Tinha ido jantar com eles naquela noite, enquanto minhas irmãs mais velhas se recusaram a comparecer e foram jantar em seus quartos. Chegava a ser tolo tal medo vindo da parte delas, já que eles vieram nos ajudar. Ajudar a salvar não só seu povo, como o meu povo.
Era estranho dizer tal coisa. Jamais achei que fosse dizer isso, por toda minha curta existência.
Chegava a ser irônico.
Feyre estava sentada do outro lado da mesa e Rhysand estava sentado a sua direita. Cassian estava ao meu lado esquerdo e Azriel estava ao meu lado direito. Era um pouco tenso para mim, ser a única humana entre feéricos, mesmo que um desses feéricos fosse uma de minhas irmãs.
Mas aquilo não me intimidou. Eu gostava da companhia deles, era bom observá-los rir com entusiasmo e vez ou outra discutir entre si. Eu os observava em silêncio, e sentia meu coração se esquentar diante do afeto genuíno entre eles.
Podia sentir as Sombras de Azriel brincarem com uma mecha de meu cabelo, me fazendo rir levemente quando percebi.
- Eu sinto muito, elas não costumam agir assim - Desculpou-se Azriel.
Contenho uma pequena risada, enquanto direcionei meu olhar ao feérico ao meu lado.
Sua beleza Clássica e o ar misterioso que ele carregava era visível. Era difícil não ficar intrigada com tal coisa, suas sombras eram geladas e provocavam cócegas, quando tocavam meu rosto de relance. Intrigante, ouso dizer.
As pedras sobre seus corpos, eram belas e brilhantes. Lembrando as safiras e os rubis que trabalhei a um tempo atrás. Lembro de quando estava criando um ornamento para a Rainha Vassa com uma destas pedras, há meses atrás. Ela tinha me encomendado um colar de prata, com uma safira arredondada e pequenos cristais o adornando. Foi uma das peças mais finas que criei e tinha orgulho de tal feito.
- Para que serve, essas pedras que você e Cassian estão usando? - Perguntei, curiosa.
Azriel ergueu as mãos com os dorsos voltados para mim, de forma que as duas joias estivessem totalmente à vista.
- São chamadas de Sifões. Reúnem e concentram nosso poder em batalha - Explicou ele. Olhei atentamente para as pedras, e depois para Azriel, pedindo uma permissão silenciosa para tocar. Azriel assentiu levemente e passei meus dedos com cuidado sobre as joias.
- Extraordinário... - Sussurrei, enquanto as observava, sem me importar com as espessas cicatrizes de suas mãos. Eu também possuía cicatrizes, não me envergonhava delas. Pelo contrário, elas eram um lembrete de minha força. De minha vontade de viver. Minha resistência.
Quando me afastei, percebi que Azriel me olhava com curiosidade. Parecia que tentava resolver um completo quebra-cabeça ou um enigma desafiador.
Rhys apoiou o garfo e esclareceu para mim.
- O poder de illyrianos mais fortes tende a ser do tipo “incinerar primeiro, fazer perguntas depois”. Possuem poucos dons mágicos além disso... o poder de matar. - Rhysand continuou - Os illyrianos cultivaram o poder a fim de que lhes desse vantagem em batalha, sim. Os Sifões filtram esse poder cru e permitem que Cassian e Azriel o transformem em algo mais sutil e variado, em escudos e armas, flechas e lanças. Imagine a diferença entre atirar um balde de tinta na parede e usar um pincel. Os Sifões permitem que a magia seja ágil, precisa no campo de batalha, ao passo que o estado natural dela se converte em algo muito mais confuso e indefinido, e potencialmente perigoso quando se luta em espaços confinados.
Imaginei quanto disso qualquer um deles já precisara fazer.
Cassian flexionou os dedos, admirando as pedras vermelhas transparentes que adornavam o dorso de suas mãos.
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Corte de Dor e Esperança - Cassian
FanfictionA mais jovem entre as irmãs da família Archeron. Leana Archeron era percebida de longe, devido à sua beleza delicada e por seu temperamento impulsivo, como também, seu talento e predisposição para o ofício em armamentos de guerra. Desde seus treze a...