Distrito dos bordéis

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Kakashi Hatake.

Novigrad, 1274.

"Na canção do bardo, o bruxo era o herói e o vilão."

O distrito dos bordéis é uma parte distinta de Novigrad. Nele, as regras normais não se aplicam; mulheres não precisam estar totalmente vestidas, homens não precisam esconder as ereções no meio das pernas e ninguém precisa fingir que sexo, bebidas e apostas são coisas ruins. O cheiro de perfumes baratos, bebidas fermentadas e corpos suados está espalhado por todo canto e isso só não irrita o bruxo porque há um cheiro muito mais agradável, doce e convidativo em suas costas.

Kakashi já visitou esse lado da cidade várias vezes, ora sozinho, ora acompanhado, e ele poderia dizer quais são as melhores putas de cada bordel decente se lhe pedissem, mas ele não faz ideia de como chegar até onde Iruka quer montado em uma égua. As ruas do distrito são na maioria estreitas e irregulares, formando curvas e com inúmeros desvios entre os bordéis, tavernas e casas de apostas, e nenhum cavalo conseguiria ziguezaguear por elas decentemente.

Contudo, o bruxo grisalho não quer desmontar de Siyah, não enquanto os braços magros do bardo estão grudados em seu corpo como se ele fosse uma rocha. Eles estão se movendo lentamente, passando no meio de pessoas bêbadas que mal conseguem se manter de pé, e às vezes recebem xingamentos ou convites para se juntarem a alguma atividade suspeita e íntima.

— Aberração! — Um homem branco, alto, com o rosto vermelho e cabelos ruivos ensebados, grita. Kakashi olha na direção do homem e sorri ladino. — O Fogo Eterno vai te dar o que merece.

A menção ao fogo eterno faz Kakashi estreitar os olhos. Ele nunca teve empatia alguma pelos fanáticos dessa religião, porém tudo ficou pior desde que eles decidiram que poderiam matar feiticeiros e criaturas mágicas como se eles fossem nada.

— Vá para casa antes que eu decida trepar com sua esposa — Kakashi diz e consegue ouvir o riso abafado do bardo. — Quero ver se ela vai gemer conforme manda o fogo eterno.

O bêbado arregala os olhos cor de mel e sai andando enquanto sussurra xingamentos que os ouvidos do bruxo não conseguem deixar de ouvir.

— Está se divertindo, bardo?

— Eu gosto das suas respostas — o bardo diz em um sussurro.

Kakashi espia por cima do ombro o rosto do bardo. Não há muito o que ver, uma cortina de fios dourados cobre o rosto dele que está apoiado nas costas largas, porém é o bastante para fazer um sorriso de canto surgir em seus lábios.

— Não são brutas demais para um artista?

— Eu gosto de homens brutos.

O bruxo grisalho volta a olhar para frente e suas mãos se enrolam mais nas rédeas que estão geladas. Kakashi não está segurando as rédeas para dar um direcionamento para Siyah, ela consegue se guiar pela rua sinuosa sem nenhum problema, ele as têm firme nas mãos para não ter chance de acabar cedendo ao desejo antes de resolver as obrigações. Tudo que vem do bardo é tentador, até mesmo o jeito que o corpo menor dele balança suavemente a cada galope, e vem sendo uma luta constante continuar firme e focado enquanto o seu pau parece pronto para rasgar a calça.

— Não faça isso.

— Isso o quê?

— Não me deixe com tesão.

— Qual o problema de te deixar com tesão?

— Não penso direito.

O abraço de Karui termina, porém suas mãos não deixam de procurar o calor do corpo do bruxo. Ao invés de envolver o abdômen de Kakashi, o bardo agora segura no quadril dele com força.

A Canção do Lobo | kakairuOnde histórias criam vida. Descubra agora