Coloquei o dedo na campainha umas cinco vezes, mas não toquei. Estou encarando a porta branca na minha frente sem muita coragem de bater, mesmo já estando aqui. Achei que teria coragem, mas pelo visto estava errada.
Me apoio no corrimão da pequena escadinha na entrada e deixo meu corpo escorregar até o chão. Sinto que tudo à minha volta vai desmoronar a qualquer momento. Vejo meu celular dentro da bolsa e resolvo usá-lo, com certeza não conseguiria apertar a campainha. Na verdade acho que não conseguiria fazer nada nesse momento.
- Diga, minha modelo. -a voz de Henry me faz sorrir e depois de muito tempo sinto meu coração acalmar.
- Henry... -respiro fundo tentando segurar um soluço.- Tem espaço para mais um na mesa de jantar por uns tempos?
- Eu sempre vou ter espaço para você. Do que precisa?
- De um abraço... -lá vamos nós chorar de novo.
- Consegue esperar até eu chegar? Tenho uns compromissos amanhã só poderei ir até você depois disso. -rio da forma tranquila que responde, age se não fosse nada demais atravessar meio mundo só para me abraçar.
Sei que está preocupado comigo, mesmo com a voz embriagada de sono. Quem não estaria, é uma hora da manhã. E aqui estou eu no meio da rua feito uma louca querendo colo do meu melhor amigo.
- Na verdade, consigo esperar até você abrir a porta.
- Onde você está? -quase grita de susto.- Não me diga que...
Ouço passos do outro lado da linha e quando o barulho de chaves aparece, levanto os olhos para encarar aquele monumento de homem. Com a minha melhor cara de neném querendo colo, simplesmente ergo meus braços para ele. Confuso analisa o que encontrou em sua porta no início da madrugada. Esfrega o rosto com uma mão enquanto encerra a ligação.
- Pelo menos está sóbria dessa vez, não vou precisar te dar banho. -tenta me animar quando me abraça depois de colocar minha mala dentro de casa de qualquer jeito.- O que aconteceu?
Não respondo, só afundo o rosto em seu pescoço, deixando seu cheiro amadeirado invadir meu nariz. Mesmo frustrado sinto seus braços me soltarem, para logo me agarrar e carregar para dentro. Larga minha bolsa junto com a mala assim que tranca a porta. Vendo que não quero falar nada, me leva para o seu quarto. Ele sabia que eu precisava de carinho nesse momento.
- Henry...-chamo querendo saber se ainda está acordado depois de longos minutos em silêncio. Agradeço aos céus quando o escuto murmurar.- Deixei ele.
- Porque? -seus dedos brincam com meu cabelo enquanto me aperto mais em seu abraço.
- Não ia conseguir viver um romance secreto para sempre.
- Beca, só um idiota não via que tinha alguma coisa roalndo entre vocês. Estranho é ele com aquele ciúmes todo não querer te assumir.
- Na verdade, eu não sei...
- Perdão?
- Não sei se ele não queria me assumir. -na mesma hora Henry para tudo e se afasta bruscamente de mim.- Que foi?
- Como assim você não sabe? Que palhaçada é essa?
- Não sabendo, nunca perguntei e ele nunca tocou no assunto comigo. Então presumi que as coisas ficariam como é com os outros rapazes.
- Eu sempre soube que eles namoravam escondido, não tinha como com quase trinta anos na cara eles não terem namorado ou namorarem. -reviro os olhos com a facilidade de Henry em perder o foco comigo, já que com outras pessoas ele não é assim.- Ok, ok! Voltando, Beca você não pode simplesmente concluir uma coisa e ir embora do nada.
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Batidas do coração
FanficEu me apaixonei no primeiro café da manhã. Acabei me perdendo em nós dois e seduzi você, Mas fui eu quem sentiu saudades primeiro. E o meu desfile foi a nossa queda. Serei para sempre a sua Lebeca.