Vortex - Na Mente de Um Psicopata

(Re)caída

Capítulo 2 - (Re)caída

"Somos programados pra cair

- Amianto, Supercombo"

ESTE CAPÍTULO APRESENTA TEMAS FORTES, PROSSIGA A LEITURA COM CUIDADO

O clube Vortex é definitivamente meu alvo principal para tentar entender o que está acontecendo neste lugar. Não sei ao certo quem é do clube, a única certeza que tenho é que aquele garoto que implicou com a Jennifer, e as duas garotas que estavam com ele, são do clube. Mas mesmo que eu consiga saber quem é do clube, não faz sentido investigar cada um deles, seria muito óbvio o "Vortex" que me mandou a carta, ser de fato alguém do clube. Provavelmente é só um pseudônimo, ou uma marca registrada.

- Sabe me responder, Maria Luiza? - Adam para em frente de minha carteira. Eu deveria estar prestando atenção na aula, em vez de ficar pensando na pessoa anônima da carta.

- Joseph Nicéphore Niepce, em 9 de maio de 1816 - Responde a garota de cabelos lisos ao lado de Keren, e é perceptível que seu sorriso é forçado, com toda certeza quer mostrar um pingo de simpatia, para compensar que sua cara normal não é uma das mais agradáveis.

Ao julgar pela resposta, presumo que o professor Adam perguntou sobre a primeira fotografia, é um questionamento que até crianças saberiam responder. E mostrar que eu não sabia de imediato, pode fazer o Adam não querer prestar atenção em mim, e em certos pontos isso é bom: posso pensar sem nenhum tipo de pressão a respeito do 'Vortex', mas em outros pontos...Eu quero a atenção de Adam. E não digo isso só pelo fato de ele ser bonito, ele é um homem com um histórico e contatos muito bons, seria ótimo ter ele como um amigo e não apenas ser a aluna dele que não presta atenção nas aulas.

- Me desculpa, eu ainda não me acostumei com o fuso horário, estou com um pouco de sono - Resolvi mentir, deixar sem resposta seria mais ignorante, e eu quero que ele saiba que estou presente nas aulas, e que agora terá toda minha atenção.

- Sem problemas, sei como é, estou viajando o tempo inteiro - Adam passa por trás de minha cadeira e anda para frente, com a intenção de ir até o quadro branco, mas Jennifer acaba segurando sua camisa social, atraindo a atenção dele.

O jeito que ele olha para ela...Pode ser que seja alguma idéia maluca da minha cabeça, mas ele olha com carinho e bondade. Pode ser que seja pena, pode ser que ele tenha visto o vídeo. O que será que ele pensou? Como será que é dar aula para uma aluna após ver o vídeo? Será que alguém já sentiu prazer vendo o jeito que ela estava sendo tratada?
Adam coloca não no ombro dela.
Será que ele já sentiu prazer vendo o vídeo?
Percebo que meus ouvidos estão sufocados por essas paranóias, e quando volto a prestar atenção ao redor, tento entender o que Jennifer diz.
Após cochichar com o professor, a garota se levanta e se retira da sala. Ninguém fala alguma coisa durante um bom tempo, deixando só Adam conduzir a aula por meio de sua voz.
Quando percebo que já passaram vinte minutos que Jennifer saiu, minha curiosidade fala mais alto e acabo saindo da sala também.
Os corredores estão vazios, presumo então que ela deve estar nos dormitórios. Tenho de atravessar o campus para isso, e é um caminho grande, mas para minha sorte, um pouco a frente do prédio, Jennifer está sentada em um banco de pedra, olhando fixamente para frente.
Quando cheguei hoje de manhã, estava com uma neblina bem baixa, mas esqueço o fato de que aqui é a Califórnia, são onze da manhã e o sol já está escaldante.
Jennifer percebe a minha presença e se vira para trás, me olhou por um momento e se voltou para frente, não teve nenhuma reação a não ser sua feição triste como sempre. Está óbvio que ela quer ficar sozinha, e me sinto mal por ter essa idéia de seguir ela. Me viro para a entrada do prédio e escuto ela dizer alto, mas com um tremor de gaguejo em sua fala: