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ONDE O MESMO LHE DEU UM PRESENTE

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Diário de intercâmbio #13
6:38 PM.

Faz tempo que não falo com Miguel, após tudo que aconteceu, eu não queria falar com ele, eu disse que não ligava para a existência dele, eu nem reconheci que o Mikey era Miguel... Meu Deus, isso só pode ser castigo.

Minha mãe já tinha me consolado, dito que foi apenas um pequeno incidente e nada demais, que ele não se lembraria disso por causa da agenda lotada. O problema é que eu não esqueci disso, minha mente não iria parar de repetir a mesma vergonha que passei há três dias atrás.

O que será que eu fiz nas minhas vidas passadas, se elas existem. Eu devo ter sido o motivo de morte de alguém, apenas isso passa pela minha cabeça ao ver quantas coisas já aconteceram comigo, coisas desastrosas ao menos.

- Querida, o Miguel quer falar com você! - avisa a mais velha do outro lado da porta.

- Eu não falo com ele nem que me obriguem, nem que me paguem, nem que pintem ele de ouro na minha frente. Eu não posso falar com ele, mãe! Diz isso para ele! - dramatizo.

- Problema seu! Eu já deixei ele entrar - diz e vejo a minha porta abrir. Mostrando-me a loira e o moreno ao seu lado, ele está visivelmente desconfortável - Resolvam-se crianças.

A mesma empurra o garoto para entrar e depois fecha a porta brutalmente, o mesmo encara a porta assutado e depois seu olhar se direciona a mim. Cubro meu rosto antes de qualquer coisa ser dita.

Ouço uma risada abafada vim do menino que senta-se em minha cama, além do peso do corpo do garoto, também senti uma leve inclinação ao meu lado quando ele pôs alguma coisa; não sei o que é, e isso despertou a minha curiosidade em descobri o que era.

Tiro o edredom somente do meu rosto e deixo todo o meu corpo ainda coberto. Tinha uma caixa, uma bela caixinha de presente; é muito bonita. Encaro o mesmo questionadora.

- Olha... Você disse no shopping que queria apenas comprar o tênis dos seus sonhos e isso... Eu... Eu acabei estragando tudo com o evento que fiz, então... Queria me redimir, sabe? - explica - Não é obrigada a aceitar, e também, tem a nota fiscal aí dentro, caso não goste e queira trocar.

Sento-me na cama e me encosto na cabeceira. O moreno sentia-se culpado e eu conseguia ver isso em seus olhos, não quero que ele se sinta mal por fazer algo que, provavelmente, planejava há um tempo.

- Ei... Foi legal até - disse e o mesmo olha-me - Eu nunca pude gritar com alguém, então, meio que você realizou meu segundo sonho naquele dia - brinco e o garoto ri.

Pego a caixa delicadamente, não quero estragar a mesma, é tão linda, posso guardar muitas coisas aqui. Desmancho o laço e abro, vendo um par de tênis lindo.

- Eu escolhi com base das coisas que eu gosto, então... Se não gostou pode ir trocar, ou eu troco caso esteja com preguiça - oferece e sorrio para o moreno.

- Como não gostar? É perfeito, é lindo, é belo! - falo retirando os mesmos da caixa - Como sabia o tamanho do meu pé? - pergunto ao menino que encara o chão - Miguel... Se você for um stalker, eu ligo para a polícia - falo.

- Para de pensar, isso não combina com você - diz e demoro um tempo para entender a sua ofensa, depois o mesmo ri desculpando-se - Eu pedi aos seus irmãos pegarem um tênis seu e vi a numeração do seu pé. Quase vi errado, a propósito, aparentemente, as numerações são diferentes no Brasil.

- Era óbvio que era diferente - digo para o mesmo que suspira cansado - Tipo, vocês contam por pés, o mundo conta por metros - dou o exemplo e ele coloca a mão no rosto, como se negasse alguma coisa.

- Às vezes, encontro-me perguntando o porquê ainda de ser seu amigo e ouvir seus insultos verdadeiros.

Acabo rindo da fala do garoto, mas não fico muito tempo nisso e me ajeito para colocar o tênis que me foi dado. Coube certo em meu pé, claro, ficou um pouco de nada maior, já que minha mãe sempre me obriga a comprar números um pouco maiores para durar mais tempo, mas ainda assim, ficou incrível.

Ele é extremamente confortável, é como seu estivesse pisando nas nuvens, um verdadeiro sonho. O moreno levanta-se e elogia, enquanto eu ainda continuo a admirar o tênis.

- Você até que tem bom gosto - brinco e por algum momento, achei que ele iria levantar o dedo do meio para mim - Obrigada, sério, muito obrigado - por impulso; acabo abraçando o menino que parece ter sido pego desprevenido, mas ainda sim, retribui o gesto.

Seu aperto é totalmente confortável, ainda mais com o moletom que usa. Imaginava que seu perfume era forte, enjoado e que eu jogaria fora se me dessem de presente, mas não, seu perfume era forte, doce, calmo, era... Refrescante e acolhedor, combinava com o moreno.

Seus dedos passeiam pelas minhas costas, acariciando as mesmas, enquanto eu sinto a música que seu coração produz, o ritmo está um pouco acelerado, não tão diferente do meu, mas ainda sim é bom de escutar. Ficamos assim por minutos, até nos darmos conta do que acontecia.

Separo-me do menino e desvio o olhar, isso acontece com ele também, mas ao contrário de mim, ele não fica assim por muito tempo, imagino que ele deva estar acostumado. Depois de milésimos, eu olho para o menino, que tem apenas um leve sorriso em seus lábios. O mesmo despede-se e faço o mesmo, fechado a porta do quarto quando ele saiu.

━━━━━━ END ━━━━━━

šˆšš“š„š‘š‚š€šŒššˆš’š“š€ | įµā±įµįµ˜įµ‰Ė” į¶œįµƒį¶»įµƒŹ³įµ‰į¶» įµįµ’Ź³įµƒOnde histĆ³rias criam vida. Descubra agora