se estou entendendo."

"Você sente falta das suas amigas, sente falta de Yeji, fala delas o tempo todo, não é?"

"Sim."

"Agora pensa comigo, faz tanto tempo que você só fica aqui, se escondendo."

"Não estou me escondendo."

Ryujin formou um bico tão fofo que Soyeon precisou apertar suas bochechas infladas.

"Está sim, e não há problema em tirar um tempo para si, você precisou se afastar por um tempo, mas agora é hora de voltar Ryujin, tenho certeza que elas também sentem sua falta."

"Voltar? E dizer o que pra elas? Como poderia explicar todo esse tempo que evitei elas?"

"Bem, você pode começar com um 'Oi, senti saudades'..."

"Elas não vão se contentar com isso."

"E nem devem, não seria justo fugir dessa forma e depois voltar como se nada tivesse acontecido, mas você não precisa dar detalhes, apenas diga que precisou tirar um tempo para você."

Ryujin ponderou, a saudade das amigas realmente a incomodava, achava que poderia suportar até a presença de Yeonjun para passar alguns minutos com elas, uns minutos com Yeji. Como sentia falta dela.

"Você faz parecer tão fácil Soyeon."

"Porque é fácil."

"Não é não."

"É, talvez não seja, mas não é tão difícil quanto parece."

Seu coração se dividia, a falta apertava de um lado, o medo do outro.

"Você acha que eu deveria falar com elas?"

"Acho."

Pensou nas garotas fazendo barulho e fofocas no refeitório, a saudade apertava um pouquinho mais.

"Você vai comigo?"

Não teria problema ter um pouco de apoio, não é?

"Faria você se sentir melhor?"

"Definitivamente."

"Então eu vou."

Soyeon era mesmo incrível, um exemplo de coragem.

"Amanhã?"

"Venha me buscar aqui e faremos isso."

"Okay, amanhã então."

Estava decidido, faria isso.

Deixou a expectativa preencher o peito e esqueceu dos receios por um tempo.

Seria amanhã.

Sad beautiful tragic love storyOnde histórias criam vida. Descubra agora