Ryujin saiu correndo daquela biblioteca e levou consigo um pedaço de Yeji.
A garota não saberia dizer o motivo de Ryujin ter visto o que viu a incomodar tanto, havia um lapso de dor nos olhos da garota que quebrou o coração de Yeji em trilhões de pedacinhos.
Sentia falta de sua amiga, sentia mesmo.
Quando a via passando pelos corredores sentia o impulso de ir até ela, segurar suas mãos e contar a ela tudo o que perdeu nos últimos dias em que esteve afastada.
Mas havia Yeonjun agora, sua mão estava sempre segurando a dele.
Yeji gostava dele, mas Yeji gostava de muitas coisas, gostava de lamen e gostava de filmes de terror, gostava de ler romances e gostava de ouvir música pop, se tivesse que colocar numa balança, provavelmente gostaria mais das coisas do seu mundinho particular do que de Yeonjun, o rapaz não pertencia ali, aquelas coisas tão únicas dela simplesmente não faziam sentido junto do garoto, mas quando não vivendo dentro do seu universo particular, vivia com Yeonjun, e gostava de viver com ele.
Alguns diriam que sua vida era perfeita, tinha as melhores amigas que poderia pedir, namorava o garoto mais bonito de todo o colégio, as garotas a invejavam.
Mas faltava algo.
Yeji diria que sua vida era perfeita antes, quando vivia com Ryujin.
Ah essa sim se encaixava no seu mundinho.
Yeji gostava de lamen e gostava de filmes de terror, gostava de ler romances, gostava de ouvir música pop e gostava de Ryujin, gostava que a garota se encaixava tão bem ali, entrou ali de fininho, quase que não percebeu, e se ajustou tão bem que parece que sempre pertenceu aquele lugar.
E Ryujin por si só era um universo magnífico.
Yeji viajava por músicas de rock e músicas alternativas, livros de amores trágicos e alguns de filosofia, viajou tantas vezes para encontrar a garota perdida entre filmes de rebeldia adolescência e desenhos infantis que acabaram por se fundir.
Yeji gostava de Ryujin, Ryujin gostava de Yeji, e elas gostavam de ouvir David Bowie e Britney Spears, assistiam Pânico e As vantagens de ser invisível, tudo isso enquanto falavam sem parar sobre algum livro em comum que tinham lido, ou então uma falava sobre Freud (Ryujin o odiava) e depois cedia a vez para a outra falar sobre a idealização do amor, as vezes apenas fofocavam coisas bobas e riam sem parar das próprias piadas.
Ah sim, Ryujin era magnífica.
Mas ai ela se foi.
Saiu correndo da biblioteca e nunca mais voltou.
E aquele universo tão particular que tinham criado, tão único e especial, se fora junto dela.
Passou um mês.
Dois meses.
O peito de Yeji sentia o vazio do que lhe foi arrancado.
As noites dormia e sonhava com os olhinhos tristes e marejados de Ryujin.
Três meses.
Cansou de esperar e decidiu que iria reconstruir seu universo sozinha, Yeonjun foi útil, a convidou para ver os treinos de basquete, lá descobriu as líderes de torcida, adorou as piruetas, os saltos, as saias e pompons, fez daquilo parte do seu novo mundinho, e era boa naquilo.
Parou que contar os meses, semanas e dias.
Se aproximou ainda mais das amigas, principalmente Jisu.
As garotas reclamavam da ausência de Ryujin, na maior parte do tempo não sabiam dizer por onde ela andava.
Yeji quase não sentia mais falta, era o que dizia a si mesma.
Estava bem afinal, era parte das líderes de torcida, descobriu que as garotas lá eram engraçadas, apesar de um pouco fúteis as vezes, tinha suas amigas que eram incríveis, sempre a incentivando e ajudando e também seu namorado lindo e gentil, que a levava para comer lamen sempre que sentia vontade.
Mas teve um dia que a fofoca do vestiário a pegou desprevenida, as garotas comentavam com risinhos maldosos que havia um novo casal na escola, um casal de garotas.
Isso prendeu a atenção de Yeji.
Atentou os ouvidos.
"Uma amiga me disse que elas vivem na sala de música se agarrando."
"Que nojo!"
"Eu sei, e estão dizendo que elas vão além dos beijos, acredita?"
As garotas falam com uma certa repugnância na voz, um desdém de quem é superior, como se estivessem falando de uma barata cascuda.
"E quem são elas mesmo?"
"Ai eu já falei, é aquela Soyeon e uma garota do segundo ano, de cabelo curtinho, não conheço."
"Acho que sei quem é, uma tal de Ryunjin, não é?"
Yeji sentiu o coração cair.
"E eu é que sei? Do segundo ano só conheço a Yeji, não é Yeji?"
Fingiu não escutar, não queria fazer parte daquela conversa.
"Enfim né, elas ficando trancadas na sala de música e não se agarrando na minha frente, não estou nem ai"
Juntou suas coisas e saiu quase correndo, não aguentava mais ouvir aquelas coisas.
Não sabia se era verdade, mas faria sentido, Ryujin sumiu porque encontrou uma namorada, uma outra garota.
Ryujin se foi para compartilhar seu universo com alguém que amava mais, uma garota que amava mais do que amava Yeji.
Fazia sentido.
Fazia sentindo demais.
E seu coração odiou aquilo.
A garganta dela ardia com a quantidade de xingamentos que tentavam escapar.
Por que se incomodava tanto? Ora, não sabia e nem queria saber! Apenas sentia a possibilidade de Ryujin estar por ai aos beijos com uma garota qualquer cutucar seu coração coração como milhares de agulhas.
Yeji andava apressada, queria ir para casa logo.
Mal olhava pera frente, concentrada nos seus passos para não sair correndo.
Quando levantou o olhar viu quem menos queria onde não deveria estar.
Ryujin.
Ryujin entrando na maldita sala de música.
A sonsa nem a percebeu na outra ponta do corredor, claro que não percebeu, estava focada em ir encontrar sua tal namorada.
Pro inferno as duas.
Yeji tinha a vida perfeita e isso não mudava nada.
Não sentia mais falta de Ryujin.
E aparentemente ela também não sentia.
Odiou o pensamento.
Como poderia não sentir falta?
Queria se importar tão pouco quanto Ryujin se importava.
A garota havia desaparecido sem explicação, sem aviso prévio.
E parecia estar tão bem.
Yeji queria tanto não sentir sua falta, mas sentia.
Mais do que nunca, sentiu a saudade a esmagar.
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Sad beautiful tragic love story
FanfictionMinha vida começou no momento em que coloquei meus olhos em você, foi a primeira vez em que senti uma batida de coração percorrer por todo o corpo.