Everybody wonders what would be like to love you

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A primeira vista tudo parecia igual, as cinco garotas retornaram ao colégio usando os mesmos uniformes, sentavam na mesma mesa de sempre durante o intervalo, mantinham as conversas altas e animadas, no entanto, internamente estavam diferentes, as mudanças da adolescência batiam na porta; os corpos apresentavam mudanças, os assuntos da mesa mudavam gradualmente, não mais comentavam sobre como odiavam as aulas de biologia, o assunto agora era o novo professor de biologia, um homem muito bonito segundo as garotas. A mudança foi tão gradativa que Ryujin não percebeu para onde estavam caminhando.

Yuna foi a primeira a dar um choque de realidade na garota, se atrasou num dia para o encontro no intervalo e quando apareceu carregava um sorriso de orelha a orelha.

"Huening Kai se declarou para mim."

Esse foi o assunto da mesa por vários e vários dias, Ryujin nunca disse nada sobre; não sabia o que pensar. Não era particularmente uma apreciadora do assunto, não entendia o alarde das meninas em torno do garoto, mas não fazia grande caso. O assunto divertia as outras na mesa e isso era o suficiente para ela.

"Huening Kai me beijou."

Ah, isso sim foi um choque.

Um beijo. Um beijo na boca.

Yuna contou tudo em detalhes, contou várias e várias vezes durante o dia, adorava falar sobre o seu beijo, as outras adoravam ouvir. Era novidade afinal, nenhuma delas tinha beijado ainda. Mas Ryujin se sentia incomodada, não saberia dizer o motivo, apenas se sentia deslocada, nada sobre aquele beijo a empolgava, talvez tivesse algo errado com ela. Não parecia ser a única no entanto, Yeji escutava atentamente a história todas as vezes que Yuna contava, mas parecia mais interessada em encarar Ryujin. O olhar a deixava desconcertada.

"Foi delicado."

Yeji a encarava.

"Ele colocou as mãos na minha cintura."

Yeji continuava a encarar.

"Os lábios dele encostaram nos meus."

Ainda encarava.

Não era o olhar doce que sempre encontrava na menina, nem o que descobriu na noite em sua casa. Era inquisitivo, acusadores de certa forma. Ryujin não gostou daquele olhar, foi a primeira vez que odiou ter a atenção de Yeji apenas para si.

Todos os dias Yuna tinha uma história de um beijo diferente para contar, dizia estar apaixonada pelo garoto e fazia monólogos sobre todas as mínimas interações deles. Parecia tão feliz e realmente estava, era uma felicidade diferente, uma felicidade de mulher. O estado de espírito dela aguçava a curiosidade das outras, não demorou muito para Jisu começar a se atrasar para os intervalos também, Ryujin aprendeu a ignorar quando a mesma aparecia com Yuna cheia de risadinhas e fofocas sobre os namorados, gostava de ver a felicidade das amigas mas não se interessava no romance delas. Mas como um efeito dominó, Ryujin não poderia escapar. A comoção que não tinha nela sobrava em Yeji, entre todas era a que mais sofria com o amadurecimento, no entanto, diferente das outras meninas, ela floresceu de forma repentina, foi no quarto de Ryujin, enquanto encarava os lábios da sua amiga, que percebeu que a vida é mais do que esconde-esconde. A vida é desejo. E como desejava. Até aquela noite não sabia nomear o que tinha em Ryujin que a mantinha tão absorta nela, mas uma vez que a realização se incumbiu não poderia mais ignorar; tudo na garota a deixava em estado de alerta, queria se afundar nela. Uma vez que nomeou seu desejo, nunca mais parou de desejar.

Ah Yeji.

A garota andava afastada de Ryujin, oferecia apenas palavras cordiais e olhares intensos. Ryujin não entendia, por vezes tentou se aproximar da amiga, segurar sua mão e se manter por perto, mas recebia um tratamento tão frio e formal que aos poucos desistiu, imaginou que talvez Yeji tivesse cansado da sua amizade, mas os olhares não transmitiam isso. Queria perguntar, exigir respostas e exigir sua presença, mas achou melhor dar a ela espaço e tempo. Nunca foi de confrontos mesmo.

Se isolaram em suas incertezas por mais tempo do que deveriam, brincaram de adivinhar até que o adivinha virou teoria e da teoria para a certeza é apenas uma questão de formalidades científicas.

Quando Yeji apareceu no intervalo usando uma jaqueta do time de basquete com pelo 3 vezes o seu tamanho, Ryujin quis confrontar.

"Vocês não vão acreditar."

Ryujin tinha um mal pressentimento

"Yeonjun veio falar comigo hoje."

Um péssimo pressentimento.

"Ele disse que sou a garota mais linda do colégio."

Ficou pálida.

"Disse que estava criando coragem desde o ano passado para falar comigo."

Não queria mais ouvir.

"Ele disse que está apaixonado por mim."

Seu coração caiu.

"Me deu sua jaqueta e pediu para eu pensar com carinho sobre isso."

Ryujin desapareceu, encolheu no meio do agito das garotas, diminuiu ao ponto de caber no bolso da jaqueta que Yeji usa. O mundo ficou em silêncio, quis chorar, não como um recém-nascido mas como uma mulher.

Sad beautiful tragic love storyOnde histórias criam vida. Descubra agora