"Aqui ou noutro lugar que pode ser feio ou bonito se nós estivermos juntos haverá um céu azul"
Djavan - Um amor puro
Fevereiro de 2021, Ilhas Maldivas.
Carolina já havia visitado os Lençóis Maranhenses no nordeste do seu país, havia também se aventurado pela região dos lagos no Rio de Janeiro, mais especificamente, em Búzios. E como uma boa paulista também tinha passado muitas férias no Guarujá com a sua família na infância. Eram suas definições de paraíso... Até conhecer as Ilhas Maldivas.
Se sentia como uma de suas coleções de bonecas, aquelas clássicas da Barbie Malibu que seus pais lhe deram, mesmo que sua preferência fosse passar horas debruçada em livros com milhares de letras que ainda não faziam sentido para a pequena menina. E assim como a boneca de plástico, agora aproveitava tudo que tinha direito: os óculos de sol, a prancha de surfe (mesmo sem saber usá-la) e de bônus muitas festas regadas de martini, piña-colada e gin tônica.
A magia, sobretudo, não era constituída apenas pela natureza em sua potência, no maior estado de conservação possível, onde o céu e mar se fundem na linha do horizonte. O fascínio era o destino ter a levado até lá, não sozinha, mas com o amor da sua vida, seu campeão e campeão do mundo inteirinho. Mas apenas seu Lewis.
Estava em um sonho... Daqueles que a gente luta para não acordar, daqueles que tampouco se esquece.
Já era o sétimo dia em que o casal acordava na enorme casa de praia que o inglês havia alugado para a temporada de férias. Tinha o tamanho perfeito para abrigar todos os hóspedes, sim, no plural. Além de Angela Cullen, os amigos de adolescência de Lewis também embarcaram na viagem, afinal era a época em que as férias de todos coincidiam. Carolina amava a oportunidade de conhecer aquelas pessoas que cercavam o homem, ouvir histórias sobre como ele era quando adolescente, conhecer aquele lugar longe dos holofotes e já tinha soltado boas gargalhadas às custas do mesmo quando Charles revelou a vez que Hamilton havia soltado todos os sapos que estavam presos no laboratório de biologia pois lhe irritava muito ver aqueles bichos servindo de cobaia para experimentos. Era ativista desde aquele tempo, do seu jeito é claro.
A vida naquela parte do arquipélago do Oceano Índico era pacata. Não se ouvia os barulhos típicos das grandes metrópoles e a paisagem era convidativa o tempo inteiro. Nada como a paz de deitar na areia branca como a neve e deixar os raios solares bronzear sua pele. Ali, sua bagunça mental que costumava ser da mesma proporção da bateria do Olodum, tornava-se o mais sublime silêncio.
Recém acordada, Carolina cumpriu o ritual que havia adquirido desde o primeiro dia da sua estadia. Levantava e antes de trocar de roupa, ficava minutos encarando através da porta de vidro que a separava do mar que estava a menos de trinta metros da sua suíte de casal.
— Acordou muito cedo, babe — a canhota de Hamilton alcançou a cintura da mulher e a abraçou carinhosamente, e pelo hálito quente que bateu contra o pescoço de Carol ela sabia que ele estava bebendo seu habitual café.
Não havia percebido a aproximação do namorado antes do seu toque mas seu rosto havia tomado a iluminação de sempre quando estavam juntos.
— É quase um delito estar nesse lugar e não aproveitar cada segundo — contemplou.
A cientista política girou o corpo para olhá-lo e Lewis, finalmente, entrou em seu campo de visão, bebericando o café da caneca que segurava com a mão direita cheia de anéis que reluziam. O conforto da ocasião permitia que o homem ficasse da maneira que mais se sentia bem: descamisado. Usava apenas uma calça moletom preta da Puma e, os cabelos trançados estavam sob durag para conservar o penteado. Carolina o abraçou pelos ombros, colando seus corpos.
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Still We Rise - Lewis Hamilton ✓
FanfictionQuando Carolina esbarrou seu olhar com o do heptacampeão de Fórmula 1, ela finalmente compreendeu o que bell hooks, uma reverenciada feminista negra, quis dizer ao afirmar que o amor é uma ação, nunca simplesmente um sentimento. A pergunta é: para o...