Quando Harry Potter aparatou com seu padrinho Sirius Black, eles foram parar em frente ao lugar onde seria seu novo lar. O sobrado era feito de pedras nas cores brancas, areia avermelhada e o último andar, bem lá em cima, era cinza escuro. O sobrado era grande, cheio de janelas e parecia muito aconchegante.
A porta principal era preta e ficava entre as duas primeiras janelas, bem destacada já que as paredes dali eram brancas. No segundo andar, a parede era diferente, tinha a cor de areia avermelhada, esse foi o nome que Harry pensou e naquele andar, continha mais três janelas.
O que Harry achou mais curioso foi o telhado, ou o que deveria ser ele. Tinham mais janelas ali. Ele pensou que poderia ser o porão e automaticamente se imaginou sendo posto para dormir sozinho naquele espaço. Seria escuro? Questionou-se.
Os pensamentos de Harry foram invadidos pelo que seu padrinho havia lhe dito ao sair da casa de seus tios trouxas há minutos atrás: Você não está mais sozinho, Harry. Isso significava que Sirius não deixaria que ele fosse trancado em um lugar horrível novamente, ninguém o faria comer restos ou passar fome quando não sobrava nem mesmo as migalhas de pão.
Ele estava prestes a sorrir por sentir um alívio preencher seu peito quando a porta foi aberta e lá apareceu uma mulher alta, com vestes caras e uma postura impecável. Ela parecia uma pintura.
Sirius já tinha lhe dito que recentemente havia se casado com uma mulher que julgava ser "a mais bonita em todo o mundo, bruxos e trouxas". Só poderia ser aquela.
Draco – apenas por sua mãe – caminhou até a porta e tentou aparentar ser o mais acolhedor possível. Ao parar ao lado de sua mãe, a primeira coisa que Draco pensou foi "de onde será que esse menino saiu?". Suas roupas eram um trapo e seu cabelo... bem, ele nem conseguia pensar no que poderia ter acontecido para ficarem naquele estado deplorável.
Os olhos de Harry logo encontraram-se com os do menino de cabelos loiros platinados. Ele era parecido com a nova esposa de Sirius, mas seu rosto não era amigável como o dela.
— Harry. – Narcisa falou e Draco quase rosnou pela forma animada e feliz que sua mãe havia pronunciado o nome do outro.
Draco também notou que o recém chegado ainda o encarava e por isso fez questão de fechar ainda mais sua expressão.
Não demorou para que Narcisa, Sirius e Harry passassem pela porta trazendo apenas uma mala velha e não muito grande. Nela estava tudo que Harry tinha.
Ainda tímido, o garoto Potter queria olhar todo aquele lugar com cuidado, mas foi impedido pelas faíscas de desaprovação que Draco Malfoy lhe lançava. Por isso ele conseguia apenas encarar os próprios pés.
— Draco, porque não ajuda Harry a achar o seu novo quarto enquanto preparo um lanche para nós?! – foi Sirius quem falou e quando o menino Malfoy estava prestes a rebater dizendo qualquer coisa mal criada, sua mãe falou.
— Sim querido, vá mostrar. Vocês precisam se conhecer melhor.
As escadas ficavam logo ao lado, então Harry observou o momento em que o menino chamado Draco aproximou-se de sua mala, segurou-a pela alça e saiu caminhando em direção a escada.
— Vá Harry. – Sirius disse em um tom acolhedor. — O acompanhe.
Harry só então moveu os pés e saiu atrás do outro.
A escada era de madeira, mas ao contrário da antiga casa de Harry, ela não fazia barulho.
Draco ficou calado durante todo o percurso. Ele não queria dizer nada ao recém desabrigado, não queria parecer legal, ou até mesmo um bom anfitrião, porém, ele estava com um questionamento pairando sobre sua mente.
por que aquela bagagem parecia tão leve? Será que Sirius havia feito algum feitiço para deixá-la daquela forma?
Draco deixou a bagagem no chão assim que passaram pela porta. Harry entrou em seguida sem dizer nenhuma palavra.
Olhando ao redor, o menino Potter viu que aquilo era muito melhor do que poderia imaginar. Harry de fato tinha ficado no último andar da casa, mas era completamente diferente do que havia imaginado. O quarto tinha um cheiro bom de algo semelhante a lavanda, talvez por ter passado por uma limpeza nos últimos dias. A cama era de solteiro e a sua coberta era de cor creme, algo bem impessoal.
— Vai desfazer a mala? – disse Draco.
Harry nem estava mais lembrando da presença do outro ali, por isso arregalou os olhos, surpreso ao ouvir pela primeira vez com clareza a voz de Draco.
— Ah... sim... – respondeu Harry, mesmo com incerteza.
Draco não se moveu. Ele estava curioso para ver o que estava dentro daquela coisa que o novato chamava de bagagem.
Quando abriu a mala, Draco franziu o cenho ao observar que ali havia apenas mais algumas peças de roupa que podiam ser contadas nos dedos de apenas uma mão.
— Isso é tudo? – Draco falou por impulso.
Não que ele estivesse preocupado com a quantidade de roupas que aquela criatura tinha, mas explicava o fato de que a mala quase não pesava.
Harry piscou os olhos repetidas vezes pela pergunta repentina de Draco, mas logo questionou-se sobre uma possível piada que o outro faria. Seria típico. Ele havia ouvido várias vezes na casa de sua tia por parte de mãe que ele só servia para vestir aquelas coisas velhas e usadas, ou que parecia um espantalho com aquilo.
— Por que? – Harry questionou fechando a expressão confusa.
Draco franziu o cenho ao ver o rosto completamente sério do outro e respondeu:
— Foi só uma pergunta. Nem precisa responder, não estou interessado.
Harry abriu a boca para respondê-lo, mas Draco lhe deu as costas e saiu sem dizer mais nada.
Draco voltou para seu quarto e fez questão de bater a porta com força ao entrar. Ele queria mostrar que estava insatisfeito. Queria que sua mãe desse um jeito naquilo, que levasse o desabrigado embora e voltasse a ser tudo como era antes. Já era difícil ter se acostumado com aquele segundo casamento, agora teria que aguentar um intruso em casa.
Ele não facilitaria a vida de Harry. Nem por um momento. O trataria como um móvel sem importância da casa pelo tempo que fosse necessário.
Harry arrumou suas poucas coisas no quarto, e quando sentou na cama pensando em como seria a sua vida naquele lugar, seu padrinho deu algumas batidas divertidas na porta e entrou.
— Atrapalho? – Sirius perguntou.
— Claro que não.
— Está tudo bem por aqui? Gostou do quarto? Se preferir podemos te colocar em outro, ou comprar algumas coisas para enfeitar. De qualquer forma vamos ter que ir ao beco diagonal para comprar todo o seu material para a escola.
Sirius falou tudo de uma vez ainda de pé no meio do cômodo, em outro momento Harry iria rir da forma acelerada do seu padrinho, mas isso não aconteceu. Por isso Sirius parou e olhou para o menino com mais atenção.
— O que aconteceu, Harry? – perguntou calmamente enquanto sentava-se.
— Nada, eu só...
Harry não sabia se deveria falar sobre todas as suas dúvidas com Sirius, não queria que seu padrinho se sentisse mal por sua causa. Ele já estava fazendo muito. Harry já era muito grato.
— Você pode me falar. – Sirius disse como se pudesse ouvir os pensamentos do garoto.
Depois de alguns segundos calado, Harry disse:
— Não quero ser um incômodo.
— Você não é. Nunca será.
— Mas aquele... Draco...
— Ele também passou por muita coisa Harry. Com o tempo, vocês vão acabar se entendendo.
Será? Harry pensou.
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Paradoxo - ᴅʀᴀʀʀʏ
FanficA vida de Draco não era das piores, mas ele fazia sempre questão de reclamar. Isso não mudou quando o garoto Harry Potter foi parar em sua casa como um novo membro da família. Mesmo não se tornando grandes amigos, com o passar dos anos os dois tive...