03 - Carolina Borges

64 12 2
                                    

Carolina Borges

Depois que pegamos nossas bebidas nos afastamos um pouco do bar e fomos, mas para perto da área vip, e a Tereza começou a rebolar até o chão enquanto Carlos estava de olho nas mulheres que estavam dando em cima dele, estava longe de querer paquerar alguém, nunca tive tempo para namorar, sempre estudei muito e corri atrás de crescer profissionalmente, dona Clarice sempre me cobrou um namorado e até mesmo um filho, como ela diz, "não precisa casar para ter um filho e me fazer ser vovó", continuei olhando o ambiente e do nada esbarrei em um corpo atrás de mim, sentindo um líquido gelado escorrer desde a minha nuca até altura das coxas.

Virei brava pronta para dá um grito e xingar com o responsável por me dar um banho de nem sei o que é era, quando olhei para o homem que estava na minha frente senti que minhas pernas começaram a ficar moles de medo e minha raiva começou a sumir.

Na minha frente tinha um homem de quase dois metros de altura, todo musculoso e cheio de tatuagem, com lindos olhos verdes, uma boquinha carnuda chamativa, ele parecia confuso enquanto me olhava e tentava ver o estrago que ele havia feito, mas o que me chamou atenção foi um fuzil pendurado nas costas, sentia que minha coragem havia ido para outro lugar e nesse momento só considerava ir para casa e me esconder em baixo da cama.

— Oi, moça presta atenção por onde anda, ficou agora toda molhada. — Ouço-o falando com uma voz bastante sedutora e percebo que ele me olhou com desejo e eu gaguejei.

— Des... desculpa moço, estava me virando e não percebi que estava se aproximando de mim. — Os rapazes que estavam ao seu lado dão um pouco mais de espaço e percebo que formam um círculo ao nosso redor.

— Calma morena, não precisa se desfazer em medo não, estava também distraído aqui com os rapazes. — Ele gesticula para os outros homens que o acompanhavam.

Olhei para ele com espanto e respirei fundo para pôr as ideias no lugar, estava preocupada com a situação, e acabar sendo morta em pneus, queimada ou mutilada em alguma cova rasa, vamos lá conversar com ele que deve achar que sou louca, estendi a mão para ele.

— Oi, satisfação me chamo Carolina e estes são meus amigos me trouxeram para conhecer um baile. — Ele nem olhou para meus amigos, seus olhos estavam fincados nos meus e eu estava hipnotizada pelo aquele homem, Jesus o que estava acontecendo comigo?

— Você quer ir até ali, no reservado e se limpar, pode trazer seus amigos, acho que vocês vão gostar mais de lá. — Olhei para meus amigos e eles concordaram.

— Tudo bem, vamos lá! — Chegamos na área Vip e o bonitão finalmente se apresentou.

— Morena nem me apresentei, me chamo Bruno e de onde você é mesmo? — Estico a mão para ele, que a pega com carinho e sinto o seu toque com certa leveza como se ele me apertar fosse me quebrar.

— Prazer Bruno, sou de Manaus, vim a trabalho. — Percebi que ele me olhou diferente como se fosse com cobiça, mais eu não iria me envolver mesmo com esse cara, sorri para ele. — Bruno, muito obrigada pela ajuda e mais uma vez desculpa por fazer você desperdiçar sua bebida, não quero que você tire conclusões sobre mim. — Espirei fundo e lhe dei um olhar triste.

— Que isso, morena, pega esse abadá e tira esse crooped que está molhado, tem um banheiro logo ali. — Olho para onde ele aponta, pego a blusa e fico considerando em usá-la ou passar a noite inteira molhada.

Decido troca, vou indo até o banheiro e percebo que as mulheres estão de olho em mim, tento manter a minha postura para não demonstrar que seja fraca, mas ela continua cochichando sobre como estou vestida ou como sou gorda, me diminuem, sinto vontade de chorar e a única vontade que tenho é de ir para casa agora, retoco meu batom olhando para o pequeno espelho e um pouco antes de sair do banheiro ouço.

— Será que ele vai ficar com essa gorda aí Tati? — Pelo visto, ele é o homem mais concorrido nessa favela.

Fiquei incomodada vendo aquele monte de mulheres me olhando feio devido à atenção que o Bruno estava nós dando depois que voltei do banheiro para onde estavam meus amigos.

Percebi que estava cansada e decidi que estava na hora de ir embora, ia avisar meus colegas e ia descer o morro para chamar um táxi ou um carro, cheguei perto deles para avisar.

— Gente estou indo, estou cansada e ainda to me adaptando ao fuso horário, fiquem aí e se divirtam, eu vou de Uber ou táxi. — Eles me abraçam enquanto me despeço deles e concordamos de nos encontrar durante o nosso plantão daqui a uns dias.

— Está cedo ainda para você ir embora. — Vejo-o tentando me convencer em ficar um pouco mais, nego com a cabeça dando um sorriso franco.

— Tudo bem, já que insiste, vou te deixar em casa em compensação da minha bebida que foi embora na sua roupa. — Olho para ele assustada, como assim me deixar em casa, está louco nem o conheço.

— Não precisa, eu pedirei um carro, não precisa se incomodar. — Ele apenas rir e chama um dos homens que o acompanham.

— Vamos pegarei o carro aqui embaixo. — Ele tirou aquela arma enorme da costa e pegou uma pequena e colocou na cintura, começou a me puxar pela mão, dei um olhar resignado aos meus colegas e disse que mandava mensagem quando chegasse em casa.

Já no carro ele colocou uma música bem baixinha e calma dei meu endereço e seguimos até lá, enquanto ele me enchia com perguntas, estava achando engraçado a curiosidade dele sobre minha terra.

Quando chegamos na frente ao meu apartamento ele desceu do carro e abriu minha porta, perguntou se podia subir e fiquei com medo de não deixar.

— Estou bem cansada, cheguei ontem de viagem, acordei cedo hoje e aqueles dois me convenceram a ir ao baile, mais se quiser um café passo um rapidinho. — Ele aceitou e subimos para meu apartamento.

Abri a porta e o deixei entrar, ele olhou tudo analisando as coisas, deixei a chaves no aparador e fui à cozinha preparar o café, voltei para sala e ele estava sentado.

— Bruno, você se incomoda se eu for jogar uma água no corpo e tirar essa roupa, estou agoniada com esse cheiro. — Ele riu e só fez tirar a arma da cintura e colocou sobre a mesinha.

— Pode ir la, eu fico de olho no café. — Olhei para ele e sorri, prestativo, gostei disso, corri até meu quarto, tirando a roupa, desfiz minha trança e fiz um coque todo bagunçado, tomei um banho rápido, vesti um moletom de patinho bem confortável e voltei para sala, o coitado estava la atrás de xícara.

— Estão aqui pode pegar, tem açúcar aqui e adoçante nesse outro potinho, e sentamos no sofá em silêncio. — Olho para ele entre um gole e outro enquanto ele faz o mesmo, o clima estava tão gostoso com o vento que entrava pela varanda.

— Sua cidade realmente é maravilhosa, adorei esse clima frio que tem aqui, na minha cidade é quente o ano todo, às vezes até quando ta chovendo é quente. — Via-o me olhando com admiração.

Não sabia o que estava acontecendo ali, estava me sentindo atraída por um traficante, meu Deus, dona Clarice vai me matar quando souber disso, mas não tenho nem coragem de me entregar de primeira para ele, mesmo ele sendo lindo, e que boca chamativa essa, já estava mordendo meus lábios desejando o dele sobre os meus, foi quando percebi, ele deixando a xícara na mesa e se aproximando de mim, colocou as mãos na minha nuca e grudou nossos lábios num beijo calmo, mais desejoso sinto a sua mão desceu para minha cintura e num movimento rápido eu estava sentada no colo dele com uma perna de cada lado, o que estou fazendo?

— Bruno, não posso fazer isso, me desculpa. — Fui saindo do seu colo e me afastando, depois do que sofri, eu nunca consegui me envolver com alguém e nem sei se quero ter uma pessoa na minha vida, ainda mais com toda essa mudança, senti uma lágrima descer e limpei rapidamente.

Ele levanta meu rosto me fazendo olhar para ele, e com seus dedos ele tenta secar a trilha que a lagrimas estava se formando mais ainda nos meus olhos, sinto apenas seu carinho e ele me abraça apertado, o conforto que sempre quis, ou melhor, que sempre precisei.

AMOR, INSANO AMOR (Livro 01) "AMAZON"Onde histórias criam vida. Descubra agora