Casa noturna| cap 02°

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***: menina novaaa—o cara grita alguns quatro segundos depois de entrar e logo após os dois homens que me trouxeram para cá entram com uma outra garota.

Ela xingava e esperneava sem parar até que eles a jogam de qualquer jeito no chão.

Guadalupe: que tipo de brincadeira é essa ?—eu pergunto entre dentes. Eu não queria acreditar que eu havia sido de fato traficada.

No meu bairro era muito comum ouvirmos histórias de meninas sumindo nas redondezas,porém a gente nunca imagina que um dia vá acontecer com a gente e,de verdade,eu me recuso a acreditar que eu vim parar aqui.

Todo mundo ficou em silêncio,as meninas olhando de mim para os caras com expressão de "vai dar ruim" e eles me encarando sem expressão alguma. Até que eles começam a rir entre sí,apenas os três caras ,enquanto as meninas ainda continuam com exterioridade de espanto.
***: isso aqui está com cara de que é brincadeira? —o grandão de pele quase transparente fala—As novatas sempre são as mais patéticas—ele completa fazendo com que os outros dois homens de terno também caçoe de mim.
Carmen: não se desespere, será pior para você —ela sussurra somente para que eu escutasse.
***: o quê é isso ?um prostíbulo?—a gorota que eles acabara de jogar aqui dentro pergunta entre dentes e com olhos cheio de lágrimas. Ela estava enfurecida.—Vocês me enganaram seus infelizes?— não posso julgá-la por todo esse escândalo. Eu partilho do mesmo enleio e revolta que ela —Eu tenho família seus porcos imundos —ela começa a chorar desesperada e eu tenho vontade de chorar também—Me deixem sair daqui—diz agora em tom mais grave e o olhar do cara transparente me fez temer por ela. Então ele anda até ela devagar e algumas das meninas viram de costas,outras fazem qualquer outra coisa para não olhar,como se já sabendo o que ele faria.
***: você não tem optações aqui,nenhuma de vocês tem, entendeu mulher?—ele pergunta em tom comedido. Mas a garota é afrontosa,ela levanta depressa.
***: você não pode me obrigar a ficar aqui.—ela quase grita na cara dele e rapidamente o barulho do tapa sooa alto por todo o quarto.
O homem lhe acertara um tapa escasso na face esquerda.
O som de susto saiu pela a minha boca sem que eu conseguisse ao menos processa-lo antes.
***: você aqui como todas as outras não passa de uma prostituta. Pra te batizar como tal sua putinha afrontosa...—ele diz enquanto começa a tirar o sinto das calças,ele suava e respirava ofegante,meu estômago revirava,eu estava com ânsia. O que ele vai fazer?

Carmen: não faça isso Chinchurreta,logo ela vai aprender. Ela ainda é nova— pede e dentre as meninas era visível que ela tinha mais voz,talvez mais coragem. Ela quem parecia ter jugo para com as meninas. Além de parecer ser a mais velha.
Chinchurreta: ...Coloque na boca—ele manda colocando o membro para fora e a obrigando a por na boca, ignorando ao pedido de Carmen. No tempo em que a menina balançava a cabeça em negativo,em choque. Porém ele colocou mesmo assim. Depois que aquela cena passou eu vomitei horrores quando eles saíram.
Carmen: eu sinto muito por isso — diz ajudando a moça que estava no chão chorando ,no tempo em que olhando para mim. 
Tinham em torno de treze meninas, quatorze comigo.
***: levante e limpe isso — a outra que quando cheguei me mostrou insensibilidade, mandou apontando para o canto ,onde havia um balde,panos de chão e uma pia com torneira. Eu lancei o meu melhor olhar de objeção para ela. Imagino que ela foi um dia uma menina nova aqui também,deveria ser menos desapiedada.

Entanto eu levanto e vou até a pia, encho o balde com água, molho o pano e coloco alguns produtos de limpeza para desinfetar também o cheiro. O silêncio reina,a menina continua chorando e eu já não aguentava mais,preciso que falem algo.
Guadalupe: ok—digo olhando a todas — Eu já entendi que fomos traficadas. —digo e engulo em seco,me causa uma sensação horrível pensar nisso,vontade de me desesperar,porém ,não vou fazer isso.—Mas podem por favor me dizer que há um jeito de fugir daqui?— quase suplico. A menina que o Chinchurreta havia assediado me olha depressa e depois para as meninas,assim como eu querendo saber da resposta.
***: que boba—diz e um som de chacota saí pela a garganta dela,no tempo em que a mesma balança a cabeça negativamente.— Você acha mesmo que se houvesse um jeito ainda estaríamos aqui ?—eu já não gosto nem um pouco dela,assim como eu odeio a porra desse lugar.
A Carmen lança um olhar reprovador pra ela e depois me joga um de acolhimento.
Carmen: eu sei que é difícil para vocês,foi para nós também. Cada uma aqui tem uma história diferente que creio que não se importam de contar. —ela queria que cada uma contasse a sua experiência,para que nós novatas entendessemos que não somente a gente passou por algo terrível ou sei lá,para pararmos aqui,todas aqui também passaram. Mas no momento não era compartilhar desgraça que eu queria — A primeira noite será a pior,vocês vão chorar durante a noite inteira. Porém nada se compara ao primeiro programa,a primeira boate,ao primeiro cliente...—ela diz pesarosa e a menina chora com mais força. — Então meninas,eu preciso saber... Vocês ainda são virgens?— eu tenho vinte anos e perdi no auge dos meus dezessete,então não! e imagino que ninguém mais seja. A novata olha para a gente meio desconcertada,ela tentava parar com o choro,mas ainda soluçava.
***: eu ainda sou!—algumas meninas a olham com pena ,assim como eu.
Carmen: você vale mais para eles.—eu balanço a cabeça negativamente ,pensando no quão absurdo e revoltante tudo isso é.
Guadalupe: alguma de vocês já tentou fugir?—eu só consigo pensar nisso.
***: óbvio! algumas morreram por tentar. Éramos vinte fora vocês duas.—uma outra agora diz,ela estava mais no canto,meio escondida,tinha a pele negra e cabelos pretos escorridos,parecia uma índia. — Três eles mataram por tentar fugir. Uma das, eles fizeram questão que nós vissemos para que não tentássemos também.—meu Deus que horror.—Duas se mataram,uma conseguiu fugir mas nenhuma de nós sabemos se ainda está viva. E duas eles venderam.
Guadalupe: venderam?
***: sim ! as vezes alguns traficantes chefes de máfia acabam comprando para nos fazer mulher deles. —a moça que parecia da Índia falou,outra vez.
***: as vezes pode ser o melhor caminho ,se você der sorte eles serão maridos bons. — uma outra que ainda não tinha falado disse amarrando o cabelo,sorrindo para mim sem mostrar os dentes.
Carmen: essa aqui é Anninka—ela começa a nos apresentar as meninas. Essa era bem bonita,parecia ter a minha idade e é muito calada. Ela estava no canto,encolhida,parecia estar o tempo todo com medo.—Ela está conosco a cinco meses e é Polonesa,tem dezenove anos. Anninka ainda não conseguiu se acostumar com tudo isso.—diz e eu observo aquela menina pequena ,encolhida e visivelmente traumatizada.—Essa aqui.—ela apontou pra mulher que me tratou mal e foi super indelicada.—É Adina, Canadense e ela foi a terceira a chegar aqui,tem vinte e quatro anos. Eu fui a primeira e outras duas vinheram depois,foi as que morreram tentando fugir.—o olhar dela mudou nesse estante,havia mágoa e muita tristeza.

Ela apresentou todas as meninas. A que parecia índia e que havia falado comigo se chama Aruna, veio da Índia e tem vinte e dois anos. As outras seis não falam muito, são todas muito caladas e  e inseguras,seria difícil eu decorar o nome delas. Mas todas tem entre dezenove e vinte e cinco anos. A menina nova chama Sara e ela é colombiana,tem vinte anos. E a Carmen é Venezuelana,a mais velha e respeitada aqui,ela tem vinte e nove anos.

Todas contaram como vinheram parar aqui,a maioria foram enganadas,trazidas para trabalhar e quando chegaram aqui não era nada como esperado. Eu e Sara fomos sequestradas, chegamos aqui quase juntas e eu sentia pena dela,de mim e de todas as outras.

Alguns minutos se passaram e eu já não fazia a mínima idéia de que horas eram,até que um homem entra ,nos trazendo uma bandeja de comida,logo após outro homem também vem com outra bandeja. Eles deixam a bandeja no chão e chamam a Carmen e a Adina,elas vão e eu fico me perguntando porque chamaram elas. Ao que parece elas têm mais créditos com esses homens do que a restante de nós.

Alguns segundos se passam e elas retornam,a Carmen com uma cara não muito boa, pesarosa,a Adina estava com a cara de sempre,ela não parece alguém do bem. E então os homens chamam a mim e a Sara,a gente se entre olha e depois eu desvio o meu olhar para a Carmen,e ela parecia não ter coragem de olhar a mim e a Sara no rosto. Mas a Adina me olhou,não estava com uma cara feliz ,porém não tinha expressão diferente,algo que eu podesse ler.
Fomos! Eu estava com medo. E então eles nos leva por um corredor estranho ,escuro e estreito. Entrando em uma sala,havia uma mulher e muita roupa jogada pelo o chão, deduzi que ela fosse costureira.
***: Olá meninas,que lindas que vocês são—ela nos analisa com um sorriso de orelha a orelha. Ela mais parecia uma hiena manipuladora.— Vocês irão fazer um sucesso absurdo aqui.—ela vem até nós e anda ao nosso rredor,nos analisando.—Se vocês forem espertas e souberem usar isso ao seu favor, serão respeitadas. Só o que vocês precisam é serem boas garotas!—eu sentia vontade de voar no pescoço dela. —Eu me chamo Tirra,e eu fico responsável pelas as roupas de vocês.—ela sorri amarelo.— Não se preocupem,vou fazer algo lindo para a primeira vez de vocês em uma casa noturna, irão ser inesquecíveis—ela sorria animada e eu sentia ânsia.
Sara: casa...Casa noturna?—ela gagueja.
Tirra: sim. —a Tirra olha para ela —Não se preocupe, você vai se acostumar depois que começar a ganhar dinheiro. Dinheiro vicia minhas jovens. —fala sem parar de sorrir —Ah,vinte por cento do que vocês ganham vem para mim,e cinquenta por cento é para Alejandro,nosso chefe se ainda não conhecem.— eu olho para ela e depois para a Sara, completamente estomagada com o fato de só nos sobrar trinta por cento,dinheiro esse que provavelmente usamos para alguma coisa aqui dentro mesmo,já que não podemos sair. Não é atoa que muitas se mataram.

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