Capítulo 35

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- O quê aconteceu???

Ele não responde, apenas nos entrega o celular chorando.
Lemos a mensagem.

Número Desconhecido/ Olá, o senhor é o pai de Sn Bacchi?
Tite/ Sou eu sim? Por quê?
Número Desconhecido/ Aqui é do rhumila hospital. Informamos que nesta madrugada sua filha sofreu um acidente de carro.
Aparentemente estava sob uso elevado de álcool.
Tite/ O quê????? Ela tá bem?????
Número Desconhecido/ No momento ela se encontra no quarto 134, em coma.
Sentimos muito senhor.

Olho para Antony, que já está com lágrimas nos olhos.

- Não não não não não não não não... - digo isso repetidas vezes, como se fosse mudar alguma coisa, até que desabo no chão e começo a chorar.

Antony pega um prato e joga contra a parede, na tentativa de quebrar junto com ele o sentimento negativo.
Os outros descem após acordar com o barulho do prato se quebrando.

- O quê caralhos aconteceu aqui???

Tento responder, mas não tenho forças para falar.
Richarlison entende.

- Lucas... Cadê a Sn?

Ao ouvir o nome dela, solto um grito e começo a chorar ainda mais.
Apenas entrego o celular a Richarlison.
Ao terminar de ler, ele fica encarando o nada, como se estivesse absorvendo a informação.
Até que ele desaba em uma cadeira e começa a chorar.

- Porra, me dá isso aqui. - Ney toma o celular da mão de Richarlison e lê a mensagem em voz alta, mas quando chega na parte do "coma" ele para.

Todos estão se consolando.
Antony não deixa ninguém se aproximar dele, Thiago está abraçado com o professor, Richarlison está sentado e Marquinhos está com as mãos em suas costas dizendo para ele ser forte.
Mas ninguém tenta se aproximar de mim.
Eles sabem que nada que digam vai me fazer melhorar.

Me levanto, e sem responder a nenhum de seus questionamentos, vou ao hospital.
Chegando ao hospital, limpo meu rosto.
Muitos fãs começam a se aproximar.

- SAIAM, SAIAM TODOS. - grito sem paciência, e sem forças.

Vou até a recepção, com vários paparazzis tirando diversas fotos de mim.

- Olá, eu gostaria de pedir uma informação.
- Sim, senhor?
- Sn Bacchi... Ela...

Ela dá alguns cliques no computador.

- Sn Bacchi se encontra em coma no quarto 134.

Começo a chorar novamente.

- Perdão, me desculpe.
- Você é o Lucas Paquetá?
- Sou sim.
- Ah sim... A Sn Bacchi. O quê ela era sua?
- Era?
- Ah, perdão. O quê ela é sua?
- Minha irmã.

Ela assente com a cabeça e me entrega um crachá.

- Com isso você pode seguir no corredor 2 e achar o quarto que procura. Boa sorte.
- Obrigada.

...
Assim que chego no quarto, eu a vejo.
Ela está pálida, deitada... Inconsciente.
Entro no quarto.

- Porra Sn... Por que saiu?????? Por quê???? O quê você tava procurando cara??? - digo isso e começo a chorar mais e mais.

Uma enfermeira entra na sala.

- Sinto muito.

Olho para ela, mas a ignoro.

- Ela era...
- Minha irmã.

Ela pega uma folha que estava colada na cama.

- Sn Bacchi. Chegou hoje às 03:32 da madrugada após bater em um poste. A vítima tem reações cardiológicas, provavelmente consegue escutar o que dizemos.

Ela para de ler e olha para mim preocupada.

- O quê foi?
- Senhor... Consta aqui que sua irmã perdeu um bebê.

Meu chão parece sumir.
Começo a querer cair em direção a outra cama, mas a enfermeira me segura e me coloca deitado.

- Grávida...?
- Infelizmente perdeu o bebê no momento do impacto.

Por isso ela tava vomitando...

- De quantos meses estava a criança?
- 4 semanas.
- Entendo. Você pode me deixar aqui, por favor?
- Claro senhor.

Pego uma garrafa de água e bebo em segundos.
Sn aparentemente escuta o quê dizemos...
Me aproximo da cama.

- Sn eu...

Começo a chorar novamente.

- ... o quê eu devo fazer? De quem era essa criança? Richarlison, Antony? Você vai acordar? Se sim, quando? Por que saiu de carro? Por que você bebeu tanto? Por que Sn? Por quê??

Seu batimento cardíaco aumenta a frequência.
É, ela está ouvindo.
Isso me conforta um pouco.

- Todos estão desesperados lá no hotel. E temos o jogo na próxima semana... Provavelmente não conseguiremos jogar.

Sua frequência cardíaca aumenta ainda mais.

- Está mais preocupada com o jogo? - solto uma risada de forma consoladora - É, essa é a Sn que eu conheço.

Olho para ela e continuo:

- Seu pai provavelmente não terá forças para vir até aqui, mas Antony, Richarlison e todo resto pode chegar aqui a qualquer momento.

Ela tenta, com dificuldade fazer algum movimento.

- Quer que eu faça alguma coisa?

Merda... Não tem como saber.

Eu me deito na cama novamente e, perdido em pensamentos, durmo.

• Richarlison on •

Estamos todos em nossos quartos, sem saber o que fazer.
Vou até a garagem do hotel, e fico andando em círculos, pensando se devo ir até o hospital.
Antony aparece.

- Opa irmão, cê tá bem? - ele pergunta.
- Eu tava ficando com a Sn. - confesso.
- Pera, o quê você disse?
- Que eu tava ficando com a Sn.
- Desde quando???
- Não sei direito.

Ele me olha incrédulo e começa a chorar.
Tento me aproximar até que ele começa a falar novamente.

- Richarlison... Eu tava ficando com a Sn. Tava planejando pedir ela em casamento assim que nós ganhassemos a copa.

Pera... Quê?

Nós não brigamos nem nada, apenas tentamos entender porquê Sn fez isso.
Não tenho forças para odia-la.
Antony não tem forças para odia-la.
Apenas nos levantamos e pedimos um táxi para o hospital.
...

A filha do TiteOnde histórias criam vida. Descubra agora