Minha escola era tão comum como tantas outras, era cheia de adolescentes que, em sua maioria, não sabiam nem o que queriam da vida, eram pessoas como Alex. Contudo, havia exceções, Blenda era uma delas, ela era diferente de todas as outras garotas. As adolescentes, da Escola Estadual Castelo Branco, costumavam ser afrontosas, exibidas, desprezíveis, metidas e arrogantes; elas usavam e abusavam da maquiagem, algumas me tiravam boas risadas, já que me lembravam os palhaços dos circos que viam para a cidade uma vez ao ano. Havia também outro perfil de jovens, esse era composto pelas futuras putas, que dentro de um ano e meio, sairiam do "anonimato" para garantir território nas ruas da cidade durante a madrugada e nos bordéis. As rapidinhas, pagas com 10 ou 20 reais, no banheiro masculino, não chegariam aos pés do que estava por vir. Como atuantes na área "do sexo para homens e, quem sabe, mulheres", elas ganhariam da mesma forma que um trabalhador comum ou superior a eles, visto que existem muitas pessoas por aí com certos, "desejos", que seus parceiros não conseguiam realizar, ou mesmo, que eles nem precisavam saber. Nessa cidade, o que não falta são pessoas com segredos.
O grupo dos nerds era o que, na visão de muitos, eu me encaixaria melhor, mas a verdade é que eu não queria ser encaixado, eles discutiam coisas que para mim eram irrelevantes, eu estava a frente deles. Blenda era a que mais se destacava entre todos e a única que abordava alguns temas que eram interessantes, ela não tinha as características de uma nerd tradicional, não usava óculos fundo de garrafa, e sim, um aceitável que combinava perfeitamente com o formato de seu rosto, não usava aparelho e nem usava as roupas que as senhoras idosas e as irmãs da igreja tem o hábito de vestir. Suas vestes variavam entre formais e um esportivo estiloso, hoje ela está vestindo um vestido amarelo com estampa floral, mangas curtas bufantes com caimento reto. O decote era redondo com dois botões e um pequeno vazado. Ela estava linda, quando ela passou por mim, um leve sorriso surgiu em meus lábios, ela estava olhando para uma folha de papel, mas logo retornou.
- Oi - disse ela me olhando nos olhos - você é o Adam Silver?
Por alguns segundos eu fiquei calado, apenas olhando para os olhos dela, voltei a raciocinar quando vi suas mãos se agitaram diante de mim.
- Sou, por quê? - respondi ainda encarando seu olhar.
- Bom, nós dois faremos dupla no trabalho de biologia, - ela olhava para o papel enquanto falava - a professora fez a seleção ontem, na aula que você faltou.
- Tá. - foi o que eu consegui responder, ela me deixava desconcertado.
Aqueles olhos profundos e misteriosos, me faziam desejar saber mais sobre ela.
- Vejo você à tarde? - indagou com ar de dúvida.
- Tá.
- Na minha casa, às 16h, não se atrase... - ela fez uma pausa, parecia estar pensando se deveria continuar a frase ou não - detesto atrasos. - concluiu.
- Tá.
Ela saiu. Enquanto andava abria a bolsa para guardar o papel que segurava durante todo o nosso diálogo. Fiquei parado vendo-a caminhar pelo corredor, quando ela sumiu do meu campo de visão, segui para o lado oposto e assim que dei dois passos para frente lembrei do "problema" que estava no armário do meu quarto. Seu idiota! Como concordou em vê-la hoje?! - pensei. Como eu estaria em dois lugares ao mesmo tempo?
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Receptáculos: A primeira coleção
TerrorSINOPSE Aos dezesseis anos, Adam Silver, comete seu primeiro assassinato. Sozinho em casa e com um corpo na sua sala de estar, ele se vê obrigado a resolver aquela "bagunça". Artistas como AC/DC, Iron Maiden, Ramones e outros; seriam as principais...