Richarlison estava emburrado.
Era difícil distinguir, já que carregava sempre aquela cara fechada de poucos amigos. Porém, Son Heungmin conhecia o marido que tinha como a palma da sua mão.
Aquele brasileiro era a prova de que as aparências enganam, pois, era o homem mais babão e adorável que conhecia. Não para todas as pessoas, claro. Era um lado raro que Heungmin gostava muito de ser um dos privilegiados de desfrutar.
Quando estavam em casa, Richarlison não saia do pé de Son, grudado como chiclete. Até se o coreano fosse beber água, o outro iria atrás; enchia o mais velho de selares amorosos e fungadas gostosas. Entre namoro e casamento, existiam bons anos de conhecimento dos costumes e jeitos alheios para saber quando havia algo errado.
Ele estava emburrado e o Sonny sabia que o motivo era relacionado a ele. O brasileiro ficava chateado e não sabia expressar sua inquietação com palavras, então apenas sentava ao lado do coreano e esperava que ele puxasse assunto até chegarem no motivo da inquietação.
Mesmo de ovo virado com Son, ficar longe da presença do companheiro era inconcebível – Richarlison já passara da fase hipócrita de fingir não ser um completo apaixonado e servente de seu esposo; mesmo irritado, faria todos os desejos e usufruiria de estar perto dele.
Sonny já havia cansado de tentar mudar aquilo, sabia não ser saudável; nunca conhecera uma pessoa que ficava em completo silêncio ao seu lado esperando a outra pessoa tomar atitude. O que custava exteriorizar seu incômodo de uma vez?
Contudo, estavam juntos a tempo suficiente para aprender a lidar com certas situações com o marido, e aquela era uma delas.
A carranca assustava a qualquer um que passasse pelo corredor do centro de treinamento. Son terminava de arrumar sua bolsa para seguirem para casa. Ele sabia que precisaria iniciar a conversa com o mais novo, mas vê-lo assim - e sabendo o motivo - era uma graça.
No treino de hoje, Cristian Romero parecia carente demais e seu conforto foi o sul-coreano do time. Desde que chegara naquele dia, o argentino não desgrudou de si, mas tudo bem, Sonny era bem afetivo com os membros do time; não era novidade alguma.
Acontece que aqueles puxões na cintura para oferecer um abraço e cheiradas no cangote não era mais tão comum. Nem aquele esbarrão tosco que Richarlison interpretou como uma tentativa do outro se jogar em seu esposo.
Pior ainda foi quando Cuti ofereceu a mão para levantar Son, o trouxe para cima com uma força desnecessária e ocasionou em um colar de corpos muito íntimo.
Definitivamente não era um bom dia, Richarlison estava puto, no sentido totalitário de raiva que a palavra podia expressar.
Depois, eles foram gravar conteúdos para postar no Instagram do time. Nada de relevante aconteceu, porém, o sangue do platinado já estava a mil e qualquer faísca resultaria em um incêndio imenso.
Foi solicitado que Kulusevski gravasse um vídeo para os fãs coreanos, e Son o ajudaria, obviamente. Richarlison estava na sala vendo a gravação e a cada riso escandaloso do seu marido para o sueco, o fazia franzir o cenho.
De fato, era bastante engraçado o sotaque que o outro fazia ao pronunciar as palavras, mas seu estado de espírito não o fazia curtir nada daquilo. Kulusevski errava grotescamente as palavras e Sonny corria para bater no amigo, e mais risadas - e contatos - eram vistos.
Richarlison sabia que não era nada, confiava plenamente na fidelidade de seu parceiro; o problema era ele. Estava... melancólico? Julgou Cuti como carente, todavia, era ele mesmo que se encontrava esse espírito.
Queria a atenção do moreno apenas para ele, queria os olhos doces focados só nele. As mãos somente lhe tocando. Por uma semana - no mínimo - queria privatizar o mais velho.
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emburrado - 2son
RomantizmSonny conhecia Richarlison mais do que o próprio, se duvidasse. E vendo a expressão emburrada do brasileiro, já sabia como lidar com seu marido.