Quartzo rosa

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Kakashi Hatake.

Novigrad, 1274.

“O cérebro do bruxo, ele está no pau.”

O bruxo está em um corredor estreito, iluminado por velas e com alguns barris atrapalhando o percurso, e até onde ele sabe, esse é o caminho que leva até o quarto do bardo que fica nos fundos da taverna. As paredes laterais estão tão próximas umas das outras que Kakashi sequer conseguia girar para enfiar a espada em alguém e essa constatação o deixa tenso, ele não confia na pessoa que está lhe acompanhando e não tem motivos para tentar mudar isso.

O anão, que ainda não ofereceu um nome para ser chamado, está no encalço de Kakashi e os seus olhos não estão nenhum pouco curiosos com o cenário sombrio. As sombras deles dançam pelas paredes e o som de ratos é um lembrete constante de que devem andar mais rápido. No ponto em que eles estão, é impossível voltar atrás; só há um jeito de entrar no corredor, através da porta no começo dele, que ainda está escancarada, e só tem uma forma de sair dele, entrando na porta reforçada com ferro que está no seu final.

Kakashi pisa em uma poça e seu caminhar para. Ele olha por cima do ombro para o anão e curva os lábios para baixo.

— Se aqui é um bordel particular, deveria ao menos ser mais limpo. Pisei em mijo.

O bruxo ergue o pé com a bota, a balança até as gotículas de urina saírem do calçado, e volta a andar com o dobro de cuidado. O anão sopra um riso, mas evita a poça amarelada quando é a sua vez de passar por ela.

— Já vi e pisei em coisas piores por aqui.

— Eu não duvido, Novigrad está na merda.

— Literalmente na merda. — Um sorriso de dentes tortos e amarelados surge nos lábios finos do anão. — O que você veio fazer aqui?

— Vim atrás do que todo homem precisa: Putas, cerveja e comida.

— Faltam as putas — o anão contesta e Kakashi sorri ladino.

— Pensei que você estivesse me levando para uma.

— Então você prefere paus?

— Buracos.

Quando o olhar do anão retorna para as costas cobertas de Kakashi, há um tipo de admiração nele. A porta já está próxima, três passos do bruxo e o dobro de passos do anão devem bastar para chegar até ela, e o homem platinado está encarando-a como se dentro dela estivesse a solução de todos os seus problemas.

O bruxo respira fundo e leva a mão até a maçaneta gelada. Ele não é um homem muito educado, educação, etiqueta e outras banalidades não cabem na vida de alguém que vive matando monstros e servindo a quem tem a melhor oferta, porém não costuma invadir quartos sem ter a clara permissão para isso.

— O bardo vai estar me esperando? — ele pergunta.

— Ele ficará entusiasmado quando te encontrar dentro do quarto.

Kakashi encara o anão e cerra o punho da mão esquerda.

— Se for uma brincadeira, eu juro que corto suas bolas e faço você engolir elas.

Há medo nos olhos do anão, mas o bruxo não se importa com isso. Ele está com o cansaço da viagem nos ombros e nos pensamentos, e vai fazer o que puder para garantir que as coisas não saiam do controle.

— Você está com medo de um bardo?

— Jamais.

— Entre no quarto ou eu irei convidar outra pessoa para ficar no seu lugar.

A Canção do Lobo | kakairuOnde histórias criam vida. Descubra agora