- 𝑝𝑜𝑒𝑚

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ONDE O MENINO PRECISA ESCREVER UM POEMA.

━━━━━━ MIGUEL ━━━━━━

Diário de intercâmbio #44
1:30 PM

Eu precisava escrever um poema.

Não qualquer poema, alguma coisa que representasse tudo que sintia, que sinto, e o que eu acho que vou sentir.

Nunca pensei que a Academia colocaria esse trabalho para fazer, mas eles disseram que ajudaria todos nós. Então, todos apenas aceitaram — também porquê vale nota.

— Eu não sou escritor! — digo para o papel como se ele pudesse ouvir — Como vou saber como me sinto? Como faço isso? — pergunto a mim mesmo.

Levanto-me do chão do quarto e caminho para o lado de fora. Não há ninguém em casa. Meus irmãos estão na escola e minha mãe está no trabalho, então estou sozinho.

No momento, o que sinto é tédio e tenho certeza que vou continuar sentindo isso; então, o que eu faço? Escrevo sobre sentir um tédio profundo e recebo um F na minha cara? Ou posso mentir o que estou sentindo, eu sou um bom ator.

Ouço batidas na porta e me distraio com isso, deixando a bolinha de papel que jogava no ar, cair na minha cara.

— Porra... Quase acertou meu olho — reclamo breve e levanto-me do sofá que estava deitado. Caminho até a porta e abro a mesma, vendo a menina que sou ridiculamente apaixonado

¡Mi amor! O que faz aqui? — pergunto.

— Sinceramente, eu passo mais tempo aqui do que na minha própria casa, porém esse não é o caso aqui — diz a menina e dou espaço para a mesma entrar — Eu estou morrendo de tédio!

— Uau, estamos conectados em relação a isso! — brinco e a mesma sorri — Também estou morrendo de tédio, mas não posso escrever sobre isso, porquê vai dar apenas uma linha do poema.

— Não precisa necessariamente escrever sobre o que sente agora. Fale sobre o presente do passado — aconselha a garota e olho a mesma estranho — Bom, lembre-se de algo que sentiu, escreva como se fosse agora. É simples! — explica.

Queria que fosse tão simples como ela faz parecer. Isso seria uma boa solução, mas também tenho que escrever como me sentia sobre alguma coisa, então, se eu escrever, como ela diz, "o presente do passado", eu não vou ter o que escrever sobre o passado.

— Não é tão simples assim, também tenho que... Ah, esquece hermosa. Não vamos focar nisso...

— Vamos sim! — interrompe-me a menina e acabo rindo disso — Eu adoraria ler um poema feito por você e você já me ajudou com muitos deveres meus... Essa é a minha chance de retribuir — argumenta.

— Se você quer... Faremos isso juntos, mas estou avisando de início que, eu sou péssimo péssimo escrevendo essas coisas, não espere nada além do que um verso de alguma coisa.

A garota ri breve, mas depois seu foco vai para as escadas e depois, a mesma some do meu campo de visão indo para o segundo andar. Resolvo acompanhar a menina, já que tudo também está no meu quarto.

[...]

Ao invés de passarmos a tarde fazendo alguma coisa próxima da nossa meta, acabamos rindo de qualquer vídeo que passava no YouTube e também conversando sobre qualquer assunto que surgia.

— Sabia... Sabia, aí meu Deus...! Sabia que cócegas causam risos de desespero e... Não de felicidade!? — diz a garota e paro de fazer cócegas na mesma, já que estávamos fazendo guerra com isso.

— Jura... Nossa, desculpas! Não era a minha atenção, juro! — falo para a menina que tenta recuperar o fôlego — Eu me sinto muito mal agora, por todas as pessoas que já fiz cócegas... Desculpas — digo e ela ri.

— Que nada! Está tudo bem... Enfim, vai conseguir escrever teu poema?

— O quê?

— Não sente mais tédio, não é? Então, conseguirá escrever o teu poema agora? — pergunta a menina. Então esse era o seu plano quando lhe disse sobre o trabalho.

— Acho que sim — respondo a mesma — Esse era seu plano? — pergunto e ela concorda — Isso foi esperto, mas me sinto levemente enganado.

— Eu acho que é porque você foi, né? — diz simples.

Sabia que isso era uma resposta sua automática, então esperei um tempo para ela perceber isso. A garota aos poucos muda sua expressão e começa:

— Meu Deus! Miguel não era a minha intenção, é que...

— Eu sei — tranquilizo a menina e sorrio para ela — Foi algo automático, não se preocupe e não, eu não fiquei nem um pouco ofendido — falo e a mesma sorri — Acho... Que eu tenho um rascunho de poema, não é certeza, mas devo ter rascunho de algo.

A garota comemora e vou até a escrivaninha que havia no local. Tinha algumas coisas em cima, por eu ser... Digamos, um pouco de nada preguiçoso para arrumar a mesma, mas isso não vem ao caso.

Passo uns pequenos minutos escrevendo alguma coisa, não gostei muito para ser sincero, mas como enfatizei no início, é apenas um simples rascunho. Termino e entrego a garota.

— Devo ler em voz alta? — pergunta.

— Eu vou apresentar para toda a classe, então, vá em frente mi amor falo e a mesma encara-me descofiada, mas depois volta a sua atenção ao papel.

"Eu devo ser alguém ridículo por depositar minha felicidade em um simples alguém. Não há nada nela que é diferente de mim.

Ela é humana assim como eu, com pequenos detalhes que são únicos dela, mas outros que são iguais aos meus.

Sinto que esse poema não é sobre os sentimentos que sinto ou que, talvez, em breve sentirei; mas sobre alguém que me faz sentir alguma coisa diferente do normal."

Definitivamente, isso está péssimo. Eu vou levar um belo F no meu boletim.

— Amor! Isso está perfeito! — diz a menina e a encaro — Está tão lindo, e isso ainda é apenas o rascunho! Imagine quando estiver totalmente pronto? Vai ser perfeito! — fala a mesma e acabo sorrindo.

— Sério!? Está mesmo bom?

— Isso está perfeito, meu amor! — fala a garota e sorri para a menina que abraça-me contente — Quando terminar, posso ficar com o rascunho? — pergunta.

— Não vai querer a..

— Não, gosto da primeira versão das coisas... Eu acho — fala.

Acabo rindo do comentário da menina e continuamos o resto da tarde que nós restava juntos, fazendo qualquer coisa.

━━━━━━ END ━━━━━━

𝗘𝘀𝘀𝗲𝘀 𝘂́𝗹𝘁𝗶𝗺𝗼𝘀 𝗱𝗶𝗮𝘀 𝗲𝘀𝘁𝗼𝘂 𝘀𝗲𝗺 𝗰𝗿𝗶𝗮𝘁𝗶𝘃𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗲 𝗶𝘀𝘀𝗼 𝗲𝘀𝘁𝗮́ 𝗺𝗲 𝗺𝗮𝘁𝗮𝗻𝗱𝗼 (𝗱𝗲 𝗼́𝗱𝗶𝗼 𝗲 𝗳𝗿𝘂𝘀𝘁𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼).

𝗞𝗶𝘀𝘀𝗲𝘀.

𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐂𝐀𝐌𝐁𝐈𝐒𝐓𝐀 | ᵐⁱᵍᵘᵉˡ ᶜᵃᶻᵃʳᵉᶻ ᵐᵒʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora