CAPÍTULO TRINTA (parte 2)

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SOFIA

Téo pediu pizzas com muito cheddar e isso só me fez ficar ainda mais apaixonada por ele.

Agora, se ele estava mais apaixonado por mim... era outra história.

Porque eu tinha completa noção de que a bebedeira com as meninas não me fez bem. Eu estava sentindo demais, falando demais e tive que lavar o meu rosto pelo menos três vezes para ficar com uma aparência aceitável, após todo o chororô. Foi como se os drinks de Mel tivessem ampliado todas as minhas características já exageradas, e eu tivesse me tornado um grande bebezão.

Sem chance Téo estava mais apaixonado.

Mesmo assim, ele atendeu ao meu pedido e não me largou para ir atrás dos garotos do colégio. Concordou que porradaria não seria a melhor decisão, considerando que aqueles babacas poderiam denunciá-lo para os papais ou a polícia. E Téo não precisava desse tipo de problema quando estávamos na reta final do Ensino Médio.

Não que ele estivesse feliz por ter concordado comigo, claro. Enquanto todos da banda e as namoradas comiam pizza esparramados no sofá e tapete, conversando e até dando risada, Téo estava bastante quieto na poltrona. Não quis comer nem aumentava conversa com quem lhe dissesse algo. Diferente de Ana Lu, que extravasava metendo a boca nos moleques, ele guardava o ódio que sentia para si. Olhando para todo o grupo de longe, enquanto eu pegava mais água, isso era perceptível.

― Sabe, já é uma evolução ele ter ficado na dele... ― Ao meu lado, Biz também se encostou na bancada que separava a mini cozinha daquela enorme sala. Abriu uma garrafa de cerveja, mas não a tomou antes de dizer: ― O puto que eu conheci não engolia desaforo nem se a mãe de Cristo se materializasse pedindo pra ele.

Desviei os olhos de Téo e encarei a descontração que ocupava o rosto de Biz. Ele com certeza era o tipo de que precisavam de muito para tirarem do sério.

― Ele já se envolveu em muita briga no Tribos? ― perguntei após beber longos goles de água. Estava na esperança de que ela faria o resto da bebedeira passar, a pizza já tinha ajudado um pouco.

― O suficiente ― Biz respondeu no seu tom de voz afetuoso. ― Ele parte pra briga só quando sabe que tem razão... E na maioria das vezes é o que ele tem.

― E você ajuda?

― Quando eu posso...

― É difícil pra quem não mata nem barata, né?

Biz fez uma caretinha engraçada quando lembrei o que Paola disse horas antes, quando os meninos queriam ir atrás de briga. Dei risada, e ele me seguiu.

― A Paola sabe ser malvada... Mas ela também queria acalmar a situação.

Assenti e, com um suspiro, olhei novamente para Téo.

Agora ele conversava com Pedro, uma conversa apenas entre os dois, mesmo que não parecesse descontraído como o amigo. Seu maxilar ainda estava tenso, de maneira que eu podia ver a exata posição do osso da mandíbula.

Isso fez algumas memórias virem à tona, aquelas do fim da excursão, quando vi a mesma tensão ocupar o seu rosto por causa de Henrique.

Téo engoliu desaforo, mas chegou ao seu limite na última noite. Deu sorte que a punição foi apenas uma suspensão do colégio, que os pais de Henrique nada quiseram fazer contra ele...

Não quero que você tenha mais problemas com isso.

Já bastava que eu mesma estivesse criando um, ao omitir algo importante de Téo: a bailarina.

Sua loucura (Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora