A Reportagem

Capítulo 17

 Denki

-Eu 'tô com um pouquinho de medo ShinShin...

Eu não sabia o que Aizawa faria ou diria para nós depois de todo o transtorno que vinhamos causando. Tinha medo do que ele diria ao Shinso quando estivessem sozinhos, saber que o arroxeado se colocou em problemas por minha culpa doía em meu peito. Naquele momento eu me sentia um peso. Um fardo. 

-Você não tem com o que se preocupar Loirinho, eu acalmo a fera. - Ele diz, com um sorriso mais calmo do que deveria. - Eu conheço o pai que tenho e sei que ele vai entender que não temos culpa do que aconteceu. 

-Certo. Não temos culpa. Essas coisas acontecem, não é algo que eu posso controlar. - Eu digo para mim mesmo, tentando me livrar da sensação de culpa, quando sinto Hitoshi me puxar para perto e me envolver em seus braços.

-Você não sabe o quão orgulhoso eu 'tô de você agora Choquito. 

-Mas ShinShin eu não fiz nada.

-Você se ouviu falando agora? Você percebeu o que disse? - Ele diz, segurando meu queixo para manter meu olhar no dele. - Você acabou de dizer em voz alta que a culpa não é sua. - Ele sorri.

Que droga! Por que ele tinha que sorrir? 

-Isso se chama evolução. Meu Pikachu 'tá evoluindo! - Ele ri e eu rio junto, só e tão somente por perceber o quão quentinho fica meu coração a cada palavra que sai de sua boca. Então, eu o beijo mais uma vez, em frente às portas de entrada fechadas. As portas trancadas. Que se mexem, e se abrem. 

-Eu mereço... - Aizawa diz em um suspiro cansado. - Venham logo e entrem no carro, quero voltar logo para casa. 

-Sr. Aizawa, não se procupe comigo, eu volto a pé para os dormitórios. Até segunda, Shinso! - Eu me viro para sair dali o quanto antes possível, para evitar cutucar a onça com vara curta. 

-Kaminari. - Eu só quero ir embora, me deixa ir... - Entra. No carro. 

Depois desse tom bruto que o Sr. Aizawa usou, acho que se eu disser um "A" eu apanho, então apenas entro no carro, e Hitoshi me acompanha no banco de trás. Nós nos entreolhamos, sabendo exatamente o que o outro queria dizer. 

Que clima pesado do caralho.

-Pai, nós- - O mais alto tenta, mas é imediatamente cortado pelo mais velho.

-Calado. - Ele não parecia irritado, não de verdade. Ele parecia decepcionado, o que, de certa forma, parecia ser ainda pior. - Olha eu acho maravilhoso que vocês estejam apaixonados. O amor jovem é lindo, blablabla. E eu entendo que vocês estejam conhecendo a vida sexual de vocês juntos, mas por favor, mantenham isso fora dos banheiros da escola. Vocês tem literalmente dois dormitórios para usarem como quiserem. - Ele termina o sermão com um longo suspiro. 

-O-OQUE?! N-NÃO! Sr. Aizawa, não é nada disso que o senhor está pensando! Nós não estávamos- -Eu paro de falar, sem conseguir pensar em nada para nos tirar daquela situação. Olho para Shinsou que está com os olhos arregalados e a testa franzida. 

-Pai, nós realmente não estávamos. O Denki estava com probemas e eu fui ajuda-lo, só isso. 

-Sei bem que problemas ele estava tendo. - Ele parecia estar se irritando com as tentativas falhas de convencê-lo de que aquilo não aconteceu. - Está tudo bem. Eu só espero que vocês sejam mais responsáveis quando se trata de- 

-Eu tive uma crise de pânico. - Eu o corto. Provávelmente uma péssima ideia, mas eu precisava fazer alguma coisa, e sabia que Hitoshi não diria exatamente o que houve. - Eu tive uma crise que trouxe memórias ruins, que se tornou um caso de aluscinações. Acontece às vezes, mas dessa vez o Shinso me ajudou a passar por isso. E eu sinto muito por todo esse transtorno.