- 𝑠𝑙𝑒𝑒𝑝𝑖𝑛𝑔 𝑖𝑛 𝑎𝑛𝑜𝑡ℎ𝑒𝑟 ℎ𝑜𝑢𝑠𝑒

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ONDE VOCÊ DORME NA CASA DELE

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Diário de intercâmbio #16
8:57 PM.

Observo o menino parado em pé vendo penteados e mais outros penteados para usar em alguma ocasião. O garoto apenas havia mandado-me mensagem implorando a minha ajuda, não entendi o que era de início, mas quando cheguei na casa do mesmo, ele me explicou qual era a urgência.

Ele mostrava-me os penteados que mais gostou e eu dava a nota, claro, tinha uns muito bonitos, mas eram difíceis e eu acabava dando nota abaixo de cinco, para ele não cogitar a ideia de fazer.

— Aqui — fala e mostra-me — O que acha? — pergunta.

— Legal, fácil e deve durar mais de uma semana — digo e ele ri — Vamos fazer! — empolgo-me e ele também.

O penteado que ele havia me mostrado era apenas um cabelo com tranças feitas, nada demais. Penso que não deve ser difícil, pois já vi muitos tutoriais, mas nunca tentei.

O garoto desceu para o andar de baixo e depois apareceu com seu cabelo molhado, e com tudo que iríamos precisar. Não fazia ideia que ele tinha gel de cabelo, ou qualquer um desses produtos de cabelo, por algum motivo, sempre achei que o cabelo do menino acordava arrumado todos os dias, na verdade, ainda acho.

— Tem certeza que sabe fazer isso? — pergunta o mesmo encarando-se no espelho.

— Confia; meu nobre — digo e ele olha-me desconfiado, mas apenas aceita sua triste realidade de deixar seus belos fios pretos comigo.

[...]

Seguro fortemente minhas mãos por medo de caírem. É incrível o que apenas pegar uma mecha de cabelo e trançar ela pode fazer com sua mão.

Deito-me na cama do garoto que se admira no espelho. Ele deve estar ali pelo menos a cinco minutos.

— Nossa... Eu sou o homem mais bonito que pisou nesta Terra — diz e o olho.

— Não é homem, é um garoto — digo e ouço o mesmo protestar — É homem apenas quando eu dizer que é homem, enquanto isso, não passa de um garoto — falo.

— Você sabe como estragar a alegria alheia e... O que foi? — pergunta se aproximando — Está doendo? — questiona.

— Uma dorzinha na mão; nada demais — amenizo.

Não era apenas um dorzinha, não, era como se tivessem tentado arrancar meus punhos e não conseguiram, como punição, recebi muitos murros no mesmo lugar. Sim, cruel e um pouco estranho, mas era a exata sensação que sinto.

Não pude falar muito com o menino, pois o mesmo já havia descido para o andar de baixo para fazer lá só Deus sabe o que.

Para ser sincera e um tanto que aleatória, estou amando esses dias de normalidade que estou tendo, mesmo que meu calendário de provas esteja próximo; e que eu esteja nutrindo um grande sentimento sufocante de ansiedade e estresse, mas fora esse grande problema em minha vida, tudo está sendo perfeito.

Me aproximar do menino aos poucos e conseguir fazer amizade com ele, foi uma das melhores coisas que me aconteceu nesse intercâmbio, se não a melhor coisa. Acho que irei sentir falta dele quando for embora daqui, igualmente de Mirelle; aquela louca apaixonada por balé.

Espero que ela realize seu sonho estudar na Royal Ballet School, ela não para de falar disso desde que a conheci.

Com esses pensamentos, quase me afoguei em memórias que ainda estão vívidas em minha cabeça, que nem tinha percebido que o menino voltou com uma compressa de gelo.

— Para que isso? — pergunto ao moreno que sorri acolhedor.

— Para a sua mão, doida — responde — ... Obrigado por me ajudar com meu cabelo, eu realmente não saberia fazer sem você — diz.

— De nada... Nossa, eu tenho que ir para casa... 'Tô morrendo de sono — lembro-me e entrego a compressa ao menino.

É, eu realmente estava morta de sono, não aguentaria mais um minuto acordada, não quando estou deitada na cama mais confortável do planeta Terra.

— Se quiser pode dormir aqui — oferece.

— Moramos de frente para o outro, esqueceu? — brinco com o mesmo.

— Você está morta de cansada, capaz de desmaiar na rua... Pode dormir aqui, eu durmo no outro quarto e eu aviso a sua mãe.

Respiro fundo e agradeço ao menino em um sussurro, pois eu não tinha mais forças para absolutamente nada.

O menino ajeitou a coberta para me esquentar melhor, também ouvi o aquecedor ser ligado pelo mesmo quando ele apertou o botão do controle. O moreno deixou a porta um pouco aberta e antes de sair, além de trancar todas as janelas do seu quarto; aquilo passou uma enorme sensação de segurança que nunca havia sentido antes.

Senti um beijo doce ser dado no topo da minha cabeça e ouvi a voz distante do garoto dizer "boa noite" para mim.

━━━━━━ END ━━━━━━

𝗘𝘂 𝗳𝗶𝘇 𝗲𝘀𝘀𝗲 𝗻𝗮 𝗽𝗿𝗲𝘀𝘀𝗮 𝗲 𝗰𝗼𝗺 𝘀𝗼𝗻𝗼...? 𝗦𝗶𝗺, 𝗺𝗮𝘀 𝗼 𝗾 𝗶𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮 𝗲́ 𝗾𝘂𝗲 𝘀𝗮𝗶𝘂 :)

𝗞𝗶𝘀𝘀𝗲𝘀.

𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐂𝐀𝐌𝐁𝐈𝐒𝐓𝐀 | ᵐⁱᵍᵘᵉˡ ᶜᵃᶻᵃʳᵉᶻ ᵐᵒʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora